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Locaweb e Magalu mostram tendência no mercado de fusões e aquisições

O mercado brasileiro vive um momento inusitado. De um lado estão empresas enfraquecidas pela pandemia e, de outro, companhias com caixa e recursos para fazer investimentos. Essa combinação entre empresas em dificuldade e outras em busca de investimentos pode levar ao surgimento de operações interessantes em fusões e aquisições, acreditam especialistas ouvidos por EXAME.

Durante os piores meses da quarentena, o número de operações de fusões e aquisições foi menor, principalmente por conta da incerteza de como a economia e o consumo iriam se comportar. Foram realizadas 513 fusões e aquisições de empresas com operação no Brasil no primeiro semestre do ano, queda de 5,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram realizadas 543 operações, de acordo com estudo da KPMG. Mesmo assim, ao olhar de forma mais aprofundada para o trimestre, o primeiro período teve 285 transações e o segundo, 228, queda de 20% de um período para o outro. 

Mas, daqui para a frente, a situação deve ser outra. “A economia vem sofrendo, mas vivemos um momento peculiar, porque o mercado de capitais está aquecido”, diz Paula Seabra Reis, sócia do escritório Dias Carneiro Advogados. Além disso, com os juros baixos, o melhor investimento acaba sendo em empresas, o que pode levar mais fundos a olharem o mercado de aquisições com atenção e companhias a adquirirem startups, concorrentes ou negócios complementares para expandir sua atuação. 

Entre os setores mais afetados pela pandemia e que podem passar por um movimento de consolidação está o de turismo, como cadeias de hotéis. Os setores de tecnologia e de saúde, fortalecidos pela pandemia, também devem ter operações de fusão e aquisição.

No primeiro semestre, entre os setores que mais tiveram movimentações, estão as empresas de internet, com 116 operações (alta de 28,4%), seguidas por tecnologia da informação (61 operações, estável), real estate com 38, companhias energéticas com 29, hospitais e laboratórios de análises clínicas com 31, mídia e telecomunicações, 24, alimentos, bebidas e fumo, 22, e serviços para empresas, com 17 movimentos de fusões ou aquisições, de acordo com estudo da KPMG.

O mercado de capitais aquecido – com mais de 15 IPOs apenas em 2020 – também pode fortalecer o movimento de fusões e aquisições. A Locaweb, por exemplo, adquiriu duas empresas este ano, depois de ter feito sua abertura de capital em fevereiro. As duas empresas compradas, a Social Miner e a Etus, fazem parte de um plano de entrega de aquisições detalhado no prospecto de IPO da companhia.

“Eu fiz o IPO e peguei dinheiro para fazer aquisições. Agora é preciso entregar”, disse Fernando Cirne, presidente da Locaweb Cirne, em entrevista à EXAME. Mesmo com a pandemia, a companhia prevê acelerar esse plano.

Interesse estrangeiro

O interesse estrangeiro pelo mercado brasileiro ainda está enfraquecido. A baixa taxa de juros no país e o câmbio instável desincentivam o investidor de fora a entrar no país. “O investidor estrangeiro é relevante, mas o mercado local está bastante ativo, principalmente ao olhar para os fundos de private equity”, diz Mauro Leschnizer, sócio de M&A do escritório Machado Mayer.

Uma operação completamente brasileira que chamou a atenção foi o acordo entre a Localiza e Unidas. As duas maiores empresas de aluguel de carros no Brasil anunciaram uma fusão, por meio de incorporação das ações da Unidas pela Localiza, resultando em uma companhia com valor de mercado de 50,5 bilhões de reais e frota de quase 491.000 veículos.

O Magazine Luiza é um exemplo de empresa com um forte plano de aquisições. Para fortalecer seu ecossistema de produtos e serviços, oferecidos tanto para consumidores quanto para vendedores em seu marketplace, o varejista realizou oito aquisições em poucos meses. A maior parte das empresas adquiridas são startups, que agregam tecnologia à empresa.

O maior mercado: empresas médias

O grande mercado de fusões e aquisições, no entanto, não está entre as empresas mais negociadas na bolsa de valores ou entre as startups queridinhas de investidores. Está no chamado middle market, ou mercado de empresas médias, com companhias que faturam de 150 milhões de reais a até 1 bilhão de reais por ano, dizem especialistas. “Esse é sem dúvida o maior mercado do Brasil. As grandes operações são mais visíveis e atraentes, mas o volume está nesse segmento”, diz Leschnizer.

Essas empresas ainda são, em parte, controladas pelos fundadores ou por suas famílias e herdeiros, que desenham um plano de sucessão familiar e podem profissionalizar a gestão com a entrada de um investidor ou novo sócio controlador.

Mesmo que, em alguns casos, ainda exista um apego dos fundadores e herdeiros ao negócio construído pela família, é um mercado mais promissor. “É um segmento aquecido e muitas empresas já são organizadas dessa forma”, pensando na chegada de um novo dono ou investidor, afirma Reis. 

De maneira geral, o mercado sai da crise fortalecido. “Vemos que o mercado de fusões e aquisições tem ganhado interesse em bancos e escritórios. A expectativa é que o número de operações só aumente”, diz Ítalo Martins, fundador e presidente do Curso de Introdução a M&A, grupo de estudos da Faculdade de Direito da USP.

Fonte: Exame

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