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Crise no governo x economia real: a equação dos investidores

A aparente necessidade de Jair Bolsonaro em operar cenários caóticos dificulta quaisquer previsões no mundo da política. Mas o mercado trabalha também com outras variáveis. Com isso, o Ibovespa registra alta de praticamente 1% em uma semana de temíveis notícias.

Para os investidores, é importante entender onde a economia real e o Palácio do Planalto se encontram e onde se distanciam. Assim, será possível compreender a alta da Bolsa em meio à troca de todo o comando militar, à dança das cadeiras ministerial e à anual tentativa de criar polêmica elogiando o golpe militar de 1964.

A Folha noticiou, no último dia 30: “Mercado ignora maior crise militar em quase 45 anos e Bolsa sobe 1,23%”. A verdade é que os investidores nacionais e internacionais simplesmente não enxergaram impactos da crise militar na economia do país.

Analistas de mercado apontaram ainda que as mudanças nos ministérios serviram de aceno ao centrão, com chances de aumentar a governabilidade. Estabilidade é costumeiramente bem-vista.

Veja: em março, o Ibovespa subiu 6% — a primeira alta mensal do ano. E não foi puxado pela política partidária, mas pelo início da vacinação, que gera a expectativa de retomada da economia da vida real.

A Bolsa de Valores não é uma pesquisa de satisfação com governantes. Vale lembrar que o “mercado” é apontado como de direita e o maior salto do Ibovespa se deu em governo petista, mais especificamente no mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, como apontei nesta coluna.

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) deram uma injeção de ânimo para os investidores nesta semana. Enquanto o mercado projetava que o saldo das vagas de emprego em fevereiro seria de 250 mil, o órgão divulgou, na terça-feira (30/3) um número bem maior: 401 mil vagas.

No dia seguinte, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a taxa de desemprego atingiu seu recorde histórico no período de novembro a janeiro. Ainda assim os números mostraram estabilidade em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Além do cenário local, o dinheiro do mundo está voltando a circular, um pouco aliviado com a chegada das vacinas. O preço do ouro —destino de investimentos em momentos de insegurança —está derretendo desde agosto do ano passado. Em oito meses, o preço da onça foi de US$ 2.034 para os atuais US$ 1.727. Uma queda de 15% na reserva de segurança.

E os chamados emergentes, como Brasil, China e Índia, já voltaram a ser apontados como destino promissor para as finanças.

Em relatório recente, Franklin Templeton, 15ª maior gestora de fundos do mundo, afirmou que os mercados emergentes têm resistido durante o choque econômico global causado pela pandemia da Covid-19. E suas condições estão mais “construtivas” para investidores.
Ainda que o Banco Central tenha aumentado a taxa básica de juros significativamente, a Selic continua em níveis baixos na perspectiva histórica, fazendo com que investimentos no setor privado sejam muito mais atraentes do que títulos públicos.

Ou seja: há fatores externos à política partidária que têm influenciado e continuarão a influenciar a Bolsa. E é importante olhar o cenário como um todo, para não ser pego de surpresa.

Longe de mim dizer que é para ignorar as notícias de política. Muito pelo contrário. É um exercício diário para o investidor entender os efeitos de cada passo dos governantes.

Além das vidas em jogo, nosso atrasado calendário de vacinação, por exemplo, é um risco para o fluxo de dinheiro internacional. No mesmo relatório em que elogiou os mercados emergentes, a Franklin Templeton alertou seus investidores a serem “seletivos”, pois a distribuição de vacinas deve mudar a dinâmica desses mercados.

A distribuição de auxílios é outro ponto que precisa entrar no radar. Afora a questão humanitária, o auxílio emergencial é uma forma de manter o consumo minimamente aquecido.
Consultorias apontam que os gastos das famílias devem cair em 2021, voltando para o mesmo nível que estavam em 2015 e 2016, quando o Brasil enfrentou uma memorável recessão, justamente aquela que impulsionou o impeachment de Dilma Rousseff — um exemplo cristalino das interseções entre o Planalto e a economia da vida real.

Aliás, falando no impeachment de Dilma, uma das preocupações do Planalto no feriado da Páscoa deverá ser o Orçamento, cujas “pedaladas” já estão na mira do Tribunal de Contas da União. Grandes investidores têm acompanhado a questão com avidez.

Fonte: Folha

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