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Bye, bye, Brasil: investidor tira US$ 1,5 bilhão por mês do país

O brasileiro fez mais investimentos no exterior nos últimos cinco anos do que em 515 anos de história. O estoque de recursos fora do país está atualmente em torno de US$ 45 bilhões, ante US$ 25 bilhões em 2015. Os anos da reeleição de Dilma Roussef (PT) e do impeachment foram os primeiros saltos depois de séculos de paralisação em torno de US$ 15 bilhões.

Os cálculos são de Marcelo Giufrida, da Garde Asset Management, que tem R$ 4,5 bilhões sob gestão. O câmbio atual — com o dólar oscilando frequentemente acima dos R$ 5,50 — não tem inibido o investidor na hora de tirar dinheiro do Brasil. A média de janeiro e fevereiro de 2021 aponta que foram feitas aplicações mensais de US$ 1,5 bilhão no exterior. O volume é cerca de 50% maior que o US$ 1 bilhão mensal investido ao longo de 2020.

“Ainda é uma parcela muito, muito pequena da poupança total do brasileiro, que está na casa dos US$ 3 trilhões, considerando títulos públicos, bancários, ações, poupança, private equity, etc”, comenta Giufrida, em entrevista ao EXAME IN. O sócio e presidente da Garde  também foi presidente da gestora do BNP Paribas, por quase 15 anos. Considerando apenas a indústria de fundos do Brasil, o total é pouco mais de US$ 1 trilhão.

Os produtos que facilitam e até mesmo tornam o aporte de recursos fora do país mais interessante não param de surgir. A força desse movimento fica evidente quando uma casa como a Dynamo, uma das mais tradicionais e respeitadas gestoras de recursos do Brasil, lança um produto global. O fundo será aberto para investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em liquidez), com aporte mínimo inicial de R$ 25 mil. As carteiras nacionais da asset carioca tradicionalmente só captam recursos com investidores profissionais, ou seja, com patrimônio acima de R$ 10 milhões.

O Morgan Stanley oferece um fundo global com aporte mínimo de R$ 500. Os caminhos estão por toda parte. O banco digital C6 Bank lançou, recentemente, uma conta em que o cliente pode fazer movimentações de recursos no Brasil e fora.

Alertas

O cenário, na visão de Giufrida, é positivo. Ele destaca que é uma diversificação importante para o investidor. “E não tem como pedir para as pessoas não se influenciarem pelos retornos do passado recente. São cinco anos de alta do dólar seguidos. Além do ganho cambial, a valorização dos ativos fez muita gente feliz.”

Contudo, Giufrida também vê motivos de alerta nesse cenário. Nunca foi tão fácil investir fora do Brasil. Até pouco tempo, tirar dinheiro do país era comportamento mal visto e muitas vezes encarado como sinal de preocupação com a origem dos recursos. “Agora, é chique.”

“As cânulas e conduítes estão todos funcionando e bem lubrificados.” Para ele, se o cenário doméstico piorar, pode haver uma saída desordenada de recursos do Brasil, o que traria consequências importantes. O risco disto ocorrer, para ele, já não é mais tão insignificante, com a deterioração no cenário político e econômico. “O tempo passa e a gente vê que promessas de respeito ao teto do orçamento e de aprovação das reformas são só promessas mesmo.”

Os investimentos feitos pelos brasileiros no mercado externo, até o momento, não influenciaram o câmbio. “Não é isso que está por trás do dólar no atual patamar.” Giufrida explica que esse movimento, porém, tem forte relação com o comportamento das empresas com seu caixa.

“Hoje, muitas grandes empresas deixam parte importante do caixa fora do Brasil. Para exportadoras ou companhias internacionalizadas como Vale e Petrobras faz muito sentido. Mas também há muitas outras com parte dos recursos lá pela vantagem tributária. Enquanto as despesas financeiras reduzem a tributação sobre os resultados, com a alíquota de 34%, a aplicação fora do país é tributada em apenas 20%. Tem uma espaço de arbitragem”, destaca Giugrida.

“Mas não dá para esquecer que tem uma piscina de R$ 15 trilhões de poupança interna. Se isso se movimentar para além da diversificação, haverá problema.”

Questionado sobre se há um percentual adequado, o especialista explica que não há um número, pois varia de acordo com a realidade de cada país.

Fonte: Exame

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