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Bolsa termina o ano em alta de 3,18%; veja o balanço do mercado em 2020

Em um dos anos mais turbulentos da história do mercado financeiro, a bolsa de valores brasileira, a B3, terminou o ano em alta de 3,18% em 2020. A pontuação no último pregão do ano foi de 119.017.

A pandemia do novo coronavírus moldou o curso da bolsa ao longo do ano ao provocar uma queda vertiginosa do índice Ibovespa. Em apenas 26 dias, a bolsa registrou seis circuit breakers (paralisação dos negócios por quedas bruscas das ações), e chegou a ter 45% de perda no acumulado do ano em seu pior momento de 2020.

A recuperação aconteceu aos poucos, zerando as perdas no dia 15 de dezembro. Foram 267 dias desde o fim das quedas até a retomada da pontuação positiva. O desenho final do gráfico lembra o “swoosh”, símbolo da marca Nike.

Variação do Ibovespa em 2020 — Foto: G1
Variação do Ibovespa em 2020 — Foto: G1

Para analistas consultados pelo G1, a história da bolsa em 2020 deve ser contada em três momentos: a euforia inicial, a queda e a retomada.

O sonho dos 120 mil pontos

O otimismo era o sentimento preponderante entre os analistas no início do ano. Em novembro de 2019, havia sido promulgada a reforma da Previdência. Na visão do mercado, era o primeiro e mais difícil passo de uma série de reformas estruturantes que colocariam a economia brasileira em patamar mais competitivo, caso da Tributária e da Administrativa.

Apesar de um crescimento modesto naquele ano — o PIB teve alta de 1,4% em 2019 —, trazia algum alívio o fato de a inflação ter se mantido sob controle. A taxa básica de juros, a Selic, também em níveis baixíssimos, empurrava investidores para ativos de mais risco.

A bolsa fechou o ano de 2019 com alta de 31,58%, maior variação anual desde 2016. O primeiro pregão de 2020 renovou o recorde de pontuação da época, a 118.573 pontos.

O clima geral era de expectativa de que o Ibovespa batesse recorde atrás de recorde. Falava-se que o índice caminhava rumo aos 120 mil pontos, marca inédita na bolsa. Mas, logo em fevereiro, as perspectivas começaram a mudar.

“As famílias e empresas passaram por um processo de redução do endividamento depois da crise de 2015 e 2016. Em 2019, fechamos o ano com uma melhora da demanda doméstica, mas a pandemia foi uma parada brusca desse processo”, afirma Pedro Sales, gestor da estratégia de ações Brasil da Verde Asset.

Paralisia e queda

A queda livre que se seguiu ao primeiro impacto da pandemia foi resultado não só de uma retração da demanda, mas de um duplo choque. O isolamento social, necessário para conter a dissipação do coronavírus, afetou também a oferta, pois linhas de produção foram obrigadas a parar os trabalhos.

A situação caótica iniciou uma corrida para ativos seguros. A aversão a risco foi intensa como nunca porque não havia visibilidade dos efeitos do coronavírus na economia global.

Os seis circuit breakers do ano aconteceram em um intervalo de apenas oito pregões. Se pouco antes se sonhava com os 120 mil pontos, o Ibovespa bateu 63.569 pontos no fechamento de 23 de março.

“Foi um tsunami. No começo, não se tinha conhecimento da doença, do quanto poderia atingir as economias. Só quando chegou à Europa que se viu a realidade”, diz Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora.

Dois fatores, então, começaram a reverter a curva que caía: houve alguma clareza dos limites do impacto da pandemia no ambiente econômico — em especial com a retomada de demanda da China, que retomava lentamente as atividades — e o grande desconto no preço dos ativos.

Conforme ficou claro que a pandemia poderia ser amenizada, analistas passaram a entender que os fundamentos de longo prazo de determinados setores poderiam se manter mesmo com a pandemia. Como os preços haviam sido arrastados para baixo, era a hora de voltar a comprar.

A retomada

A dinâmica da crise do coronavírus mudou o padrão de consumo da população. Com a população circulando menos, foram beneficiadas empresas que produzem bens essenciais ou que estavam bem posicionadas em operações digitais.

Como mostrou o G1, a retomada da economia como um todo foi desigual. A indústria e comércio conseguiram repor as perdas, mas o setor de serviços, que tem maior peso no PIB e é o maior gerador de empregos, teve uma retomada arrastada.

Empresas de tecnologia foram os grandes destaques nas bolsas estrangeiras. Sem grandes players neste perfil, a bolsa brasileira voltou a subir ao ser beneficiada por varejistas e empresas exportadoras. Companhia Siderúrgica Nacional, Weg e Magazine Luiza subiram mais de 100% mesmo em um ano de pandemia.

Foram mal, em geral, as companhias aéreas, empresas de turismo e de shoppings centers — todas dependentes de uma normalização da circulação de clientes que até hoje não veio.

Outro ponto importante foi o retorno do capital estrangeiro para a bolsa brasileira. Para os investidores, as eleições americanas trouxeram resultados tranquilos para o mercado, o que dá alguma liberdade para voltar aos ativos de risco de mercados emergentes.

São dois pontos que agradaram Wall Street. O democrata Joe Biden saiu vencedor com boa margem sobre o republicano Donald Trump, o que enfraqueceu a possibilidade de virada de jogo na Justiça. No Congresso, o equilíbrio entre os partidos diminui a chance de mudanças bruscas nas regras empresariais, o que significa mais previsibilidade.

Com os recursos de volta, o Ibovespa teve alta de 15,9% em novembro, melhor resultado para o mês desde 1999, quando a valorização foi de 17,7%. Foi também o maior impulso mensal desde março de 2016, quando a bolsa subiu 16,9%.

Dezembro também teve bons resultados. O mês fechou em alta de 9,61%.

Futuro da bolsa

A recuperação veloz da bolsa e a nova disposição de investidores a olhar para o Brasil são motivo de ânimo para os analistas consultados pelo G1, mas nada supera a perspectiva de vacinação em massa que pode encerrar a pandemia do novo coronavírus.

A normalização do ambiente econômico com a imunização, além de dar fôlego às empresas, deve amenizar o desemprego, reaquecer investimentos e dar algum sossego para o planejamento do futuro.

Os olhos se voltam, então, para os problemas antigos. O déficit público e o endividamento em relação ao PIB, que já eram questões preocupantes, saem da crise do coronavírus em situação bem mais frágil. O déficit previsto para o ano que vem é de R$ 247,1 bilhões. A dívida começa o ano acima dos 90% do PIB.

A projeção de desemprego nas principais consultorias econômicas segue acima de dois dígitos ao longo de todo o ano. A inflação, que fecha 2020 acima dos 4%, voltou a ser discutida se será um problema em 2021.

“Não considero que o Brasil esteja à beira do colapso, mas as reformas estruturantes que não estávamos enxergando acontecer no início de 2020 continuam sem acontecer”, afirma Fernando Fanchin, gestor de portfólio da MOS Capital.

“Não estamos vendo grandes razões para ficar otimista com retomada de crescimento e novo ciclo de expansão no país”, prossegue.

Ainda que o crescimento econômico em 2021 se confirme, de fato, como tímido, os analistas concordam que a bolsa continua sendo opção de investimento para quem busca maior rendimento.

Por mais que a previsão seja de um aumento sensível dos juros ao longo do ano que vem, a chamada taxa livre de risco, o CDI, deve continuar bastante reduzida para o padrão dos últimos anos. A renda fixa, portanto, continua com ganhos reais reduzidos — ou mesmo negativos a depender da inflação.

Em cenários de juros baixos e busca por rentabilidade, o número de investidores pessoas físicas na bolsa explodiu. Ao fim de 2019, eram 1,68 milhão de CPFs ativos, segundo a B3. Até novembro de 2020, o número havia pulado para 3,17 milhões.

“Uma das questões mais positivas que aconteceram durante a crise foi a resiliência do investidor pessoa física ao não resgatar seus investimentos no pior momento”, diz Pedro Sales, gestor da Verde Asset.

“É verdade que a recuperação foi rápida, mas também tem relação com maior conhecimento sobre o ambiente de bolsa de valores. E isso é muito importante”, afirma o analista.

Pelo lado das empresas, essa entrada de investidores (e sua permanência) é positiva para que fiquem mais seguras a captar dinheiro por meio do mercado de capitais. Neste ano, foram 28 ofertas públicas de ações (IPOs) na B3, maior número desde 2007. O maior deles foi da Rede D’Or, que captou R$ 11,4 bilhões para a empresa.

Ainda que a evolução de títulos de dívida e de IPOs tenham sido significativos nos últimos dois anos, ainda há muito espaço para atingir níveis de países mais desenvolvidos.

Fonte: G1

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