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Joio ou trigo? O primeiro teste dos fundos de agro

As gestoras da Faria Lima que tentam emplacar ofertas de fundos de agro — um instrumento que funciona com os mesmos benefícios tributários dos fundos imobiliários — estão esbarrando num investidor machucado pelo pífio desempenho dos FIIs, o que reduz apetite para os Fiagros.

A primeira leva de ofertas públicas de Fiagros está deixando as gestoras com o bolso bem mais vazio do que imaginavam — algumas tiveram que reduzir drasticamente o tamanho do fundo pretendido e uma delas ficou pelo caminho. Para banqueiros e gestores, é um contrassenso ficar de fora dos Fiagros num momento de alta da Selic porque os fundos vão pagar CDI mais spread.

A Santa Fé, gestora fundada pelos Bueno — uma família que fez fortuna com terras e enveredou para o mercado financeiro com uma asset que administra fundos multimercados e de ações –, tentou explorar a expertise dos sócios, mas não conseguiu captar o Fiagro para aplicar em terras.

Por duas vezes, a Santa Fé tentou enfrentar a resistência dos investidores. Inicialmente, o Fiagro pretendia captar ao menos R$ 200 milhões. Sem demanda, os gestores desistiram da oferta em outubro, mas a retomaram em novembro, reduzindo o tamanho mínimo para R$ 50 milhões.

Mesmo assim, a oferta não pegou. A alocação do fundo da Santa Fé estava prevista para ontem e, ao que tudo indica, será postergada outra vez. De última hora, investidores que chegaram a fazer reservas para o Fiagro vinham reduzindo suas ordens. A oferta é coordenada pelo Modal.

A estratégia da Santa Fé para o Fiagro também pesou contra. Com um fundo destinado a compra de terras, os investidores entenderam que o yield seria muito pequeno, perto de 2,5% por ano. Na prática, o investimento só se pagaria num prazo maior, na venda das fazendas – em dez anos.

A dificuldade da Santa Fé talvez seja o caso limite por sua particularidade, mas fundos de agro que vão investir em crédito agrícola para surfar na escalada do CDI também não tiveram uma vida exatamente fácil para levantar os recursos. A JPG, que captou um Fiagro para investir títulos de dívida agrícolas (notadamente, CRAs), levantou R$ 84,8 milhões em uma oferta coordenada pela Órama. O montante ficou bem próximo do tamanho mínimo da oferta, de R$ 80 milhões.

Ontem, a EQI conseguiu alocar seu primeiro Fiagro, mas passou raspando. O fundo da gestora (NCH EQI), que também vai aplicar recursos em CRAs, captou R$ 42 milhões, quase no limite mínimo de R$ 40 milhões da oferta. A pretensão inicial da EQI era levantar até R$ 350 milhões.

De fato, somente a Riza – a gestora comandada por Daniel Lemos – conseguiu fazer uma oferta com boa demanda, mas isso foi em outubro, antes da piora de humor generalizada no mercado. Se valendo da experiência da Riza com seu fundo de terras, um FII tradicional, a gestora levantou R$ 300 milhões também para investir em CRAs de produtores rurais. A XP coordenou a oferta.

Antes da virada do mercado, os mais otimistas apostavam que a indústria de Fiagros levantaria R$ 3 bilhões em 2021, o que seria um montante razoável para uma classe que acaba de estrear. Se levantar R$ 1,5 bilhão, já será um bom resultado diante das resistências dos investidores.

Até hoje, os fundos de agro levantaram pouco mais de R$ 800 milhões. No total, também estão incluídas os Fiagros de XP Asset (R$ 140,9 milhões), Valora (R$ 100 milhões) e Kinea – a gestora está com uma oferta de até R$ 425 milhões em aberto até abril (um oferecimento da poderosa máquina de distribuição do Itaú) e já levantou R$ 150 milhões em outubro.

Ainda há duas ofertas na fila. A FG/A está na praça com uma oferta para levantar até R$ 350 milhões. Diante do ambiente adverso, a expectativa é que o fundo fique entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões, mas a gestora de Ribeirão Preto tem o DNA no agro como um diferencial, o que sugere uma alocação rápida dos recursos em CRAs. Como assessoria, atividade original da FG/A, a casa já estruturou mais de R$ 16 bilhões em créditos para usinas e empresas do agronegócio.

Num relatório divulgado ontem, a casa de research Levante recomendou a compra de cotas do FGAA11. “A expertise da FGA na cadeia agro é uma qualidade essencial para a geração de valor para os cotistas do fundo, possibilitando o investimento em um portfólio de CRAs bem estruturado e com crédito de qualidade”, disseram os analistas liderados por Rafael Bevilacqua. A oferta da FG/A é coordenada pela XP.

A asset do Banco do Brasil, que tem poder de fogo de sobra e uma reconhecida capacidade de originar crédito agrícola – legado da liderança histórica do banco estatal na concessão de crédito rural, também quer levantar um Fiagro ainda em 2021. O fundo da gestora do BB almeja alcançar R$ 400 milhões, numa oferta com tamanho mínimo de R$ 100 milhões para emplacar o fundo. A alocação do BB está prevista para 13 de dezembro. UBS-BB coordena a distribuição da oferta.

Nos Fiagros já que são negociados na B3 (XP Asset e Riza), o pé atrás do investidor fica evidente. As cotas de ambos caíram cerca de 10%.

Fonte: Pipeline Valor

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