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Com aporte de R$ 5 mi, startup ajuda pais de crianças com autismo no Brasil

Foi por acaso que o americano Kenny Laplante caiu no mundo da saúde. Formado em finanças, começou sua carreira em Nova York como analista de healthtechs para o fundo de investimentos General Atlantic, que investe no Brasil em companhias como QuintoAndar e Gympass. Após dois anos e meio no mercado, veio a vontade de empreender em um projeto de impacto fora dos Estados Unidos. Em 2017, então, ele decidiu vir com a esposa brasileira para São Paulo para começar a construir o que hoje é a Genial Care.

A startup é especializada em ajudar pais e mães de crianças com autismo a entender melhor a doença e desenvolver habilidades para dar assistência a seus filhos. A empresa vem sendo estruturada desde 2019, mas, para poder começar suas operações no Brasil no final de 2020, recebeu um aporte de 5 milhões de reais liderado pelo fundo Canary (Loft, Gupy) no meio do ano passado.

“O que Kenny está querendo construir no Brasil é muito interessante e tem potencial para ser enorme. É um problema grande e complicado, mas não temos visto tantas startups atuando nesse segmento”, diz Marcos Toledo Leite, sócio responsável pelo Canary.

Nomes conhecidos do mercado de inovação, como Robbert Vorhoff, líder de saúde da General Atlantic; Thomaz Srougi, cofundador do Dr. Consulta; Brian Requarth, cofundador do VivaReal; e Benjamin Gleason e Thiago Alvarez, cofundadores do GuiaBolso; também investiram na empresa.

Já na área da saúde, a Genial conquistou investimento e apoio clínico das fundadoras do Grupo Gradual (clínica brasileira especializada na assistência para crianças com autismo), Leila Bagaiolo e Claudia Romano Pacífico.

A ideia para o negócio veio da soma das experiências de Laplante como investidor no General Atlantic e voluntário nos postos de saúde brasileiros, enquanto buscava um nicho para atuar em saúde infantil. “Percebi que desde o diagnóstico até a intervenção, há muitas carências relacionadas ao autismo no país”, diz o empreendedor.

A Organização Mundial da Saúde estima que, em todo mundo, uma em cada 160 crianças tenha autismo. Nos Estados Unidos, um levantamento divulgado em 2020 diz que uma a cada 54 crianças do país está no perfil de Transtorno de Espectro Autista (TEA). O Brasil não tem dados oficiais sobre o tema — o que deve mudar com o censo demográfico de 2021, que irá incluir pela primeira vez perguntas sobre o transtorno.

O modelo da Genial Care

Decidido a criar um projeto de inovação para crianças brasileiras com autismo, Kenny Laplante estudou o mercado para entender o que estava sendo feito no Brasil e no mundo. “Há empresas, como a Livongo [adquirida pela Teladoc Health em 2020 por 18,5 bilhões de dólares], focadas em intervenções para doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, bem sucedidas lá fora. Nos inspiramos nesses modelos e aplicamos para este caso de uso”, diz Laplante.

A principal diferença é que a startup não foca no paciente em si, mas sim nos seus cuidadores. “O pai e a mãe são os professores mais naturais que qualquer criança pode ter, eles têm muito potencial para serem protagonistas, mas são ignorados nos processos”, diz o empreendedor.

Uma pesquisa feita em 2020 pela startup com 500 cuidadores de crianças de até 12 anos diagnosticadas com autismo mostrou que as mães são as principais responsáveis pelo cuidado do filho (86% dos casos). Quase 70% dos entrevistados disseram que precisam de ajuda para planejar o futuro a longo prazo da criança e 57% gostariam de orientação sobre o fazer e como agir diante de situações desafiadoras.

A Genial Care, então, oferece um guia para as famílias conhecerem mais sobre o autismo. O serviço é digital e segue um modelo de assinatura, com mensalidade de 879 reais. Os pais e mães assinantes passam por uma avaliação clínica inicial para que a startup identifique quais as necessidades do cuidador e do filho. Depois disso, o responsável recebe conteúdos mensais personalizados em áudio, texto, vídeo e quizzes.

Além disso, o assinante tem direito a sessões individuais com atendentes qualificados (psicólogos, em geral) e a reuniões em grupo com outros pais e mães cadastrados. “A ideia é oferecer o melhor da tecnologia e das interações humanas”, diz o fundador.

Os primeiros testes com famílias foram feitos em novembro e dezembro do ano passado e tiveram resultado positivo, com NPS (índice que mede a satisfação do cliente) de 100. Agora em janeiro, o serviço entrou no ar de forma completa, mas ainda está trabalhando com um número restrito de clientes. Para participar, as famílias precisam passar por uma lista de espera.

Neste ano, o desafio para a equipe de nove pessoas da startup é alinhar o desenvolvimento da tecnologia com o atendimento e suporte das famílias. “Em um ano, queremos ter desfechos clínicos mensuráveis, tanto na evolução da criança como no bem-estar dos pais”, diz Laplante. No futuro, com o método totalmente validado, a empresa espera automatizar mais processos internos para conseguir dar escala ao serviço.

No Brasil, outras startups, como a CogniSigns e a Tismoo, se destacam por seu trabalho com autismo, mas elas estão mais focadas no diagnóstico do que no acompanhamento das famílias.

Fonte: Exame

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