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IPOs seguem vivos? B3 tem empresa de cemitério na fila

O ano de 2020 nem acabou, mas já é fácil dizer que foi o mais surpreendente da história recente do mercado de capitais brasileiro. O recorde de mais de 100 bilhões de reais movimentados com ofertas de ações foi alcançado em um ano de pandemia, com um novo vírus à solta e que trancou literalmente meio mundo em suas casas. Para coroar o feito, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu nesta segunda-feira, dia 23, o pedido de abertura de capital de uma empresa de cemitérios e serviços funerários, o Grupo Cortel, fundado há 57 anos.

A pretendente tem uma carteira grande de ativos no que podemos chamar de ramo da morte, mas uma receita pequena se considerado o tamanho de costume de companhias abertas, em especial aquelas consideradas mais vividas em seus ramos de negócios — como é o caso aqui. Nos primeiros nove meses de 2020, a receita líquida da empresa somou quase 76 milhões de reais, com um aumento de 37% em relação ao mesmo intervalo de 2019. O Grupo Cortel não atribui esse crescicmento à pandemia: afirma que a covid-19 até o momento não causou impactos operacionais, financeiros e contábeis significativos.

Porém, quando fala de futuro, lá está o novo coronavírus. Sem nenhuma cerimônia, o prospecto preliminar da operação aponta a expectativa de que haja um aumento de demanda nos próximos meses em virtude das mortes por covid-19 e afirma que alguns empreendimentos já registraram crescimento na procura.

A lista de ativos da Cortel tem 10 cemitérios, que somam 76 mil jazigos ocupados e 15 mil livres, cinco crematórios, um crematório de animais, uma casa funerária, 40 salas de velórios, 8 capelas e dois planos preventivos funerários. Ao longo de sua história, já realizou mais de 145 mil sepultamentos e cremações.

Entre os pontes fortes e de atratividade para o investidor, o Grupo Cortel destaca no material para os investidores o caráter de “perpetuidade” de seu negócio e afirma já ter hoje  70 mil jazigos comercializados e mais de 17 mil beneficiários de planos funerários.

Ainda que o prospecto preliminar não traga dados sobre a destinação dos recursos a serem obtidos com a oferta, fica evidente o objetivo da empresa de ser um agente de consolidação. Ela destaca nos planos a compra de ativos maduros e mal administrados, em centros urbanos com mais de 500 mil habitantes. Outro vetor de crescimento esperado são os planos preventivos.

Que o luto pode ser um negócio altamente rentável não é de hoje que se sabe. Mas o Grupo Cortel deixa evidente. A margem Ebitda de janeiro a setembro superou 50%, em um ritmo crescente que parte de 16% em 2017. Nos três primeiros trimestres deste ano, o Ebitda da empresa totalizou 38,17 milhões de reais e o lucro líquido somou mais de 21 milhões de reais (mais que o dobro de igual período de 2019).

Embora não haja nenhuma empresa deste ramo aberta na B3, o setor não é exatamente novo no mercado. Há o fundo de investimentos imobiliários Brazilian Graveyard, conhecido pelo código CARE11. Aliás, apesar de fundado por José Elias Flores em 1963, o Grupo Cortel tem justamente o fundo Brazilian Graveyard e a gestora Zion Capital como acionistas relevantes, com 18% do capital total.

A expectativa é que a operação — se sair — ficará para 2021. O grande drama dessa transação é que as ofertas de pequenos negócios estavam concentradas na demanda de pessoas físicas, como foi o caso da Priner, no começo de 2020. E o fluxo do pequeno investidor, se seguir o que se viu até agora em novembro, morreu neste ano. O aplicador direto de bolsa tirou quase 9 bilhões de reais da B3, apenas até dia 18. Se quiser vir à bolsa em 2020, a Cortel teria que ressuscitar o otimismo.

Quando ele ainda estava vivo, a Crescera Capital se comprometeu com um aporte de 350 milhões no Grupo Zelo, considerado o maior de serviços funerários no país.

Fonte: Exame

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