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Polarização política e dano ambiental são fatores negativos para o Brasil em Davos

Davos elogia Brasil

A elite empresarial global tem elogiado o Brasil em Davos e manifestado confiança na recuperação econômica, mas a polarização política e os indicadores ruins na área ambiental são fatores negativos nas decisões de investimentos de longo prazo

A elite empresarial do mundo tem elogiado o Brasil em Davos e manifestado confiança na recuperação econômica, principalmente por causa da reforma da Previdência e dos cortes nas taxas de juros, mas pesos-pesados do setor privado citam a polarização política e os indicadores ruins do governo Jair Bolsonaro na área ambiental como fatores negativos para suas decisões de investimentos de longo prazo.

Nos últimos dois dias, o Valor conversou com cinco empresários e altos executivos que participam do Fórum Econômico Mundial e têm interesse direto no Brasil. A maioria pediu para falar anonimamente, sobretudo aqueles com as observações mais duras. Um deles foi o presidente de uma companhia americana de telecomunicações, que chama atenção para os efeitos de um distanciamento cada vez maior entre as lideranças políticas do país.

“Isso significa que uma decisão econômica deste governo, para um setor específico, pode ser completamente revertida pela administração seguinte por um único motivo: rivalidade política”, diz esse executivo. Questionado se não é um problema que afeta também a dinâmica dos negócios nos Estados Unidos, com uma polarização crescente entre apoiadores do presidente Donald Trump e eleitores democratas, ele desfez a comparação: “É diferente porque a economia americana depende muito menos do governo e a força da iniciativa privada é bem maior”.

Para outros, essa conversa soa como puro exagero. “O que percebo nos mercados internacionais é uma boa imagem sobre o Brasil. [Essa preocupação] é muito mais doméstica do que externa”, afirma Ignacio Sánchez Galán, CEO e presidente do conselho de administração da espanhola Iberdrola, acionista majoritária da Neoenergia no país.

“Vejo investidores nos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Espanha, no Oriente Médio. E o Brasil tem uma imagem magnífica”, completa Galán. “Outra coisa é o que algumas pessoas ou alguns meios de comunicação dizem. Quando pergunto ao meu time no Brasil, me contam que essa não é a realidade. Do ponto de vista dos mercados financeiros, não vejo nenhuma inquietação com o Brasil. Nenhuma mesmo.”

Para o presidente do Instituto de Finanças Internacionais (IIF na sigla em inglês), Tim Adams, que fala por uma instituição com reúne 450 bancos em 70 países, há que se blindar as instituições. “O capitalismo é covarde. Ele vai para onde é bem tratado e foge de onde é mal tratado. Sabemos quais são os ingredientes básicos para atrair o capital: contratos estáveis, estabilidade política, segurança jurídica. E infraestrutura, educação, bom capital humano. O Brasil tem muitos dos componentes.”

Ele continua, então, com uma avaliação que vale tanto para Bolsonaro como para Trump. “O que estamos vendo no Brasil, nos Estados Unidos e em vários outros países do mundo é que os populistas querem uma figura forte para tomar conta de instituições que eles julgam ineficientes. O que precisamos fazer [como resposta] é reforçar essas instituições: tribunais, o serviço púbico, o setor privado”, defende Adams.

Um empresário da área de infraestrutura com operações no Brasil tomou conhecimento do vídeo de inspiração nazista divulgado pelo ex-secretário de Cultura de Bolsonaro. “Uma aberração”, classificou. Em seguida, entretanto, ele ponderou que a economia segue em trajetória de recuperação e os estrangeiros sentem estabilidade na gestão dos contratos, além de profissionalismo do gabinete de ministros. “O discurso é uma loucura, mas não afeta nossos negócios.”

Depois de um almoço promovido pelo Itaú Unibanco com o ministro Paulo Guedes, que reuniu cerca de 50 investidores em um hotel de luxo em Davos, o economista-chefe do banco, Mário Mesquita, comentou que o tema ambiental tem sido recebido muita atenção. “Os investidores vão olhar com atenção o que acontecerá com o Brasil na próxima de temporada de estiagem.”

Segundo dados oficiais, entre agosto de 2018 e julho de 2019, o desmatamento na Amazônia subiu 29,5% sobre os 12 meses anteriores. Foi o maior índice em dez anos. As queimadas na última seca ganharam destaque no noticiário mundial. “É uma questão importante”, completou Mesquita, destacando o potencial de repercussão negativa. A próxima estiagem será um grande teste.”

Uma autoridade brasileira presente no fórum comentou, reservadamente, que foi bastante questionada por investidores sobre o compromisso do governo Bolsonaro na área ambiental e que o tema gera consternação entre estrangeiros por causa do foco recente dado às ações para conter o aquecimento global.

Fonte: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/01/22/davos-elogia-brasil-mas-teme-polarizacao-e-dano-ambiental.ghtml

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