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Com aporte de R$ 4 mi, startup Vidia tenta ampliar o acesso a cirurgias particulares

Na última década, startups brasileiras se lançaram no mercado tentando resolver questões relacionadas à saúde, como prevenção, controle de doenças crônicas e acesso a consultas particulares mais baratas. Agora, surge uma empresa olhando para uma área mais complexa — e cara — da saúde: as cirurgias. A startup em questão é a Vidia, fundada em 2020 pelos empreendedores Thiago Bonini e Eduardo Cerqueira.

Bonini, advogado de formação, trabalhou com M&As no Naspers Group e foi membro do conselho da Movile, a empresa dona do iFood. Em 2019, decidiu trocar o lado da mesa e empreender. O único norte que tinha era que queria atuar em um mercado grande e com potencial de impacto social. Em 2019, foi apresentado por amigos a Eduardo Cerqueira, engenheiro de software com experiência em empresas como Leo Madeiras e B2W. Juntos, foram estudar a área da saúde e descobriram uma oportunidade no mercado de cirurgias.

A dupla, então, decidiu criar uma espécie de “Uber das cirurgias”. Um marketplace que conecta pacientes a hospitais privados com capacidade ociosa no centro cirúrgico. Por oferecer um volume alto de pacientes, a empresa consegue que o preço das operações seja reduzido em até 40%. Do total pago pelos clientes, ela fica com um percentual que varia de poucos pontos percentuais a 20%, a depender do tipo de cirurgia realizada.

O negócio começou a rodar em 2020, em fase de testes, com quatro hospitais e clínicas parceiras nas cidades de São Paulo e Campinas, no interior paulista. Em janeiro de 2021, após dez cirurgias feitas pelo intermédio da plataforma, os sócios decidiram que era hora de iniciar a operação com força total. Hoje, 17 pessoas trabalham no negócio.

No seu primeiro ano de fundação, a startup conquistou apoio de entidades conhecidas no mercado de inovação brasileiro. Foi acelerada pela Eretz.Bio, hub de inovação do Hospital Albert Einstein, e pelo programa para healthtechs da organização Endeavor. Captou também 4 milhões de reais em uma rodada de investimento liderada pelo fundo Canary (Genial Care, Sami), com participação da Aimorés Investimentos (Fácil Consulta, Manipulaê) e de alguns investidores-anjo.

Público-alvo

A Vidia aposta em um nicho de mercado específico: pessoas que são usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), não têm plano privado, e podem pagar alguns procedimentos pontuais. “O SUS é muito eficiente, mas está sobrecarregado. Já os hospitais privados, geralmente possuem capacidade ociosa em seus centros cirúrgicos, que pode ser usada para servir a quem precisa” afirma Thiago Bonini, presidente e cofundador da Vidia.

A empresa parcela o valor das cirurgias e ainda oferece um site para que o paciente realize uma “vaquinha virtual” para arrecadar dinheiro para o procedimento. Atualmente, as cirurgias que estão sendo oferecidas são de menor complexidade, como catarata, miopia, varizes, pedra na vesícula e vasectomia. Os valores variam de 1.500 a 12.000 reais, em média.

Com o hospital, a startup negocia um pacote completo, em que a equipe médica, o centro cirúrgico, exames e consultas estão inclusos. Segundo os sócios, o valor pago pelo cliente é único e engloba toda a assistência médica, mesmo se o paciente precisar ficar internado por alguns dias depois do procedimento. Para garantir que tudo corra bem, uma equipe de profissionais de saúde da startup acompanha o processo presencialmente até a alta-médica.

Nos próximos dois meses, a empresa quer trazer para a sua plataforma mais dois hospitais parceiros para poder aumentar o número de cirurgias feitas. Até o final do ano, a ideia é que sejam realizadas, no mínimo, uma ou duas operações por dia. “Na fase de pré-lançamento, 1.500 pessoas entraram em contato conosco para tentar realizar procedimentos. Há uma demanda”, diz Cerqueira.

A empresa estuda captar uma nova rodada no segundo semestre de 2021 para acelerar o crescimento do negócio. Segundo os sócios, a meta para este ano é conseguir provar em números que se a startup não existisse, o público cliente iria sentir falta do serviço. Para isso, será preciso realizar algumas dezenas de cirurgias mensalmente. “Nosso maior desafio é evangelizar o mercado e mostrar que é possível acessar serviços particulares de saúde de forma que caiba no bolso”, diz Bonini.

Usar a ociosidade da rede pública para atender pacientes que normalmente usam o SUS não é algo novo. Em 2017, por exemplo, quando o governador de São Paulo João Doria era prefeito da capital, ele criou o “Corujão da Saúde”. A iniciativa, financiada pela prefeitura, usava a infraestrutura de hospitais particulares no contraturno para tentar acabar com a fila de exames médicos do sistema público da cidade.

Para o consultor em gestão da saúde Carlos Suslik, que tem experiência na administração de unidades importantes, como o Hospital das Clínicas, em São Paulo, modelos como o da Vidia exploram uma lacuna de mercado, mas têm suas limitações.

“O preço é calculado com base no aluguel do centro cirúrgico, do médico, do auxiliar e dos medicamentos. Mas nem sempre dá tudo certo, algumas cirurgias têm turbulências e o paciente precisa ficar internado por um mês na UTI, onde a diária custa, em média, de 2.500 reais em São Paulo”, afirma o especialista.

Para ele, muitos hospitais, com medo de assumir esse custo, podem não aceitar realizar procedimentos mais complexos. “Acredito que seja um modelo que funciona para cirurgias de pequeno porte e plásticas, de baixo risco. Mas esse não é o maior gargalo do SUS hoje”, diz Suslik.

Fonte: Exame

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