Conversas teriam avançado nas últimas semanas e têm sido lideradas pelo comando das duas matrizes, na França e Holanda
O grupo Carrefour, controlador do Atacadão, negocia a compra da operação do Makro no país, terceira maior atacadista do Brasil, com vendas anuais em torno de R$ 8 bilhões e cerca de 75 unidades locais. As conversas teriam avançado nas últimas semanas e têm sido lideradas pelo comando das duas matrizes, na França e Holanda. O banco Rothschild assesssora a operação.
Segundo duas fontes a par do assunto, o Makro busca vender por valores próximos a R$ 5 bilhões, mas o Carrefour, até novembro do ano passado, considerava o valor alto e aceitaria pagar menos de R$ 4 bilhões.
Por conta das diferenças em relação a preço, as negociações entre as partes acabaram perdendo força no fim de 2019. Mas os contatos teriam voltado a acontecer com maior frequência nas últimas semanas e já teriam chegado mais próximos de um acordo.
Últimos números mostram que o Makro no Brasil registrava prejuízo operacional e prejuízo líquido, e os múltiplos negociados nessas transações consideram esses indicadores – em 2017, o prejuízo antes de receitas e despesas financeiras foi de R$ 110 milhões, segundo balanço publicado pela rede. A perda líquida foi de R$ 115 milhões.
Se a operação for concluída, o Atacadão e Makro, juntos, atingiriam vendas brutas anuais de cerca de R$ 50 bilhões (com base em números de 2019), distanciando-se mais do concorrente Assaí, controlado pelo Grupo Pão de Açúcar. No ano passado, as vendas do Assaí foram de R$ 30 bilhões. Com o Makro, o Carrefour chegaria a uma receita bruta anual de R$ 70 bilhões.
De acordo com uma segunda fonte, durante as conversas cogitou-se negociar uma parte das lojas do Makro, mas há informações no setor que o grupo holandês prefere vender toda a operação.
esde o ano passado, o Makro mudou o seu modelo de operação, passando a focar os negócios no “atacarejo”, ampliando com isso a venda de mercadorias a consumidores finais, e não apenas para pessoas jurídicas, mas os resultados obtidos, apesar de algumas melhorias, teriam ficado abaixo do esperado.
Na última década, os grandes grupos varejistas já tentaram adquirir o Makro, como o próprio GPA, no período da gestão de Abílio Diniz – hoje, acionista do Carrefour. Mas os holandeses resistiam às propostas, pelo avanço da operação entre os anos 90 e 2000.
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