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Inflação sobe em meio à crise; o que está provocando a alta dos preços?

As últimas semanas reacenderam uma antiga preocupação dos brasileiros: a alta de preços.

Na sexta-feira (9), o IBGE divulgou que a inflação de setembro ficou em 0,64% – a maior taxa para o mês desde 2003. Já o IGP-M, a chamada inflação do aluguel, alcançou seu maior valor em 17 anos, no acumulado em 12 meses.

Mas afinal, o que está provocando essa alta na inflação?

O principal motor das altas de preços é a diferença entre a oferta e a demanda dos produtos. Quando a oferta é baixa e a demanda é alta, os preços tendem a subir.

Na situação oposta, quando tem pouca gente querendo comprar e muita mercadoria para vender, o natural é que os preços caiam.

Mas, na situação atual do Brasil, surgiram novos “vilões”: a procura por alimentos e commodities no mercado internacional e, principalmente, o dólar alto levaram a inflação de produtos no atacado às alturas.

A “temperatura” do atacado é medida pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa cerca de 60% do Índice Geral de Preços – Mercado, o IGP-M, aquele usado para corrigir os contratos de aluguel.

Na pesquisa de setembro, o IPA subiu 5,92%, acumulando alta de 25,26% em 12 meses. A consequência foi a disparada do IGP-M.

Na cesta do IPA estão produtos como minério de ferro (alta de 71,6% em 12 meses e 86,2% de janeiro a setembro), carne suína (76,1% e 41%, respectivamente), arroz (123,3% e 110,6%), trigo (38,8% e 40,7%) e soja (75,4% e 66,6%).

Os preços das commodities subiram com o relaxamento das medidas restritivas contra o novo coronavírus e com a lenta recuperação da economia em todo o mundo.

Todos os produtos, além de verem seus preços subirem dólar, também sofrem efeito de uma desvalorização forte do real frente à moeda americana.

Como mostrou reportagem do G1, o real se tornou a pior moeda do mundo em relação ao dólar por causa das incertezas com o plano de recuperação fiscal brasileiro, juros mais baixos, crescimento tímido e a despreocupação com o meio ambiente. E, sempre que o real se desvaloriza, acaba convidando os países a comprar do Brasil.

Por um lado, há melhora dos números da balança comercial. Por outro, acontece um desabastecimento do mercado brasileiro para itens que são matéria-prima para fabricação de alimentos que chegam às gôndolas. A alta da soja, por exemplo, aumenta o preço de ração animal, que se reflete nos custos da carne.

E quais os riscos?

“Enquanto o risco fiscal não se resolver, pode acontecer nova desvalorização da moeda e ampliar o efeito da demanda internacional. Se o mundo volta à normalidade, ele passa a consumir mais e, com a mesma quantidade de dólares, a comprar cada vez mais do Brasil”, afirma o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).

Braz, que é coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), não acredita, contudo, que o Brasil corre risco de um estouro inflacionário prolongado com crescimento estagnado, a chamada “estagflação”.

Ainda que os preços no atacado continuem pressionados por algum tempo, diz ele, o mercado interno ainda não recuperou os espaços perdidos para a pandemia. Com alguma retomada do trabalho, principalmente de prestadores de serviços que foram impedidos de manter atividades, haverá algum aquecimento da atividade econômica.

“A economia não tem renda suficiente na mesa, porque ainda temos desemprego alto, para sustentar repasses de preço a ponto de colocar a inflação acima da meta e com dificuldade do Banco Central contornar a situação”, afirma Braz.

O ex-presidente do BC, Gustavo Loyola, também aposta em um ambiente temporário, a depender do empenho político na agenda de equilíbrio fiscal. Com a demanda interna ainda fraca, as atenções se voltam ao enfraquecimento do real.

“Há a hipótese de a moeda se desvalorizar ainda mais e aumentar essa pressão de preços, mas parece improvável”, afirma o economista.

Para Loyola, o governo precisa dar clareza a duas metas básicas para que a situação se equilibre e afaste rumores de inflação fora de controle.

No curto prazo, é preciso saber o desenho do Orçamento de 2021. Com essa informação em mãos, será possível compreender o plano de ajuste de contas que o governo terá para a saída da pandemia. Isso inclui o financiamento do programa Renda Cidadã dentro do teto de gastos.

Para o médio prazo, passadas as eleições municipais e as eleições para presidência da Câmara e do Senado, os olhos se voltam à continuidade das reformas administrativa e tributária. É nesse momento que o mercado verifica se ainda há prestígio e influência do ministro Paulo Guedes para o andamento da agenda reformista.

Fonte: G1

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