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O modelo de remuneração e a performance dos advogados

O Nick Jarrett-Kerr, NJK, é uma consultoria britânica para escritórios de advocacia, que, de forma muito objetiva, apresentou as desvantagens do sistema de remuneração chamado de lockstep, largamente utilizado na Europa e Austrália e, aparentemente, com os dias contados nos Estados Unidos, onde já teve seu apogeu.

Seguem as desvantagens relacionadas:

– Não lida explicitamente com a questão dos fracos ou fracassados.

– Não trata da questão dos altos executivos excepcionais.

– Não recompensa, de forma suficientemente rápida, jovens parceiros superiores.

– Pode recompensar parceiros moderados em maior extensão do que eles merecem.

O debate voltou a ganhar força no mercado americano depois da decisão do Cravath, Swaine & Moore em abandonar o modelo de remuneração que definiu o escritório por décadas e marca um momento crucial nas Big Law pela admissão indireta de uma das maiores tendências dos últimos anos: as sociedades de advogados com lockstep puro estão perdendo a guerra pelos melhores talentos.

O Cravath, 68° maior escritório em faturamento do mundo, estimados em 900 milhões de dólares e cerca de 600 advogados, perdeu seis sócios somente neste ano. “Era inevitável, com as perdas dos últimos anos. Eu teria previsto que isso aconteceria exatamente neste momento, pois estou confiante de que 2022 haverá mais perdas”, disse Sabina Lippman, da empresa de recrutamento legal Lippman Jungers Bala, sobre a decisão da Cravath de mudar para a versão modificada lockstep.

À medida que os advogados deixam a sociedade em alguns dos escritórios mais prestigiados dos Estados Unidos com maior frequência, cada saída é parte de uma história mais ampla sobre para onde o setor está se encaminhando. O dinheiro é certamente um fator, com participações cada vez maiores nos lucros disponíveis na maioria das bancas de elite. O prestígio e a ambição individual também desempenham um papel importante. Mas muitos analistas e observadores apontam para as mudanças que estão ocorrendo no próprio setor como os impulsionadores mais significativos dessa tendência.

Cada saída importante renova um debate contínuo sobre a viabilidade de um sistema de compensação por lockstep no setor jurídico moderno. Ao longo de sua história, os lucros por sócio em firmas de elite foram altos o suficiente para compensar as desvantagens potenciais do modelo, principalmente, a incapacidade de obter compensação extra para os principais originadores de negócios. Mas, dizem os observadores do setor que, à medida que a lucratividade cresceu nos escritórios com sistemas de remuneração mais flexíveis, isso permitiu que um grupo de novos concorrentes cortejasse parceiros que não teriam cedido no passado.

Existem outros fatores que estimulam a troca de escritórios, mesmo nas bancas onde uma saída já foi tão rara, incluindo a promessa de um papel de liderança mais proeminente ou o potencial de expansão doméstica ou internacional. Lippman diz que os advogados que estão saindo das bancas podem ter a chance de construir um legado maior em seus novos escritórios. Outros acham que há menos espaço para promoção nas suas atuais posições ou que não estão sendo recompensados adequadamente por sua carteira de clientes em um sistema baseado na antiguidade. “Um fator principal é que eles estão presos em um lugar que, na visão deles, não reflete quais são suas contribuições”, acrescenta Lippman.

Há também a tendência mais ampla da indústria que está em jogo no mercado: advogados e clientes são simplesmente menos rígidos hoje em dia do que no passado. Em algum momento, isso seria impensável, mas os clientes que já foram institucionais agora estão mais propensos a seguir seus representantes legais, desde que escritório de destino possa cuidar do trabalho.

No Brasil, os escritórios de advocacia encaram os shirkers (preguiçosos em uma tradução livre) e os underperformers mais como um problema de gerenciamento e desenvolvimento do que um problema de recompensa, e apresentam causas para o baixo desempenho que podem incluir:

– Problemas culturais, incluindo complacência e desejo de permanecer em uma zona de conforto.

– Sócios que atingiram o limite de suas capacidades.

– Sócios com dificuldades pessoais ou sob estresse.

– Falha em entender o porquê é necessário que novas abordagens sejam adotadas ou novas tarefas sejam realizadas.

– Bloqueios mentais sobre como aumentar a performance.

– Condições no mercado.

A crença de muitos escritórios brasileiros é que uma redução na participação nos lucros para lidar com o desempenho inferior, provocada por algumas das causas listadas acima, pode tender a desmotivar o sócio ainda mais, essa é uma das causas da permanência de profissionais com baixo desempenho nas sociedades de advogados no Brasil.

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