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Jaqueline Goes quer criar projetos para incentivar mulheres na ciência

Biomédica baiana enfrentou dificuldades para conquistar seu espaço como uma mulher negra que faz ciência

No carnaval de abril deste ano, a biomédica baiana Jaqueline Goes foi homenageada no desfile da escola de samba Beija-Flor, do Rio de Janeiro. O enredo “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz” celebrava a contribuição intelectual de artistas, escritores e cientistas negros. 

A biomédica ganhou os holofotes quando coordenou a equipe de cientistas do IMT (Instituto de Medicina Tropical) da USP (Universidade de São Paulo) que sequenciou o genoma do SARS-CoV-2 em tempo recorde: 24 horas após a confirmação do primeiro caso da doença no Brasil. Depois disso, Jaqueline ganhou sua própria versão da boneca Barbie, acumulou milhares de seguidores nas redes sociais e foi eleita uma das 20 mulheres de sucesso do Brasil pela Forbes em 2022. 

Trajetória e representatividade

Mesmo sem muitos recursos financeiros, os pais de Jaqueline investiram na sua educação e a incentivaram a estudar. “Eles investiram em escolas particulares entendendo que esse caminho nos ajudaria a mudar de vida. Sempre fui uma boa aluna, e minha mãe me cobrava muito.”

Foi por causa da mãe que ela descobriu a área da saúde. “Ela era técnica de enfermagem e eu frequentava o ambiente do hospital com ela, via as pessoas de jaleco branco e achava que aquela era a melhor profissão do mundo”.

Mas ela não se via nesse lugar. Até entrar na faculdade, não sabia que podia ser cientista. Esse cargo estava reservado ao estereótipo do homem, branco, de meia idade, do qual ela passava longe. 

Jaqueline enfrentou a falta de representatividade e o descrédito e se encontrou na biomedicina. Fez iniciação científica, mestrado, doutorado e hoje desenvolve pesquisas em nível de pós-doutorado. 

A biomédica atribui parte desse sucesso a sua mentora, a imunologista e professora Ester Sabino, chefe da equipe de maioria feminina que sequenciou o vírus. “Ela não só me incentiva, como abre espaço para que eu possa brilhar.” Foi Ester que estimulou Jaqueline a dar entrevistas e falar sobre o feito. “Se fosse qualquer outra pessoa, principalmente um homem, o sequenciamento teria sido contabilizado para ela, como chefe do grupo de pesquisa.”

Mapear vírus já fazia parte do dia a dia de Jaqueline. Antes da pandemia, ela já tinha estudado a zika e a dengue e publicado artigos de projeção mundial. Mas apesar de todas essas conquistas, e até mesmo do sequenciamento que tornou seu nome famoso, ela ainda se surpreende com homenagens e muitas vezes questiona esse sucesso. “Será que eu mereço? Será que realmente isso faz sentido? Sempre rola esse questionamento, eu sou a maior prova da síndrome da impostora.”

Por mais mulheres na ciência

Jaqueline entrou no mundo da ciência com um objetivo: ser uma pesquisadora com publicações relevantes. O objetivo foi concluído, mas, hoje, ela já projeta outras metas. “Hoje eu penso em coisas muito maiores que jamais passaram pela minha cabeça e que estão relacionadas com comunicação e contato com o público.”

Em uma entrevista para um canal de televisão, a atriz americana Viola Davis foi questionada sobre a importância da representatividade. Ela respondeu que é preciso ver uma manifestação física dos seus sonhos. “Você precisa saber que seu sonho é possível. Todos os sonhos são possíveis. O que separa o sonho da realidade é o caminho da oportunidade”.

O novo grande objetivo de Jaqueline é usar o lugar de referência na ciência que caiu no seu colo para criar essa oportunidade e incentivar as carreiras de meninas e mulheres na ciência. “Ter uma voz que é ouvida te coloca numa posição de poder”, afirma. Ela quer usar essa voz para criar projetos e caminhos para que mulheres, especialmente em vulnerabilidade social, desenvolvam seus talentos. “Gosto de jogar para o universo que um dia vou conhecer o Lewis Hamilton, e só vou precisar de dois minutos para explicar tudo e pedir o financiamento para esse projeto.” 

Fonte: Forbes

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