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Raça Negra, Daniel: fundos permitem investir e ganhar dinheiro com artistas

Já pensou em investir no seu artista preferido, como Raça Negra, Daniel, Alexandre Pires, Bruno e Marrone, e ainda ganhar dinheiro com isso? Isso é possível com os Fidcs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios). Quando você investe nesse tipo de fundo da renda fixa, é como se você antecipasse algum pagamento para a empresa. Uma das opções é justamente antecipar o pagamento do cachê dos seus artistas preferidos.

Para os artistas, o ganho está no recebimento antecipado do cachê, que passa a ser pago antes do show, quando a prática do mercado é o recebimento posterior ao evento. Já para os investidores, a remuneração chega a ser 8,25% acima do CDI (indicador próximo a taxa básica de juros), dependendo do fundo. Entenda abaixo como funciona essa modalidade de investimento, se você pode investir nesse tipo de fundo e quem são os artistas que entraram nessa onda.

Modalidade não é nova, mas tem crescido no Brasil

Fidcs focados em música têm espaço em alguns países de língua inglesa, que contam com grandes fundos, como Hipgnosis Songs Fund, Royalty Exchange e AGI Partners. Por aqui, existem no mercado o Hurst Capital e Arbor Adaggio. Quem entrou nesse mercado recentemente foi a XP, que lançou um fundo que já captou R$ 260 milhões em benefício de artistas renomados da música brasileira.

Esse fundo garante a antecipação de pagamento para quem sobe no palco. Já o investidor obtém cotas do que será pago por ingressos e demais produtos durante o evento. A remuneração pode chegar a 8,25% acima do CDI. Mas essa rentabilidade não é para qualquer um.

A XP não confirmou qual o valor necessário para investir nas cotas, mas os Fidcs no geral têm entrada inicial de R$ 25 mil e a pessoa física ou jurídica precisa provar que possui mais de R$ 1 milhão aplicados em investimentos —é o tal investidor qualificado.

A lista de shows incluídos no fundo tem Alexandre Pires, Seu Jorge, Daniel, Leonardo, Bruno e Marrone, Raça Negra, Roupa Nova, Vintage Culture, EME DJ e Maurício Manieri. Segundo a XP, foram selecionados artistas que possuem alto engajamento entre os fãs.

Filipe Mattos, chefe de Special Situations da XP Asset, diz que há duas modalidades de investimentos dentro do Fidc lançado pela empresa. Uma delas é para a revenda de shows, com rentabilidade atrelada ao ganho sobre ingresso vendido. “Basicamente, é comprar por R$ 100 e vender por R$ 150, por exemplo”, afirma.

Outra possibilidade é receber uma parte do ingresso do show. “Para além da revenda de shows, é a produção. Ou seja, bar, alimentação, bilheteria e patrocínio, e outras variáveis que envolvem a execução desses eventos. Nessa modalidade, todo o lucro efetivo fica com o fundo”, afirma Mattos.

Fidcs com foco em música têm riscos

A assessora de investimentos Luciana Ikedo alerta sobre a baixa liquidez dos Fidcs, e para a possibilidade de perda considerável se o investidor quiser sair antes do prazo combinado.

Para ela, existe uma razão para que esse tipo de fundo seja voltado para os investidores qualificados, que têm recursos para arriscar mais.

“O maior risco é o de crédito. É sempre importante lembrar que se trata de um crédito privado, que é concedido por meio de recebíveis que essa outra pessoa jurídica constituída, que é o Fidc, vai disponibilizar”, afirma.

Os principais riscos envolvidos são de os shows não acontecerem, seja por um problema de agenda do artista, seja por um problema de restrição maior, como no caso da pandemia.

“São cuidados que os investidores devem ter. Há o risco de eles não receberem aquilo que foi investido de volta”, afirma a assessora.

Ela destaca ainda que o cenário persistente de pandemia pode aumentar ainda mais os riscos desse investimento. “Se a gente está falando de uma agenda de shows e, por hipótese, vem a variante delta com força, passa a existirem restrições de circulação novamente e essa agenda pode não se realizar. Só com a expectativa de isso vir a acontecer, já existe uma redução no valor de mercado”, diz.

Há também riscos jurídicos

Embora os Fidcs estejam na categoria de renda fixa, os fundos focados em música têm também riscos jurídicos.

Jener Jardim, advogado coordenador de Mídia e Entretenimento do Mansur Murad, explica que há riscos de as autoridades que cuidam dos direitos dos artistas se recusarem a compartilhar os ganhos, o que aumenta o risco para esses investimentos.

“Enquanto o sistema de copyright norte-americano permite que a totalidade dos direitos seja negociada pelo autor e passe a integrar o patrimônio dos fundos, a legislação brasileira é mais protetiva em favor do autor e dos artistas, e define que alguns direitos são irrenunciáveis e inalienáveis”, afirma.

Devido ao pouco tempo de atividade dos fundos no Brasil, ainda não há um prognóstico definitivo de como o judiciário irá interpretar os contratos e as aquisições de catálogo, avalia Jardim, “o que traz certa insegurança para o mercado até que o tema seja pacificado”.

O advogado avalia que os fundos têm sido bem recebidos pelos artistas no Brasil e, com isso, os questionamentos na Justiça não devem atrapalhar o desenvolvimento desse novo mercado. “A experiência recente mostra que se os negócios de aquisição de catálogos estabelecerem uma relação sadia dos fundos com os autores e artistas, eles possibilitarão ganhos simétricos para todos”, afirma.

Fundos que financiam músicas e discos têm aportes menores

Há fundos que abrem a possibilidade também para que investidores apliquem seus recursos na aquisição não só de shows e merchandising, mas também de músicas ou discos inteiros. Nesses casos, em que o investidor adquire uma cota da obra ou do artista, a fonte de renda vem das receitas com distribuição digital através das plataformas de streaming, execução pública, utilização em vídeos publicitários e jogos, entre outras possibilidades.

E já tem artistas aderindo a essa modalidade. O compositor e intérprete Zeca Baleiro está vendendo cotas a partir de R$ 100 da sua nova canção “O Tempo Não Espera”. Os cotistas receberão 80% das receitas líquidas que são geradas a cada vez que a música tocar nas plataformas de streaming. O artista recebe os demais 20% e parte do dinheiro recolhido com as cotas.

Carlos Gayotto, CEO da TuneTraders, empresa que viabilizou a distribuição de cotas da música do artista brasileiro, diz que a ideia é eliminar intermediários do processo de distribuição e aproximar o fã do artista. A proposta visa usar a tecnologia blockchain para “simplificar a distribuição de royalties, diluir a produção executiva da música entre os fãs e rastrear as receitas desde o play”, afirma o executivo.

As cotas podem funcionar como ações de empresas que pagam dividendos. Os dividendos são os ganhos provenientes da exploração econômica da obra, mas há ainda a possibilidade de o investidor ganhar dinheiro vendendo sua cota mais caro do que comprou depois da valorização do artista.

“Com a aquisição, os fundos poderão recuperar os investimentos realizados a partir da valorização das próprias obras ou dos artistas que as interpretam em futuras negociações”, afirma Jardim.

Fonte: Uol

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