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Pelo 9º ano, estrangeiros tiram dólares de investimento em fábricas e Bolsa

Pelo nono ano consecutivo, o Brasil registrou mais saídas que entradas de dólares na área financeira — aquela que reúne investimentos de estrangeiros em novas fábricas ou em empresas já em funcionamento no país, aportes em ações da Bolsa e demais ativos financeiros, remessas de lucro e pagamentos de juros no exterior, entre outras operações.

Dados divulgados pelo Banco Central mostram que, em 2021, o saldo negativo foi de US$ 3,7 bilhões pela via financeira (entraram US$ 540,72 bilhões e saíram US$ 544,39 bilhões).

A última vez que o Brasil registrou resultado positivo —ou seja, entrada de dólares maior que saída— pela via financeira foi em 2012, quando o país somou US$ 8,38 bilhões.

Em 2020, no auge da pandemia do novo coronavírus, a saída de dólares na área havia sido ainda maior, de US$ 51,17 bilhões.

Para Cleber Alessie, gerente da mesa de derivativos financeiros da Commcor DTVM, os resultados negativos na conta financeira nos últimos anos estão ligados em grande parte aos problemas que o Brasil enfrenta na área de gastos públicos.

Na prática, o país não tem conseguido equilibrar receitas e despesas, o que afugenta os investidores.

Existe uma fraqueza em nossa condição fiscal [gastos públicos]. E os investidores acabam optando por mercados pares do Brasil, por países que tenham uma realidade menos complicada. Há 7 ou 8 anos estamos com uma situação fiscal difícil
Cleber Alessie, da Commcor DTVM

Falta selo de bom pagador

Para José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos, o Brasil tem tido dificuldades para atrair investimentos estrangeiros em função da falta do chamado grau de investimento — ou “investment grade”, no jargão do mercado.

Entre o fim de 2015 e o início de 2016, o país perdeu o grau de investimento atribuído pelas principais agências globais de classificação de risco de crédito. São elas a Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch Ratings, que atribuem notas aos países em função de sua capacidade para pagar dívidas, solidez fiscal e estabilidade política, entre outros fatores.

Faria Júnior afirma, porém, que antes mesmo de o Brasil perder o grau de investimento —uma espécie de selo de bom pagador— os investidores estrangeiros já olhavam com desconfiança para o país.

A saída de dólares do país pela área financeira meio que coincide com a perda do grau de investimento, ou com a expectativa de perda. Uma das coisas que atrapalham é o Brasil ter perdido o selo de bom pagador. Há muita saída de dólares de investimentos em títulos. E os fundos de pensão que estão no exterior também não podem investir no Brasil
José Faria Júnior, da consultoria Wagner Investimentos

Faria Júnior lembra que muitos fundos de pensão de outros países, que reúnem recursos para aposentadorias de servidores públicos, por exemplo, são impedidos de aplicar recursos em países que não possuem o selo de bom pagador. Este é o caso do Brasil.

Exportações salvaram conta de dólares

Apesar da saída de dólares pela via financeira, o Brasil registrou um fluxo cambial total positivo em 2021, de US$ 6,134 bilhões. O fluxo cambial reflete os resultados das áreas financeira e comercial (exportações menos importações de produtos).

O resultado positivo ocorreu porque o país recebeu US$ 9,803 bilhões líquidos pela via comercial.

Na pandemia, as vendas de produtos brasileiros foram favorecidas. Em especial, a demanda internacional por alimentos, que teve reflexos sobre a inflação no Brasil, elevou os preços das commodities. Isso significou a entrada de mais dólares de exportações no país.

Conforme o BC, US$ 225,246 bilhões entraram no Brasil no ano passado em função das vendas de produtos e serviços a outros países. Por outro lado, houve saída de US$ 215,443 bilhões com a importação de mercadorias e serviços. A diferença gerou o saldo positivo de US$ 9,803 bilhões visto na área comercial.

Na segunda-feira (3), a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia havia divulgado seus dados sobre a balança comercial brasileira em 2021. Pelos números do ministério, o saldo comercial foi positivo em US$ 61,008 bilhões. Os dados da Secex e do BC possuem diferenças metodológicas.

Enquanto a Secex leva em conta as mercadorias exportadas e importadas (aquelas que de fato passaram a fronteira), o BC considera o câmbio contratado —ou seja, as operações de câmbio feitas para exportar ou importar produtos. Essas operações podem ter sido liquidadas no momento da operação ou podem ser programadas para liquidação no futuro.

Fonte: Uol

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