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China pode roubar lugar do Brasil como principal parceiro da Argentina?

A China passou na frente dos brasileiros como principal parceiro comercial da pela primeira vez em abril e repetiu o resultado nos dois meses seguintes.

O movimento é visto como temporário, já que é muito ligado à pandemia do coronavírus e a dificuldades econômicas pela qual passam os países latinos, mas isso não significa que é impossível de se tornar permanente em algum momento, na avaliação de especialistas — motivos para isso não faltam.

Em junho, enquanto as exportações argentinas para a China cresceram 51,7%, para o Brasil, caíram quase na mesma proporção, em 48,9%. Em relação às importações feitas pela Argentina desses países, as quedas foram de 10,8% e de 30,3%, respectivamente.

Esse movimento mostra que a participação chinesa nas vendas internacionais argentinas cresceram mais em relação às do Brasil: “Essa troca de representação na lista é uma questão conjuntural, que pode até durar mais tempo, dada a gravidade da crise argentina”, diz Arthur Mota, economista da Exame Research.

Principais parceiros comerciais da Argentina em junho

A longa crise doméstica da Argentina já vinha afetando de forma generalizada as suas importações. Essa é a razão estrutural para esse movimento.

“Nessa esteira, o Brasil também tem que reduzir, pois existe um acordo entre os países, segundo o qual para cada um dólar exportado, pode-se importar um dólar e meio, e isso faz com que, simplesmente, as exportações caiam e, com ela, a importação também”, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Pelo acordo que existe no comércio de carros e autopeças entre Brasil e Argentina, que representa basicamente todas a trocas entre os países, a balança só possa ser favorável ao país em 50%.

“Outro ponto é um aspecto que podemos entender como conjuntural, mas acho que vai perdurar por um bom tempo, que é como esses países vão lidar com os efeitos da pandemia do ponto de vista econômico”, diz o professor Pedro Brites, da Escola de Relações Internacionais da FGV.

A China vem apresentando recuperação econômica mais rápida do que o esperado e de forma mais sólida do que outros países, como o Brasil, diz Brites. Enquanto isso, ainda é uma incógnita com o Brasil, que já não vinha bem antes da pandemia, vai superar a crise do coronavírus.

“Esses dois fenômenos conjuntos – a recuperação chinesa e a falta de recuperação brasileira – podem favorecer o aumento ainda maior proporcional da presença chinesa na Argentina”, diz Brites, “porque é cada vez mais difícil pensar num cenário em que o Brasil consiga se posicionar como líder regional e oferecer alternativas que a Argentina precisa em meio a grave crise em que está”.

Fortes e fracos da união

O comércio entre Brasil e Argentina é todo baseado no setor automobilístico. A indústria dos dois países é pensada para essa relação, independentemente do Mercosul, diz Castro da AEB.

As exportações argentinas para a China, por outro lado, diz o especialista, são mais diversificadas em bens de consumo e eventualmente bens de capital, o que também favorece os chineses na atual conjuntura.

Para a China passar a representar uma ameaça real ao Brasil nesse sentido, no entanto, precisaria estar disposta a competir com o país no setor automotivo, o que não parece estar nos planos do país por ora.

“Estruturalmente ainda é difícil antever isso, visto que somos países vizinhos, membros do Mercosul, e isso tem muita importância em termos de comércio”, diz Mota, da Exame Research.

Mas as chances existem, mesmo porque, a China já está presente no setor de autopeças no Chile, por exemplo:

“Não consigo ver, no curto prazo, a China se ocupando desse setor como principal parceiro da Argentina, mas é verdade que o país asiático tem uma estratégia para poder internacionalizar suas empresas automotivas. Só não é uma prioridade agora”, diz Brites, da FGV.

Para além das vantagens geográficas e desvantagens relacionadas à pouca diversificação do comércio entre Brasil e Argentina, pesa nesse cenário também, sobretudo no longo prazo, a forma como os dois países vem se relacionando desde que o peronista Alberto Fernandéz assumiu a presidência, em 2019:

“Enquanto a Argentina percebe no Mercosul um espaço de coordenação de políticas econômicas, por exemplo, o Brasil vê como um obstáculo para assinar acordos com outos parceiros regionais”, diz Brites, que alerta para o fato de o Brasil não estudar mercados substitutos para seus produtos de alto valor agregado:

“A Argentina é quase que um reduto onde ainda prevalecem essas exportações de produtos industrializados brasileiros, que tem toda uma cadeia por trás, gera mais emprego, construção de tecnologia mais complexa”, diz. Perder esse filete significaria um passo a mais em direção reprimarização.

Fonte: Exame

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