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De Divinópolis para o Brasil: o que a Vinci viu na Farmax

Depois que a Anvisa autorizou a venda de álcool líquido no varejo para o combate à pandemia, a Farmax precisou de apenas 36 horas para despachar seu produto para as maiores farmácias do País.

A companhia familiar, fundada em Divinópolis há mais de 40 anos, conseguiu sobreviver e crescer no varejo de personal care graças a uma estrutura de custo enxuta e muita agilidade operacional — apesar de disputar as gôndolas com gigantes como L’Oréal, Johnson & Johnson, e a Beiersdorf, a dona do creme Nivea.

Seu removedor de esmalte é líder de mercado há 14 anos, com um market share acima de 50%.

Agora, a empresa da família Amaral está trocando de mãos, e vai começar um novo capítulo da sua história como investida de um fundo de private equity da Vinci Partners.

A Vinci acaba de comprar 100% da Farmax, cujos produtos chegam a 85% das farmácias brasileiras e que teve uma receita líquida de R$ 300 milhões ano passado. A empresa cresceu a uma taxa média anual de 20% nos últimos três anos.

O valor da aquisição não foi revelado.

A Farmax tinha 20 acionistas — com três irmãos controlando o negócio — mas começou um processo de profissionalização há cerca de três anos.

O CEO da empresa, que será mantido pela Vinci, é Ronaldo Ribeiro, um executivo com mais de 23 anos de experiência no mercado de bens de consumo, 18 deles na Unilever.

A Farmax — que até anteontem se chamava Distribuidora Amaral — começou fabricando produtos básicos, como removedores de esmaltes, soros fisiológicos e bicarbonato de sódio.

Mas desde a chegada de Ronaldo, a companhia tem trabalhado para diversificar seu portfólio para produtos de maior valor agregado.

Hoje, 40% da receita já vem do segmento de cosméticos, principalmente uma linha de protetor solar e óleos essenciais. Cerca de 40% vem de uma linha farmacêutico, essencialmente produtos sem prescrição como soro fisiológico e laxantes; outros 10% vêm da vertical de white label, em que a Farmax fabrica marcas próprias para as maiores redes de drogaria, como Raia Drogasil, Panvel e PagueMenos.

A empresa também vende produtos como álcool em gel e itens para o saneamento de hospitais.

O plano da Vinci é acelerar os investimentos em marketing, P&D e tecnologia, bem como executar uma estratégia de M&As em que já há alvos mapeados.

“A família era conservadora, a companhia não tinha alavancagem nenhuma e não tomava muito risco, não ousava,” Gabriel Felzenszwalb, o sócio da Vinci responsável pelo investimento, disse ao Brazil Journal. “Queremos aumentar o nível de ousadia.”

A companhia tem lançado cerca de 50 SKUs por ano e planeja manter esse ritmo nos próximos cinco anos, mas com o foco em produtos com maior valor agregado e que aumentem o mercado endereçável da empresa.

Por exemplo, “vamos criar uma marca vegana de protetor solar e entrar na categoria de suplementação, com complexos vitamínicos e colágeno,” disse Ronaldo.

Nos itens de maior valor agregado, a Farmax opera com um preço 30% abaixo do das grandes multinacionais de bens de consumo; por exemplo, seu SunLess FPS50 sai por R$ 28; o Sundown, da Johnson, sai por cerca de R$ 40.

Segundo Ronaldo, a Farmax usa os mesmos fornecedores internacionais que as múltis, mas consegue cobrar menos porque tem custos administrativos (G&A) e de marketing (A&P) muito menores.

A empresa é a quinta aquisição do Fundo 3 da Vinci, que levantou US$ 1 bilhão em 2018 e agora já alocou 62% do capital. O fundo também investiu na Agi Inc., a controladora do Agibank; Domino’s; Grupo Cura; e na Vero, uma operadora regional de telecom.

Araújo Fontes e o escritório Azevedo Sette assessoraram a família Amaral.

UBS BB e Lobo de Rizzo assessoraram a Vinci.

Fonte: Brazil Journal

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