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Kroton: como a startup Ampli quer revolucionar o ensino pelo celular

No mundo acadêmico tradicional, o aluno sempre teve que se ajustar ao que a instituição educacional consegue oferecer: métodos de ensino que não dialogam com as suas necessidades, grade horária engessada, preços inacessíveis e por aí vai. Não por acaso, escolas e faculdades convivem com elevados índices de evasão. Tudo isso posto, o que deveria ser o objetivo final de toda escola, que é o aprendizado do aluno, acaba sacrificado.

São práticas que cada vez mais se chocam com o que acontece em outras áreas, em que a personalização a partir do uso de dados permite uma experiência melhor, com resultados mais eficientes e níveis de satisfação mais elevados.

É nesse contexto que nasceu a Ampli, a edtech da Kroton, maior instituição de ensino superior do país, com cerca de 1 milhão de alunos. Depois de dois anos de desenvolvimento, a startup se prepara para ganhar escala no ensino à distância (EaD) pelo celular, por meio de um aplicativo que roda em uma plataforma pensada na experiência do aluno.

“A Ampli é nosso melhor exemplo de como as startups e as estratégias digitais têm transformado a Kroton, para que se torne uma empresa mais digital e mais customer centric, com uso de dados e personalização. A Ampli é uma catalisadora da transformação: é uma empresa que pensa tecnologia em um ambiente de educação”, disse Roberto Valério, CEO da Kroton, em entrevista à EXAME Invest.

Para comandar a empreitada, a Kroton recrutou Rangel Barbosa, então consultor da McKinsey com ampla experiência no setor de educação, para ser o CEO da Ampli. Ele havia sido um dos consultores da integração da Kroton com a Anhanguera em meados da década passada e tinha experiência como professor e empreendedor na área de educação, com sua própria startup.

São atualmente mais de 80 cursos de graduação já oferecidos pela Ampli, que tem nota 5 (a mais alta) no MEC, e que vão chegar a 120 até o fim do ano, muitos voltados para as carreiras do futuro (e do presente): de marketing digital a desenvolvedor back end, front end e de aplicativos.

“Naturalmente esses cursos serão oferecidos também pela Kroton”, afirma o executivo que comanda a divisão de ensino superior da Cogna (COGN3),o maior grupo de ensino do país.

O sonho grande, no entanto, vai além da graduação. A Ampli quer atender também o mercado de jovens e adultos — conhecido como EJA –, estimado em 60 milhões de pessoas no país. São brasileiros com mais de 16 anos de idade que não completaram o Ensino Básico e Médio ou não estão na idade apropriada.

Há planos também de oferta de cursos técnicos. Somando todas as frentes, a Ampli pode atender um mercado estimado em 170 milhões de pessoas.

“Estávamos acostumados apenas com graduação, mas percebemos que, com a tecnologia, poderíamos oferecer muito mais dentro do nosso propósito de levar educação de qualidade para mais pessoas: pós-graduação, EJA, cursos livres e cursos técnicos”, diz Valério, antes de fazer um complemento. “E isso tem sentido também do ponto de vista de negócios, porque esse público do EJA em algum momento vai fazer gradução também”, diz.

Há também um salto de abrangência geográfica. A Kroton atende atualmente cerca de 1.700 das 5.000 cidades do país, mas, com o ensino digital pelo celular, essa cobertura passa a ser de 100% praticamente.

“A experiência de uso da plataforma é simples, há um portfólio grande de cursos, o preço é baixo, a duração pode ser adaptada ao que o aluno quer — se ele quiser pular as férias e completar em três anos em vez de quatro consegue — e o calendário é flexível — há início de cursos semanalmente”, disse sobre os diferenciais da Ampli.

Os resultados têm sido tão encorajadores, segundo Valério, que a Kroton decidiu abrir duas frentes a partir da Ampli: uma com operadoras de telecomunicações, que deu origem ao acordo com a TIM Brasil (TIMS3), anunciado em julho. “Se queremos um produto digital para ser distribuído pelo celular, nada melhor do que um parceiro que tenha uma base de clientes”, explicou Valério, em referência aos 50 milhões de clientes da operadora no Brasil.

A outra frente busca dar escala ao modelo considerado inovador dentro da própria Kroton. “Estamos escalando a Ampli como marca, como conceito e como operação”, conta Valério. A plataforma deve estar disponível para novos alunos de graduação da Kroton já a partir do primeiro semestre de 2022.

Rangel assumiu também como executivo-chefe de Produto (CPO) da Kroton, levando seu time para integrar a área de produtos do grupo, com o objetivo de levar as soluções para a base de 1 milhão de alunos de ensino superior.

A aposta no modelo da Ampli vai de encontro também a uma demanda dos próprios alunos, com uma inflexão causada e ocorrida em meio à pandemia. “O aluno de gradução presencial antes reclamava quando havia alguma carga horária com ensino à distância. Hoje vemos que há uma resistência para a volta das aulas presenciais”, conta Valério.

“Aceleramos uns cinco anos na aceitação do ensino digital. Muitos alunos que tinham preconceito perceberam que a experiência é boa para o aprendizado, além das praticidades”, afirma.

Startup dentro de casa

É um conceito que começou a tomar forma em meados de 2019, momento em que havia certo consenso na Kroton de que o ensino presencial perderia gradualmente o protagonismo. “Sabíamos que a educação à distância seria também disruptada em algum momento”, afirma o CEO da Kroton, do alto dos 20 anos de experiência na instituição no EaD.

O objetivo: lançar a disrupção dentro de casa, mas de maneira segregada para que o modelo de trabalho e mental dos colaboradores não tivesse uma interferência que pudesse de algum modo cercear a criatividade.

“Pensamos em uma startup com acesso a todas as vantagens de pertencer a um grupo grande como a Kroton, como o acesso a recursos, a conteúdo, a professores, a um time dedicado a entender questões legais e regulatórias e a uma base de alunos para testar, mas ao mesmo tempo com autonomia e sem amarras para buscar novas soluções”, diz Valério.

Isso fez a diferença no processo de desenvolvimento, segundo o CEO da Ampli. “Pudemos focar 100% na operação, com uma autonomia rara em startups dentro de grandes grupos. Aceleramos rapidamente o projeto, porque tínhamos recursos à disposição”, conta Rangel.

“Buscamos uma perspectiva muito diferente de ensino superior e de educação, com uma plataforma tão flexível que é muito rápido gerar campus novos, lugares novos e mercados novos”, afirmou.

Rangel afirma que o desenho da plataforma pensando sempre na experiência do aluno foi algo fundamental.

“Tem que ser algo muito simples de usar, porque nós atendemos o Brasil inteiro. O aluno não vai aprender se ele não se engajar. E daí vem um conjunto de detalhes que fazem a diferença: ele vai estudar duas matérias ao mesmo tempo? Não. Tem textos longos? Não. Tem vídeos longos, não. Além disso, o aluno tem que sair da aula com o sentimento de que aprendeu algo.”

Segundo o empreendedor e CEO da Ampli, pesquisas com os alunos apontaram que 95% disseram que o conteúdo aprendido teve aplicação prática no seu dia-a-dia, o que sinalizou que estão no caminho certo.

“A plataforma foi pensada mais com o conceito de consumo de conteúdo, de modo que possa aumentar o engajamento do aluno, e menos com o conceito acadêmico. E percebemos que o produto tinha muita aceitação, com um NPS [Net Promoter Score] muito alto e muito engajamento dos alunos”, conta Valério.

Mundo acadêmico + experiência de produto

Antes da Ampli, o lançamento de um novo curso na Kroton era pensado em ambientes isolados: da pós-graduação, da gradução etc. Isso mudou para o modelo de plataforma que pode ser replicada para diferentes verticais de ensino.

Em meio a esses dois mundos, o da experiência de produto e o acadêmico, há uma conciliação para que o aprendizado do aluno de maneira mais efetiva seja o resultado final do novo modelo.

Outra diretriz do projeto desde o princípio foi desenvolver uma solução que pudesse ser facilmente replicável para ser levada para o Brasil inteiro, que não dependesse de satélite ou de internet em tempo integral.

O primeiro protótipo, contam, foi lançado depois de alguns meses e já nasceu como uma plataforma que funcionava por meio de um aplicativo de celular, pensado para não consumir muita internet nem ser muito pesado para funcionar.

“Conseguimos criar uma startup dentro de uma companhia muito grande, com 12.000 funcionários”, resume Valério, que cita outras duas startups dentro da Cogna que também estão com resultados considerados muito positivos: a Stoodi, que é um preparatório para o Enem; e a Consultoria Educação, uma plataforma de afiliados para a venda de cursos.

Fonte: Exame

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