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Como Pablo Di Si, da Volks, quer popularizar carros elétricos no Brasil

De dentro de um estúdio improvisado, uma equipe de trabalho da Volkswagen com pelo menos 15 pessoas prepara todos os tipos de aparatos tecnológicos para realizar uma transmissão ao vivo e em vídeo em escala global. A ocasião solene é a apresentação oficial de dois carros elétricos para todos os países da América Latina.

Há alguns meses a montadora afinou um discurso em prol da descarbonização do transporte urbano e de sua frota até 2050. Sem utopias, as lideranças da empresa entendem que, para uma montadora centenária, essa não é uma missão simples. Mas Pablo Di Si, presidente da Volkswagen no Brasil e América Latina, confia no potencial do Brasil. O motivo? O etanol.

Não é de hoje que subsidiária brasileira da montadora alemã aposta nos biocombustíveis como alternativa à escassez estrutural do país em relação aos carros movidos a eletricidade. “A verdade é que as agendas sustentáveis das unidades dos diferentes países do grupo são completamente diferentes, mas complementares entre si”, disse Di Si, durante o lançamento dos carros.

Em entrevista à EXAME no início do ano, o executivo afirmou que “Via chances de trazer veículos elétricos ao Brasil nos próximos dois ou três anos”. Alguns meses depois, esse cenário parece estar (um pouco) mais próximo de virar realidade.

Os modelos apresentados na última terça são o ID. 3 e ID. 4, ambos 100% elétricos. O ID. 3 é um hatch com autonomia que varia entre 330 e 500 km, dependendo da versão. Já o ID. 4, primeiro SUV 100% elétrico da marca e com autonomia de 522 km.

Com cara de T-Cross, SUV queridinho dos brasileiros, o ID.4 chega para responder a uma crescente demanda por veículos utilitários, a principal aposta da Volks desde que decidiu aposentar modelos tradicionais, como o Fox. O SUV já foi lançado no mercado norte-americano.

A excitação com o anúncio, porém, contrasta com o cenário da onde a transmissão é feita. A fábrica de São Bernardo do Campo está parada há 2 dias por falta de peças, em especial a de semicondutores. É uma entrave e tanto para o desenvolvimento de veículos que exigem alta tecnologia para sair do papel, entre eles os elétricos.

Mas não há pressa para trazer os modelos para cá, segundo Di Si. “Hoje ainda não é o momento de falarmos de datas ou modelos”, disse Di Si durante o anúncio, que também envolveu a mais nova diretora de sustentabilidade da marca, Priscilla Cortezze, e o vice-presidente da montadora na Argentina, Thomas Owsianki. Os modelos ficarão em clínicas e testes com membros da montadora, concessionários e jornalistas até o final do ano.

Apesar de não ter data para começarem a rodar as ruas brasileiras, a apresentação dos modelos  serve de pontapé para que o caminho seja pavimentado no mercado brasileiro. ”Os carros apresentados hoje servem de cartão de visitas. É a afirmação de que vamos lançar carros elétricos no Brasil em breve. Ponto final“, diz.

Como a Volks pretende trazer os elétricos para o Brasil

A agenda limpa da Volkswagen no Brasil deve ser complementar à agenda europeia. Por lá, a extinção dos carros à combustão já tem data: 2030. A percepção é de que, em países com matrizes elétricas ainda pautadas em combustíveis fósseis, como carvão, a eletricidade dos veículos seja indispensável. Já por aqui, onde fontes limpas já compõem boa parte da produção e distribuição energética, os carros elétricos e híbridos servirão apenas como um complemento dessa estratégia, segundo Di Si.

O restante dessa estratégia está baseada no desenvolvimento de uma tecnologia que converte o etanol líquido em células de combustível capazes de abastecer carros elétricos. Se tiver sucesso, a tecnologia extinguiria a necessidade de carregamentos por tomadas e colocaria o Brasil em posição privilegiada em criação de tecnologia — tendo em vista que o país já é hoje o maior produtor da commodity no mundo. Para isso, a montadora alemã firmou uma parceria com a União da Indústria Canavieira (Unica) e, na última semana, com a Universidade de Campinas (Unicamp).

Além de facilitar o acesso, uma tecnologia como essa poderia baratear os custos de uma possível infraestrutura para os elétricos, tornando muito mais simples — e rápido — fazer com que os carros passem a ser uma realidade, com ou sem postos de carregamento suficientes. “Hoje a nossa principal deficiência é a infraestrutura. Isso pode ajudar e muito em velocidade e escala”, diz.

Conseguir transformar o etanol em uma célula de combustível ajudaria a expandir os elétricos, mesmo em países onde a matriz de combustíveis não têm o etanol como fonte relevante. “A proposta é mesmo que pequena, o percentual de participação do etanol como fonte de eletricidade para as baterias possa ajudar os elétricos a saírem do papel”.

Paralelo a isso, a empresa também deve inaugurar um centro de pesquisa e desenvolvimento em biocombustíveis. O intuito é usar o espaço para criar tecnologias emergentes que vão além dos motores híbridos e elétricos. “O nosso maior avanço seria criar um híbrido flex, que funciona com um motor elétrico e um a combustão, seja gasolina ou etanol”.

Fonte: Exame

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