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Qual impacto a chegada da vacina terá na economia?

Os países aceleram os preparativos para a vacinação da população contra a Covid-19, esperada para começar de forma generalizada no fim de dezembro ou, no mais tardar, início da janeiro. Na expectativa de reverter o quanto antes os estragos provocados pela pandemia, diferentes setores da economia também já se projetam para o mundo pós-vacina – mas especialistas advertem que o efeito do imunizante não será milagroso.

“A vacina com certeza mudou as perspectivas e é uma luz no fim do túnel, porém é preciso ter em mente que o caminho pela frente vai envolver grandes desafios. Nos países da OCDE, mesmo nos melhores cenários, a perspectiva é que leve de seis a oito meses para que os efeitos da vacina comecem a ser sentidos”, afirma o diretor-adjunto da Divisão de Saúde da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), o brasileiro Frederico Guanais.

“É preciso administrar essa vacina em escala suficiente para contribuir para a interrupção do ciclo de transmissão do vírus, ou seja, chegar à famosa imunidade de rebanho, de 50 a 60% da população imunizada. Só que, na maioria dos países, a vacinação ocorrerá em etapas”, indica o especialista.

Com a imunização em massa, o mundo poderá relançar os setores mais abalados pela crise, como o comércio, o turismo e a cultura.

Em suas perspectivas econômicas para 2021, a OCDE prevê que alta de 4,2% do PIB mundial graças à vacina, com os índices de crescimento semelhantes a antes da pandemia já no fim do ano que vem.

A retomada, porém, tende a ser em ritmo desigual, na medida em que o acesso ao produto não será o mesmo entre os países. Os investimentos na compra do imunizante e na organização das futuras campanhas de vacinação serão determinantes, frisa Frédéric Bizard, economista da saúde e professor da ESCP Business School de Paris.

“A vacinação não vai, em alguns dias, permitir às pessoas voltarem a viver normalmente. As medidas de proteção ainda permanecerão por um bom tempo”, ressalta o francês.

“E haverá diferenças entre os países. Os Estados Unidos, que investiram US$ 2,5 bilhões na vacina da Moderna e, evidentemente, terão doses prioritárias em relação a outros países, poderão lançar rapidamente uma vacinação em massa. Eles vão sair, provavelmente, mais rapidamente da epidemia do que a Europa”, compara o professor, que também preside o think tank Institut Santé.

Disparidades mundo afora

Os primeiros efeitos na economia são esperados para o segundo trimestre de 2021. Uma análise do banco Goldman Sachs projeta que 50% dos americanos e canadenses estarão vacinados em abril e, na União Europeia, Japão e Austrália, esse objetivo será alcançado, no mínimo, em maio.

Dentro da Europa, o ritmo da imunização coletiva também será desigual. Alemães e belgas, que produzem a vacina da Pfizer-BioNTech, devem sair na frente em relação aos vizinhos.

Nos países em desenvolvimento as disparidades serão igualmente grandes, explica Guanais.

“Os cenários variam de acordo com uma série de elementos – não somente em relação à presença da vacina, como à estrutura da economia, à dependência que cada setor da economia tem do turismo e de atividades intensivas em contato. Nem todos os setores tiveram impacto da mesma forma”, pontua o vice-diretor de Saúde da OCDE.

Ele destaca que iniciativas como o acelerador de vacinas da OMS devem agilizar o desenvolvimento e a distribuição do imunizante nos países de renda média e baixa.

Obrigação de vacina para pegar avião?

Se o avanço da vacinação é a única saída para a crise do coronavírus, as empresas devem se planejar para obrigar os clientes a se vacinar? No setor aéreo, um dos mais abalados pela pandemia, a companhia Qantas já anunciou que exigirá a imunização dos passageiros para poderem embarcar.

Para Guanais, o setor privado, em especial os mais abalados pela pandemia, podem ter um papel proativo na saída da crise.

“O fato de que o setor privado se movimenta com ideias e propostas é muito interessante. Mas colocá-las em prática requer uma série de outros elementos. Isso já acontece, por exemplo, com a febre amarela. Você precisa apresentar uma caderneta de vacinação e só poderá viajar para uma determinada lista de países se estiver em dia”, detalha. https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Outra hipótese seria a adoção de uma “caderneta Covid”, na qual cada pessoa relevaria a sua situação perante a doença: se já foi infectada, vacinada ou jamais teve contato, nem com a Covid-19, nem com o imunizante. Frédéric Bizard, entretanto, avalia que qualquer obrigação vinda do setor privado pode se revelar um tiro no pé, ao acabar criando novas barreiras para a retomada.

“Eu duvido um pouco disso, a começar porque vai demorar muitos meses, em especial para os economicamente ativos, que são os que mais viajam, mas que apresentam menos riscos e serão os últimos da fila da vacinação. Acho que seria um erro exigir que cada passageiro seja vacinado”, indica o economista francês.

“Temos um sistema de testagem que está funcionando bem e é confiável. Exigir que um passageiro faça um teste me parece algo normal; exigir que ele seja vacinado, é algo que sequer será possível para muita gente, neste primeiro momento – e ainda pode acentuar a rejeição que muitas pessoas estão apresentando à ideia de se vacinar tão rapidamente”, observa.

PIB OCDE — Foto: Economia G1

PIB OCDE — Foto: Economia G1

Organização e transparência

No Brasil, o governo federal fechou contrato com a vacina Oxford/ AstraZeneca e poderá também adquirir a chinesa Sinovac, comprada pelo governo estadual de São Paulo e conhecida no país como Coronavac.

“O Brasil é uma grande economia, com um setor farmacêutico sofisticado e capacidade de produção local. O país tem a capacidade de apostar em mais de uma vacina e isso é bom para garantir que haverá opções, afinal ainda não sabemos qual será a melhor vacina”, avalia Guanais.

Até o momento, entretanto, nenhum plano nacional de vacinação foi detalhado no Brasil.

“Há idas e vindas no planejamento e é um caminho que deve ser fortalecido. É muito importante que a população seja comunicada, de uma forma transparente”, pontua o economista da OCDE.

Fonte: G1

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