Itaú coordenou e encarteirou emissão de FIDCs para a fintech, que já captou mais de R$ 3 bi em dívida
Num ambiente de aperto monetário, as fintechs brasileiras de meios de pagamentos não vem conseguindo escapar do azedume do mercado — Stone (um caso à parte pelo acúmulo de outros problemas) e PagSeguro não deixam mentir.
A Cloudwalk, o unicórnio brasileiro que oferece as menores taxas na antecipação de recebíveis do mercado com sua maquinha de cartões InfinitePay, também não conseguiu passar imune à Selic, mas nem por isso deixou de pisar no acelerador.
A startup fundada por Luís Silva acaba de levantar R$ 2,1 bilhões em dois FIDCs para financiar os lojistas pequenos e médios (PMEs), antecipando os recebíveis do cartão. A operação foi estruturada pelos bancos Genial e Itaú, que encarteirou as cotas. Os fundos vencem em três e cinco anos.
“É óbvio que nosso custo de captação acompanha a Selic, mas sempre vamos trabalhar com tecnologia para ter o spread menor”, diz Pablo de Mello Leonardo, sócio e CCO da CloudWalk.
Para se ajustar à Selic mais alta, a Cloudwalk também elevou taxa máxima cobrada para antecipar os recebíveis — de 7,45% ao ano para 10,85% nas compras parceladas em doze vezes. Nas mesmas condições, a Cielo cobra 41,47%, enquanto a taxa da PagSeguro fixa em 22,59%. A concorrente mais próxima é a Ton, da Stone, que cobra 10,99%.
Para a Cloudwalk, a captação dos R$ 2,1 bilhões em FIDCs significa acesso a um funding barato, diz Leonardo. Com os dois fundos recém-levantados, a fintech já chegou a R$ 3,4 bilhões em FIDCs em apenas três meses.
Mas esses FIDCs só representam uma pequena parte do que a Cloudwalk precisa para crescer o que projeta para 2022. “O FIDC é um excelente instrumento, mas vou crescer de 120% a 200%. Então, preciso mais que dobrar minhas linhas de funding”, emenda o executivo.
No ano passado, o TPV da startup passou de US$ 2,1 bilhões. Entre as possibilidades de funding em estudo para sustentar o crescimento, está a tokenização em recebíveis — a Cloudwalk é uma entusiasta da descentralização dos pagamentos, com o uso de blockchain.
Para crescer, a startup também se capitalizou em novembro, levantando US$ 150 milhões em uma rodada de equity, liderada pela Coatue, que avaliou a Cloudwalk em pouco mais de US$ 2,15 bilhões.
Fonte: Pipeline Valor