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Conheça a lanchonete fast-food que trocou funcionários por robôs no Brasil

Uma lanchonete apenas com robôs pode até parecer cena de ficção científica, mas é exatamente assim que funciona a Bionicook, startup brasileira que está em operação desde a última semana no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP). Por enquanto, o negócio está na última fase de validação, mas a abertura ao público está programada para acontecer no próximo sábado (1º/5).

“Essa ideia nasceu de uma reengenharia de carreira. Eu venho do segmento automotivo e queria mudar. Então comecei a pensar em algo que fosse comercial, não estivesse limitado a uma só região e que fosse realmente diferente. E essa ideia veio das minhas viagens, quando comi um pastel no aeroporto. Só que o robô não estava no primeiro projeto”, diz Fabio Rezler, fundador e CEO da empresa.

Na verdade, os planos eram de vender apenas salgados. Depois, surgiu a ideia de automatização na qual o atendente não teria contato com os alimentos, mas a operação ainda dependia de pessoas. Logo, veio o primeiro teste com todo processo robotizado — segundo o criador, deu tudo errado. E, meses depois, a solução veio por meio de um programa de TV que exibia um robô movendo motores.

“Foram oito anos de trabalho porque tudo foi criado e desenvolvido. Nada foi copiado. Foi pensando nas necessidades que a gente tinha, quais seriam os movimentos do robô e o que seria necessário acoplar. E literalmente criamos todos os mecanismos para aquelas funcionalidades. Para ter ideia, somente a porta do freezer levou um ano para conseguir abrir. Tudo é muito lento e demorado”, afirma.

Desde que começou com a empreitada, o empreendedor diz ter investido cerca de 2,5 milhões de reais. E, antes de São Paulo, uma unidade foi inaugurada na Universidade de Caxias do Sul (UCS), cidade natal do empreendedor, em 2019. Só que o projeto foi encerrado durante a pandemia, ano passado, após a suspensão de aulas presenciais. Com isso, todos os planos de expansão também pararam.

“Lembro exatamente o dia: 16 de março de 2020. Eu estava em reunião com alguns investidores e com o contrato na mesa pronto para assinar. Já tínhamos tudo encaminhado para abrir 50 lojas no ano passado e até anunciamos esse projeto. Só que a covid-19 derrubou tudo e puxamos o freio de mão. Passamos o ano trabalhando outras frentes, conversando com interessados e preparando terreno”.

Foram necessárias somente duas semanas para toda a instalação dos equipamentos e a configuração do robô, além dos processos legais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E, nos últimos dias, ainda que não estivesse efetivamente aberta ao público para comercialização, a Bionicook já podia produzir todos os alimentos localmente e distribuir aos clientes como forma de brinde.

“Os agentes estiveram na nossa loja e viram que nosso sistema é muito confiável e seguro. Foi bacana a reação de susto, porque nunca viram um modelo como esse, instalado no meio do aeroporto, sem água corrente ou exaustão. E já estamos acostumados a isso. Também entenderam como é feita a higienização e que os recursos estão dentro da própria máquina. Só precisamos de energia elétrica”.

De acordo com Fabio Rezler, aeroportos são o perfil ideal para esse tipo de negócio. Afinal, não se trata de um restaurante, mas de um sistema rápido, no qual o cliente consegue sair com o pedido em apenas 3 minutos. Por isso, mais importante que a fidelidade, é o fluxo de pessoas. Por isso, quanto maior for o movimento da clientela, maior o volume de vendas e mais rápido o retorno financeiro”.

“Todo o nosso projeto é voltado para a rentabilidade e eu respeito muito isso. Já temos 15 investidores. Estamos dentro do segundo maior aeroporto da América Latina [atrás apenas da Cidade do México] e, dando certo em Guarulhos, validando bem, seguramente todas as futuras têm a propensão de dar certo também. Fomos no maior desafio porque, assim, os próximos acabam sendo simples”.

Cada unidade tem o custo estimado de 500.000 reais para a instalação. E, segundo as previsões da empresa, o objetivo é inaugurar outras 19 lojas no mercado brasileiro até o fim deste ano — já há negociações para levar a iniciativa a outros países de América do Norte, Europa e Oriente Médio. Com a expansão da rede, a previsão é que o faturamento bruto para 2021 varia entre 8 e 12 milhões de reais.

“Não temos plano de franquia. Não vendemos as máquinas. É um plano de negócio voltado para a atração de investidores. É para quem busca retorno financeiro e não retorno operacional. Por isso, nós invertemos a regra da franquia para deixar nossos investidores confortáveis pela diminuição de riscos, porque já não dependem de uma única franquia. Ele tem retorno sobre o lucro de todas nossas lojas”.

Todo o treinamento dos funcionários é feito pela própria Bionicook: essa operação exige infraestrutura para logística, suporte de funcionamento e fabricação dos lanches – com números menores que seriam em lanchonetes tradicionais. Também há uma pessoa dedicada à higienização e ao reabastecimento das máquinas diariamente. Por fim, há custos de energia elétrica e produtos, por exemplo.

“Nossa equipe visita a loja pelo menos uma vez por dia, dependendo do fluxo de vendas, e segue toda a rotina já definida por meio de um tablet. Essa é a parte que deixamos tudo impecável, como novo, para seguir com os atendimentos. E, hoje, temos outra pessoa para instruir cliente e ensinar como funciona, já que essa ainda é uma tecnologia muito recente e que pode gerar dúvidas”, diz Rezler.

De acordo com o fundador, todo o projeto atual está pensado para garantir retorno de seis a 12 vezes o valor aportado pelos investidores após cinco anos, quando vencem os contratos. Além disso, há retorno mensal das operações em todo o mundo – o plano de negócio prevê a abertura de mil unidades fora do Brasil até 2026 –, participação dos lucros e ainda uma porcentagem da própria empresa.

“Os investidores terão o título na mão e serão donos de uma parte da Bionicook, porque pensamos nos próximos estágios, como M&A e IPO [fusão e aquisição ou abertura de capital]. Já estamos organizados para formar a empresa de capital fechado em janeiro do ano que vem. Pensamos até em FIP [Fundo de Investimento com Participação] para dar ainda mais segurança e confiabilidade”, afirma.

Fonte: Exame

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