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Com remédio leve, compra da Extrafarma pela Pague Menos avança no Cade

A Superintendência do Cade recomendou a aprovação da aquisição, que ainda depende do aval do tribunal do órgão, com o remédio da venda de menos de 3% das lojas da Extrafarma. O CFO da Pague Menos conta quais serão os primeiros passos após o sinal verde.

Na última terça-feira, 3 de maio, a liderança da Pague Menos destacou durante a teleconferência de resultados da empresa que a aquisição da Extrafarma, anunciada há um ano, por R$ 700 milhões, estava próxima de uma decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Neste fim de semana, apenas quatro dias depois desse “pressentimento”, a rede cearense de farmácias recebeu um sinal de que o dia de receber as chaves da Extrafarma está cada vez mais próximo. A Superintendência do Cade acaba de divulgar um despacho recomendando a aprovação do acordo.

O documento estabelece como único remédio o desinvestimento em menos de 3% do portfólio de 399 lojas da Extrafarma. Agora, em linha com o rito do órgão, o processo seguirá para análise dos sete membros do Tribunal do Cade, com o prazo limite para uma decisão final em 31 de agosto.

“Esse é um grande marco, pois a parte mais demorada do processo foi cumprida e o remédio não afeta as sinergias que mapeamos”, diz Luiz Novais, CFO da Pague Menos, ao NeoFeed. “O Cade concluiu algo semelhante ao que imaginamos com o acordo. Então, tudo está acontecendo conforme planejamos.”

Com o acordo aprovado, além das 399 lojas, a Pague Menos irá incorporar uma rede com cerca de 6 mil funcionários e que, ainda sob o guarda-chuva da Ultrapar, reportou uma receita bruta de R$ 2 bilhões em 2021. No mesmo período, o faturamento da rede cearense foi de R$ 8 bilhões.

Ao destacar que a recomendação da Superintendência do Cade foi feita com base em um trabalho minucioso de coleta de dados, pesquisas e análises, Novais diz que a expectativa é de que o sinal verde seja dado antes do prazo limite para a decisão.

Durante a teleconferência de resultados, na terça-feira, a Pague Menos revisou a projeção de sinergias com a aquisição. Da estimativa anterior de R$ 150 milhões a R$ 250 milhões para a faixa de R$ 180 milhões a R$ 275 milhões. Agora, com o acordo mais próximo, Novais destaca quais serão os primeiros passos da integração.

“A Extrafarma vem andando meio de lado há alguns anos, mas vemos um potencial enorme de melhorar a operação, especialmente nas lojas”, observa. “Por isso, esse vai ser um dos primeiros pontos que iremos atacar assim que recebermos a aprovação.”

Na prática, de largada, a ideia é olhar desde a estratégia de precificação e disposição dos produtos até investir no reforço e na ampliação dos estoques da rede adquirida, tanto em volume como em sortimento, o que irá incluir os mais de mil itens das linhas de marca própria da Pague Menos.

“Hoje, uma loja da Extrafarma tem cerca de 8 mil SKUs, enquanto na Pague Menos, esse volume é de quase 10 mil”, explica. “Uma unidade deles hoje tem um faturamento médio mensal próximo de R$ 420 mil e, as nossas, de R$ 600 mil. Há bastante espaço para melhorar.”

Luiz Novais, CFO da Pague Menos

Ele cita outros espaços que serão explorados, como os canais digitais, que, atualmente, respondem por cerca de 9% da receita total da Pague Menos. Na Extrafarma, esse índice é de aproximadamente 2%.

Os planos também incluem a expansão do hub de serviços de saúde da Pague Menos, por meio da bandeira Clinic Farma, nas operações da Extrafarma. “Em um horizonte de curto prazo, vamos implementar as clínicas em pelo menos 200 unidades da rede.” Hoje, a Clinic Farma já está instalada em 70% das 1.169 lojas da Pague Menos.

Segundo Novais, a incorporação das lojas da Extrafarma não irá reduzir o plano de expansão orgânica da Pague Menos, que projeta inaugurar 120 unidades nesse ano.

Desde a época da proposta, o crescimento dessa rede está sendo norteado justamente pelas praças nas quais as duas redes não têm tanta presença, o que reduz as chances de canibalização.

Além de acelerar ainda mais esse plano, a aquisição da Extrafarma é estratégica por reforçar a base da Pague Menos em seu maior mercado, as regiões Norte e Nordeste, e junto ao público da classe média expandida, seu grande foco.

Distribuída em 10 estados, o mapa de operações da Extrafarma inclui 89% das lojas nessas duas regiões, sendo que 66% delas são mais centradas nos consumidores das classes B2, C e D.

“Não vamos tirar o pé do acelerador por conta dessa integração”, diz Novais. “Mesmo com a aquisição, ainda temos um mundo de oportunidades no Norte e Nordeste, especialmente nas cidades do interior.” No plano da Pague Menos, 70% das novas unidades serão abertas em municípios do interior.

“Ao mesmo tempo, a Extrafarma nos traz 4 centros de distribuição em locais nos quais já planejávamos investir em uma estrutura, como Pará, Maranhão e São Paulo”, afirma. “Isso vai nos permitir reduzir custo de frete e reduzir em 40% a distância dos CDs para as lojas nessas regiões.”

Enquanto aguarda a aprovação do Cade para começar a colocar em prática essas e outras iniciativas, a Pague Menos tem uma equipe de cerca de 70 pessoas planejando essa integração. Das quais, 50 são do time de tecnologia, que já prepara a arquitetura da integração do ponto de vista dos sistemas.

“Com a Extrafarma, nos tornamos a segunda maior rede de farmácias do Brasil e aceleramos, em um ano, o que faríamos em três”, ressalta. “Nós respeitamos os trâmites, mas é importante concluir esse processo. Estamos ansiosos para capturar todo o valor que vemos no ativo.”

As ações da Pague Menos, avaliada em R$ 3 bilhões, encerraram o pregão dessa sexta-feira cotadas a R$ 6,90, um recuo de 5,74%. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 26.2%.

Fonte: Neofeed

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