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Agronegócio de exportação está indo bem, mas há problemas em outras áreas, diz presidente da Cargill no Brasil

O agronegócio brasileiro voltado à exportação “está indo muito bem” e os embarques de soja, carro-chefe do setor no país, estão acima do que se esperava desde março, afirmou o presidente da Cargill no Brasil, Paulo Sousa, na Live do Valor desta quarta-feira. O executivo lembrou, porém, que isso não significa que o setor como um todo está imune à pandemia da covid-19. Há problemas em outras cadeias produtivas, sobretudo nas que são voltadas ao mercado doméstico.

Segundo Sousa, o ritmo acelerado dos embarques de soja tem sido alavancado pela competitividade oferecida pela desvalorização do real ante o dólar e pela “vontade do produtor brasileiro em vender a valores recordes em real”. Ao mesmo tempo, a China, principal cliente da soja brasileira, que responde por mais de 70% dos embarques do país, procurou reforçar seus estoques, que estavam baixos. “Teve um alinhamento de planetas que foi muito positivo”.

Segundo o executivo, é esperada uma queda das exportações de soja no segundo semestre, com a entrada da safra americana no mercado a partir de setembro e outubro. “É esperado que a curva, em nível altíssimo, venha a cair um pouco”, disse. Sousa observou que a China já está aumentando suas compras do grão dos EUA, onde a colheita desta safra 2020/21 terá início em agosto. Em janeiro, Washington e Pequim assinaram a primeira fase de um acordo comercial que tende a levar os chineses a novamente ampliarem as compras de produtos agrícolas americanos.

Nesse contexto, o executivo afirmou que não teme que o Brasil, que no mercado de soja foi beneficiado pela guerra comercial entre EUA e China, deflagrada em 2008, seja prejudicado se a relação entre as potências voltar ao normal. Segundo ele, não haverá problemas de volume de vendas, embora os preços possam sofrer “ajustes”.

Sousa observou, porém, que as boas relações comerciais entre Brasil e China têm que ser preservadas. “É muito preocupante ver oficiais do governo brasileiro insultando nosso maior cliente, nem muito inteligente”, disse ele em referência à China. O presidente da Cargill no Brasil disse não ver, “hoje”, risco de que declarações de membros do governo prejudiquem as exportações brasileiras, mas afirmou que isso gera cautela no setor de grãos e carnes, já que “ninguém gosta de levar insulto pra casa”.

Sousa afirmou que agressões podem levar clientes a buscar outros fornecedores e lembrou que a cadeia produtiva de soja do Brasil ganhou impulso na década de 1970 justamente quando o Japão viu no país uma alternativa ao suprimento americano, que em 1973 decidiu limitar suas exportações. “Temos o papel de fornecer nossos produtos, independentemente de religião, cor, raça, credo ou preferência política do país”, afirmou.

Para ele, mais preocupante do que a China são as questões ambientais no Brasil, principalmente envolvendo a Amazônia. Por causa do crescimento do desmatamento no ano passado, diversos países, sobretudo europeus, voltaram a elevar o tom das críticas sobre a questão ambiental no Brasil e a ameaça de barreiras a produtos brasileiros por causa disso novamente aumentou. Para Sousa, parte do problema pode ser evitado com a efetiva implementação das regras previstas no Código Florestal, e lembrou que as associadas da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Cargill entre elas, continua respeitando o que foi acordado na moratória da soja, que não permite a compra de soja de áreas desmatadas na Amazônia a partir de 2008. “Sabemos que não é um protocolo que funciona 100%” por causa da chance de triangulação, segundo ele, “difícil de pegar”.

Enquanto as exportações brasileiras de soja tendem a perder fôlego, as de milho começarão a ganhar força com a entrada no mercado da colheita da segunda safra. As perspectivas também são boas nessa frente. Conforme Paulo Sousa, a safrinha virá com um bom volume e o excedente exportável também será expressivo. Como o grão está com preços elevados no mercado doméstico, o executivo lembrou que a entrada da colheita no mercado deverá motivar uma queda que pode ser interessante para os frigoríficos de aves e suínos do país, que precisam de milho para as rações.

Embora o mercado doméstico esteja mais fraco, especialmente no segmento de food service, muito prejudicado pelas medidas de isolamento para o enfrentamento da pandemia, ele observou que as exportações de carnes estão fortes.

Fonte: Valor

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