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Empresas precisam mudar o sistema e ser inclusivas, diz head global de diversidade da SumUp

A alemã Felizitas Lichtenberg, diretora global de diversidade e inclusão da empresa de pagamentos SumUp falou à EXAME em sua entrevista no Brasil. “Diversidade é boa para os negócios e para as sociedades”, diz; veja entrevista completa

Diversidade e inclusão nas empresas não pode ser um tema exclusivo da área de recursos humanos, e muito menos isolada da estratégia global de negócios. Pensando nisto, a empresa de pagamentos móveis SumUp tem há dois anos, Felizitas Lichtenberg como diretora global de diversidade e inclusão.

A executiva, que esteve no Brasil para acompanhar de perto as operações da companhia, falou à EXAME sobre os avanços na cultura da organização e, consequentemente, no atendimento de diferentes públicos. “Precisamos incentivar grupos socialmente minorizados a se concentrarem em seu desenvolvimento, independentemente do país de atuação. Diversidade e inclusão é importante para os negócios de empresas de todos os setores e, claro, para as pessoas”, diz. Veja a entrevista completa com Lichtenberg, executiva alemã-indonésia.

Sendo o cargo de head de diversidade e inclusão relativamente novo nas empresas, conte-nos um pouco das  experiências que te levaram ao posto. 

A SumUp iniciou a abordagem global de diversidade e inclusão há cerca de dois anos e estou com a empresa desde então. Em experiências anteriores, na área de marketing, além de focar no portfólio, também gostei de olhar para produtos e serviços para grupos socialmente minorizados, atividade que me levou ao mundo da diversidade e inclusão (D&I) 10 anos atrás, quando tornei-me um líder de diversidade e inclusão com foco no desenvolvimento de liderança e talento.

Era um cargo na Vodafone Alemanha. Três anos depois, fui promovida a ao nível global, trabalhando em Londres. No final de 2020 vim para a SumUp para estabelecer uma estratégia global baseada nos valores da companhia, como We Care, de retribuição às comunidades locais; Team First, para incorporar D&I na jornada dos funcionários; e Founders Mentality, que visa apoiar empreendedores de grupos minorizados.

Ao longo do tempo, aumentamos meu escopo e estou combinando D&I com sustentabilidade para poder aumentar nosso impacto social e, adicionalmente, ajudar a proteger o planeta. Um exemplo disto é que, globalmente, fazemos parte de um movimento chamado 1% para o planeta, um compromisso de doar 1% da receita líquida gerada por um leitor de cartões nosso chamado Solo para iniciativas sustentáveis.

Como a empresa valoriza a diversidade cultural globalmente?

Temos uma estratégia global com especificidades do mercado local. Uma boa maneira de resumir o que fazemos é dividir nossas iniciativas nos grandes pilares de: visibilidade; desenvolvimento; igualdade de gênero; cultura e comunidade.

Em visibilidade, por exemplo, é importante que os líderes demonstrem seu apoio ao tema, sendo o CEO parte fundamental disto. Também encorajamos os funcionários a serem aliados uns dos outros, pois grupos socialmente minorizados precisam trabalhar muito mais na vida por, infelizmente, sofrerem micro e macro agressões constantes.

Então nós, como empresa, precisamos fazer nossa parte para remover preconceitos inconscientes e contribuir para mudar o sistema. E também precisamos incentivar esses grupos a se concentrarem em seu desenvolvimento, independentemente do país de atuação.

Além disso, acredito que é importante falar de privilégios. Se alguém os tem, isso não significa que a pessoa não lutou e trabalhou muito onde está hoje. E não se trata de culpar alguém que tem mais privilégios do que você. Mas trata-se de reconhecê-lo e usá-lo para criar uma cultura ou sociedade mais inclusiva.

Como a inclusão auxilia no desenvolvimento dos profissionais?

São várias as ações, e um exemplo vem dos workshops de liderança inclusiva. Nestas sessões preparamos líderes para abraçar a diversidade e a inclusão em suas equipes. Isto ao entender conceitos de pertencimento, equidade e inclusão, bem como viés inconsciente, microagressões, privilégio e liderança inclusiva, que precisam ser abordados para que todos se sintam incluídos, performem bem e, consequentemente, se desenvolvam. Realizamos workshops como este globalmente três vezes por trimestre e também treinamos funcionários nos mercados locais para poderem realizar as sessões para equipes que não falam inglês.

Quais são as principais ações trabalhadas nas frentes de diversidade?

Temos trabalhados com muitas frentes de diversidade, entendendo as necessidades de cada uma. Por exemplo:

Neurodiversidade: educamos os funcionários em torno desses tópicos e falamos sobre o estigma que existe, pois precisamos nos concentrar na força das pessoas que são neurodiversas e mudar as expectativas que temos de como as pessoas devem se comportar.

Igualdade de gênero: globalmente, temos a ambição de contratar 30% de mulheres para cargos de alta liderança. Estamos em 23% (sendo 18% no ano passado) e vamos continuar os nossos esforços aqui. No Brasil, elas são 63% no quadro geral, 48% em níveis médios, e 50% nas lideranças, incluindo conselho de administração.

Pessoas trans: cobrimos 100% das despesas de retificação de nome e apoiamos parcialmente o tratamento hormonal para as pessoas que decidem fazer essa terapia. Reconhecemos, no entanto, que ainda precisamos corrigir algumas coisas em nossos sistemas, como retirar o chamado “nome morto”, ou seja, o nome de batismo com a qual a pessoa não se identifica, caso ele esteja aparecendo em algum momento, e estamos trabalhando nisso.

Também trabalhamos com grupos de afinidade, sendo eles: negros, LGBTI+, mulheres e neurodiversos. Estes grupos têm o objetivo de apoiar os funcionários e melhorar a organização. Além disso, cada rede dessa tem um executivo sênior como patrocinador, que tem objetivos como envolver outros líderes seniores em tópicos de diversidade, dar visibilidade às ações do grupo e ajudar na progressão de carreira.

Como promover a diversidade e inclusão na cultura da empresa?

Os esforços de D&I só são possíveis se a organização tiver uma cultura que abrace o tema. Temos um valor chamado “We Care”, que é sobre como nos preocupamos com as pessoas. Este é um aspecto importante da nossa cultura, pois se reflete em tolerância para garantir que todos pertençam. Como resultado, 82% dos funcionários dizem que podem ser eles mesmos e pertencer.

Outra questão é compreender a representação de diferentes grupos por região para criar consciência e compreensão uns dos outros. Por exemplo, qual é a representação de um país e qual é a representação desses grupos na SumUp?

No Brasil, 23% dos funcionários se autodeclaram LGBTI+, sendo 1% transgênero. Enquanto isto, estudo indicam que cerca de 10% da população global é LGBTI+. Em todos os países que atuamos o grupo LGBTI+ representa 18% da companhia, mas é, por exemplo, uma representação bem menor na Bulgária do que no Brasil. Entendimentos assim são importantes para a estratégia.

Há também um trabalho social para fora da empresa. Quais são as principais ações nesta seara no Brasil?

No Brasil nos tornamos parceiros de algumas ONGs de educação, cultura e saúde a gestantes e bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos e pessoas com deficiência. Também ajudamos a Escola Técnica em Agroecologia Luana Carvalho (ETALC), que promove educação agrícola sustentável para trabalhadores rurais oferecendo curso de agroecologia e produção de produtos orgânicos. Outra ONG que ajudamos é a CapacitaMe, fundada por Rachel Maia, que oferece educação profissional para pessoas em vulnerabilidade socioeconômica e as apoia na busca de emprego.

Por último, mas não menos importante, devemos falar sobre a parceria que criamos com a Generation Brasil, uma ONG que ajuda pessoas de grupos carentes a aprender a trabalhar no mercado de tecnologia, dando-lhes a oportunidade de trabalhar em um mercado próspero. No ano passado, oferecemos a 30 jovens desempregados um programa de desenvolvimento Java Fullstack de 3 meses e contratamos 11 deles, sendo a maior parte mulheres e pessoas não brancas. Até hoje, 78% dos participantes encontraram emprego na área de tecnologia desde a formatura em março.

Como engajar os líderes do mercado financeiro para criar empresas mais inclusivas?

As empresas, não apenas financeiras, mas todas elas, precisam entender a importância da diversidade e inclusão e a responsabilidade em melhorar a vida das pessoas socialmente minorizadas. É uma questão de direitos humanos, boa para os negócios e para as sociedades.  Somente se formos diversos poderemos entender as necessidades dos clientes, contratar os melhores talentos e olhar com diferentes perspectivas para soluções e serviços.

Fonte: Exame

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