Segundo a Ânima e a Ser Educacional, que estão de olho no aumento de ofertas de ativos, crise traz oportunidades de aquisições
Faculdade menor, sem recursos financeiros, pode ter dificuldade para dar aulas on-line
Além de problemas como falta de caixa e aumento na inadimplência, os dois grupos de ensino dizem acreditar que muitas faculdades enfrentam dificuldades para investir em plataformas tecnológicas, cujo custo é elevado, para que sejam ministradas aulas a distância. Com o isolamento social, 78% das instituições privadas de ensino superior estão ministrando suas aulas on-line e o restante suspendeu as aulas ou já cancelou o semestre, segundo dados da Associação Brasileira das Mantenedoras (Abmes) e da consultoria Educa Insights. “Estamos animados com o mercado de M&A [fusões e aquisições]”, disse Rodrigo Macedo, diretor de relações com investidores da Ser.
Segundo Marcelo Battistella Bueno, presidente da Ânima, a oferta de ativos aumentou com a pandemia. “Continuamos analisando aquisições, não paramos”, disse. No começo do mês, a companhia anunciou a aquisição da Faseh, instituição de ensino focada em medicina, situada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), por quase R$ 110 milhões.
Em janeiro, a Ânima levantou R$ 1,1 bilhão numa oferta de ações, o que deixou o grupo educacional capitalizado. A Ser Educacional, por sua vez, fechou empréstimo de R$ 300 milhões com os bancos Itaú e Santander para reforçar seu caixa.
Tanto a Ânima quanto a Ser Educacional verificaram atraso no pagamento de mensalidades de abril e primeira quinzena de maio. Mas os executivos das companhias informam que ainda não é possível saber se esses atrasos vão se tornar inadimplência ou evasão de alunos. “Criamos seguro estudantil e duas novas modalidades de financiamento universitário da gestora PraValer. Estamos acompanhando de perto para evitar a desistência dos alunos”, disse Bueno.
A Ser está parcelando as mensalidades no cartão de crédito, entre três e nove vezes, para aqueles estudantes que tiveram redução de renda. Em casos como desemprego, a companhia está oferecendo seu programa próprio de crédito universitário.
O isolamento social fez as duas companhias anteciparem alguns de seus projetos. A Ânima vai realizar o vestibular do meio do ano de forma totalmente digital. Há pouco mais de um ano, a empresa vem trabalho numa tecnologia que permite acompanhar o aluno durante o exame. A tecnologia detecta pelo movimento do rosto e olhos se o estudante está consultando algum material não permitido ou mesmo se há uma outra pessoa realizando a prova.
Atualmente, todos os 125 mil alunos da Ânima assistem aulas remotamente. A companhia montou uma força tarefa no começo da pandemia, dando pacotes de internet e emprestando notebook para estudantes que não tinham essa infraestrutura para assistir as aulas.
A Ser Educacional antecipou o lançamento de seu braço de negócios de cursos de curta duração que são 100% ministrados pela internet. O grupo fechou uma parceria com o IG Cursos e pretende ter novas opções de conteúdo nos próximos meses. “Temos opções de cursos livres e regulados”, disse Jânyo Diniz, presidente da Ser Educacional.
Foto: Marcelo Battistella Bueno, da Ânima: vestibular do meio do ano será totalmente digital, fiscalizado por tecnologia — Marcus Desimoni/Val
