A operadora tecnológica de logística Loggi acaba de anunciar aos funcionários que o home office para os funcionários administrativos vai ser estendido até o final deste ano.
A Loggi tem poucos mais de 2 mil funcionários, dos quais 44% estão trabalhando remotamente desde que a pandemia do novo coronavírus mostrou os dentes no Brasil, em março. O home office duraria até junho deste ano, mas, com as incertezas sobre o ritmo da vacinação e a falta de perspectiva de arrefecimento do surto de covid-19 no país, a empresa decidiu adiar o retorno ao escritório.
“Precisamos dar previsibilidade para os colaboradores. Muita gente saiu de São Paulo, devolveu o apartamento… Quem tem filho não pode ter que mudar a vida toda novamente em setembro, por exemplo”, diz Monica Duarte, diretora de gestão de pessoas da Loggi. “Além disso, mantendo em casa quem puder, evitamos a circulação desnecessária de pessoas e fazemos a nossa parte para mitigar a pandemia.”
Mas a companhia tem atendido os pedidos de quem, por outro lado, não quer mais ficar trabalhando de casa. Reabriu a Loggi Tower, seu centro administrativo, que fica na região central de São Paulo. “O processo tem sido extremamente cuidadoso, com controle do número de pessoas permitidas e afastamento das mesas. Não vem tendo adesão muito alta”, diz Duarte.
Ouvir e ajudar
Para Duarte (e certamente muitos outros líderes em todo tipo de empresa), a pandemia tem proporcionado um “MBA em gestão”. Bastante do que se praticava e pensava nas empresas precisou ser jogado fora, enquanto novos conceitos e processos tiveram que ser inventados.
Para entender as demandas dos colaboradores, que também vêm mudando ao longo dos meses, conforme a pandemia evolui, a Loggi implantou em maio uma pesquisa mensal. As questões são relacionadas ao bem-estar e aos planos dos funcionários, para que a operadora logística consiga se adequar e ajudar.
“Se o colaborador responde que não está bem, perguntamos se quer que alguém lhe telefone, oferecemos atendimento psicológico à distância. Monitoramos quem tem sintomas e damos apoio para que não se sintam sozinhos”, diz Duarte. “Estamos tentando ser genuínos na atenção aos colaboradores.”
Na opinião da executiva, a maior lição da covid-19 para as empresas tem sido sobre a necessidade de prestar atenção às condições psicológicas dos colaboradores. “Antes, o problema era físico, de LER [lesão por esforço repetitivo] etc. Agora, a saúde mental passou a ser uma área estratégica. E é difícil, complexo, tabu. Procuramos dar condições a todos de se cuidar.”
Novas vagas
O fato de que o trabalho em home office tem sido bem avaliado tanto por funcionários quanto pela própria empresa reforçou o argumento a favor da extensão. Mais ainda: estimulou a Loggi a abrir vagas totalmente à distância para os profissionais da área de tecnologia. Como a legislação exige, o colaborador precisa residir no Brasil para ser contratado com carteira assinada.
A primeira vantagem desse modelo, para a companhia, é aumentar o número de candidatos potenciais para cada posição. “Nem todo mundo quer morar em São Paulo. Com a pandemia, tem gente que voltou para sua cidade natal e decidiu ficar. O trabalho remoto permite que o colaborador more na cidade que quiser”, diz Duarte. “Nosso lema é conectar o Brasil. Com essa estratégia, fazemos isso também nas contatações para o time.”
Fonte: Exame