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FMI reforça riscos de inflação, mas diminui pouco a projeção de crescimento global

O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez uma tímida revisão para baixo de sua projeção de crescimento econômico global em seu novo relatório “World Economic Outlook”, divulgado nesta terça-feira (12).

A expectativa é de um avanço de 5,9% no PIB global contra 6% esperados em julho passado. Para 2022 não houve alteração e o fundo continua esperando uma alta de 4,9% no ano.

O Brasil também sofreu leves reduções. Para 2021, o FMI prevê um crescimento de 5,2% no PIB brasileiro. Em 2022, a alta projetada é de 1,5%.

Em relação ao relatório de julho, o PIB do Brasil previsto para este ano foi diminuído em 0,1 ponto percentual. Ao resultado do ano que vem foi aplicada uma redução de 0,4 ponto percentual.

O Brasil contraria o reajuste feito na região a que pertence, da América Latina e Caribe. O grupo de países teve um ajuste para cima de 0,5 ponto percentual, chegando a crescimento projetado de 6,3% em 2021.

A alta neste ano provocou redução de 0,2 ponto percentual para 2022, totalizando crescimento de 3% no ano que vem para os latinos. A região, contudo, sofreu mais do que o Brasil durante a pandemia, com queda de 7% em 2020 contra 4,1%.

Nesta edição, a maior redução foi para o grupo Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. Houve redução de 1,4 ponto percentual para 2021, com crescimento esperado de apenas 2,9%.

Das grandes economias, chama atenção a revisão dos Estados Unidos, que teve o crescimento diminuído em 1 ponto percentual, para alta de 6% em 2021.

Inflação no Brasil

Como a inflação global teve atenção especial no relatório, o fundo fez uma série de revisões e avaliou a política monetária dos países analisados.

No caso do Brasil, houve um salto das projeções inflacionárias. O FMI espera uma alta de 7,9% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 e de 4% em 2022. Em abril, o previsto era de 4,5% neste ano e 3,5% no próximo.

A expectativa do fundo ainda é menor do que o esperado pelos agentes de mercado que respondem semanalmente ao boletim Focus, do Banco Central. Nesta segunda-feira (11), o mercado financeiro voltou a elevar as estimativas para a inflação oficial em 2021 e 2022.

Neste ano, o mercado espera uma alta de 8,59% para o IPCA. Para 2022, de 4,17%.

Apesar de estar mais “otimista”, o FMI reconhece que as ações do BC serão decisivas para trazer de volta a inflação para a meta no ano que vem.

“Considerado um teste de estresse de um novo quadro de metas de inflação, a experiência mostrou (1) a necessidade de maior ação de política monetária para contrariar expectativas não ancoradas e estabelecer credibilidade, e (2) como orientação clara e contingente ao estado poderia complementar a resposta inicial”, dizem os economistas do FMI.

O Comitê de Política Monetária (Copom) tem feito ajustes padronizados na taxa básica de juros e sinalizou uma nova elevação no mesmo patamar na próxima reunião, em 27 de outubro. Para os diretores do BC, essa tendência é a certa para que a inflação retorne às metas depois de 2021.

Covid ainda atrapalha

O FMI demonstra preocupação com a perda de vigor da recuperação econômica global, que segue sendo atrapalhada pela pandemia do coronavírus.

Entre os fatores indicados está a ampliação de contágios pela variante delta, que, além de gerar impactos nos sistemas de saúde, trouxe restrições a pólos importantes da cadeia mundial de produção e distribuição.

A renovação dos efeitos da Covid-19 deu gás à inflação global e o aumento de riscos fez com que as políticas monetárias tivessem efeito mais limitado na contenção da alta de preços.

“A política monetária precisará andar na linha tênue entre combater a inflação e os riscos financeiros, e apoiar a recuperação econômica”, diz o texto assinado por Gita Gopinath, economista-chefe do FMI.

Assim, apesar de uma alteração modesta na média da projeção econômica neste relatório, o FMI ressalta que há revisões drásticas para baixo em alguns países em desenvolvimento e de renda mais baixa.

Segundo o fundo, o grupo de economias avançadas deve recuperar o patamar pré-pandemia em 2022 e excedê-lo em 0,9% em 2024. Mas mercados emergentes e em desenvolvimento (excluindo a China) deverão permanecer 5,5% abaixo da produção pré-pandemia daqui a 2 anos.

“Essas divergências econômicas são consequência de grandes disparidades no acesso às vacinas e nas políticas de suporte econômico”, diz o relatório.

O FMI aponta que a vacinação em países mais pobres ainda engatinha e impede uma plena recuperação. Enquanto 96% da população de países pobres continua sem se vacinar, nos países mais ricos há cerca de 60% da população totalmente imunizada.

Não bastasse, economias mais frágeis saem em desvantagem por não terem espaço fiscal para medidas de estímulo à economia, como planos de distribuição de renda e concessão de crédito para pequenas e médias empresas.

Quebra de cadeias globais

O FMI traz no relatório uma especial preocupação com o que se chama de “quebra das cadeias globais”. Trata-se de uma interrupção de produção ou distribuição de insumos industriais, criando uma crise de oferta no mercado e, consequentemente, mais impulso à inflação.

Um exemplo clássico é o que aconteceu neste ano com a produção de chips e semicondutores, que causou problemas à produção de automóveis e eletrônicos.

As causas são várias, desde a interrupção das fábricas por conta de rebotes da pandemia até questões climáticas que prejudiquem a safra de insumos importantes, como as commodities.

Uma aliança entre crise de oferta com retomada da demanda pelo avanço da vacinação, por exemplo, pode elevar as perspectivas de inflação muito rapidamente, ressalta o relatório do FMI.

“Os preços dos alimentos aumentaram na maioria em países de baixa renda, onde a insegurança alimentar é mais aguda, aumentando o fardo dos mais pobres e aumentando o risco de agitação social”, diz Gopinath.

Emergência climática

O FMI dá espaço especial também à questão climática nesta edição do relatório, pedindo “maior compromisso” das nações em conter efeitos perversos das mudanças no meio ambiente.

Entre medidas iniciais, o fundo pede uma estratégia única de remuneração para o mercado mundial de créditos de carbono, um investimento público verde e incentivos à pesquisa que possam “avançar a transição energética de forma equitativa”.

“Tão importante quanto, os países avançados precisam cumprir suas promessas anteriores de mobilizar US$ 100 bilhões de financiamento climático, anualmente, para as nações em desenvolvimento”, afirma Gopinath.

“A pandemia e as mudanças climáticas ameaçam exacerbar as divergências econômicas entre as economias mundiais”, prossegue.

No relatório, Gopinath pede ainda uma ampliação dos esforços multilaterais para garantir “liquidez internacional adequada” para economias restritas e auxiliar na redução do endividamento.

A economista sugere que economias desenvolvidas destinem sua parcela dos US$ 650 bilhões de repasses do FMI para o Fundo para Redução da Pobreza e Crescimento e para o estabelecimento de um Fundo de Resiliência e Sustentabilidade, que forneceria financiamento de longo prazo para apoiar o investimento dos países no crescimento sustentável.

“Se a Covid-19 tiver um impacto prolongado no médio prazo, poderia reduzir o PIB global em US$ 5,3 trilhões nos próximos cinco anos em relação à nossa projeção atual. Não tem que ser assim”, diz Gopinath.

“A comunidade global deve intensificar os esforços para garantir o acesso equitativo à vacina para todos os países, superar a hesitação da vacina onde houver fornecimento adequado e garantir melhores perspectivas econômicas para todos”, segue.

Fonte: G1

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