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Selic em alta: para onde vai a taxa de juros e qual o impacto na economia?

A economia brasileira vai perder um importante motor de ajuda ao seu crescimento. Com a escalada da inflação e a sinalização do Banco Central de que novos aumentos da taxa básica de juros (Selic) devem ocorrer, a política monetária deixará de ter um papel no estímulo à atividade econômica.

No cenário dos economistas, uma das explicações para a redução no ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste para o próximo ano vem justamente do aumento da Selic.

No relatório Focus, do Banco Central, que colhe a estimativa dos analistas semanalmente, os economistas consultados estimam que a taxa básica de juros deve encerrar este ano em 6,5%, acima dos atuais 4,25%, e vai permanecer neste patamar ao longo de 2022. Já as projeções para o PIB estão em 5% e 2,1%, respectivamente. Portanto, trata-se de uma boa desaceleração de um ano para o outro.

“O aumento da taxa de juros vai tendo um efeito gradual sobre a atividade econômica, principalmente no mercado de crédito”, afirma Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra.

Juros baixos contribuem para um crédito mais barato, favorecendo, por exemplo, a tomada de recursos para o investimento das empresas e para o consumo das famílias.

Quando a inflação aumenta, como é o cenário atual, o BC utiliza a política monetária – sobe a Selic – para encarecer o custo do crédito e, assim, ‘esfriar’ a economia e, consequentemente, controlar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – no acumulado de 12 meses até maio, a alta é de 8,06%.

Fim do juro neutro

A política monetária deixa de contribuir com a atividade econômica quando o país alcança o chamando juro neutro – aquele que não estimula nem contrai a economia. Esse número varia entre os cálculos dos analistas, mas há um consenso de que essa taxa está próxima do patamar de 6,5%.

“Na nossa conta, se o Banco Central elevar a taxa de juros para 6,5%, ela vai para o patamar que a gente considera de taxa neutra. E o que isso significa? A política monetária não vai estimular nem contrair a atividade”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic subiu de 3,5% para 4,25%, e o BC já indicou que esse aperto monetário vai seguir diante de um quadro inflacionário persistente.

O tom mais duro do Banco Central já tem a ver com a inflação do próximo ano. A preocupação é que as expectativas de 2022 desancorem – a previsão para o IPCA é de 3,78%, segundo o Focus. Para 2021, o Banco Central já admitiu que a inflação deve estourar o teto da meta do governo. O IPCA, segundo projeção do BC, deve encerrar este ano em 5,8% – o teto é de 5,25%.

Na quinta-feira, o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, reconheceu que a taxa básica de juros terá de subir num nível acima do esperado pelo Focus para o cumprimento da meta de inflação de 2022, que é de 3,5%.

“Quando o Banco Central mostra um compromisso muito forte com a inflação, ele leva as expectativas de agentes econômicos, mercado financeiro, analistas e famílias para um patamar mais baixo”, diz Lucas Vilela, economista do banco Credit Suisse. “E esse canal (de expectativa) tem se mostrado muito relevante nos últimos anos. É um bom mecanismo de ferramenta monetária que o BC vem adotando.”

O Credit Suisse projeta que a Selic deve chegar a 7,25% neste ano e permanecerá neste patamar ao longo de 2022.

Selic foi para a mínima recorde

Com a súbita desaceleração da economia provocada pela pandemia do coronavírus no ano passado, bancos centrais de todo o mundo reduziram os juros na tentativa de trazer um fôlego adicional para a economia.

No Brasil, a Selic ficou em apenas 2% ao ano entre agosto de 2020 e março de 2021, no menor nível da história.

Mas, ao longo deste ano, a inflação surpreendeu e começou a se mostrar mais resiliente do que o previsto inicialmente, o que obrigou o BC a retomar a alta dos juros.

  • A economia global se recuperou mais rápido do que o esperado, o que contribuiu para a alta dos preços das commodities;
  • A pandemia desorganizou a cadeia global de produção e logística, e insumos e bens intermediários para a indústria também subiram de preço;
  • No Brasil, além dos juros baixos, a incerteza com o rumo das contas públicas pressionou a taxa de câmbio, contribuindo para uma inflação mais alta.

“O Banco Central reagiu ao aumento da inflação. Incialmente falou em normalização parcial e, agora, fala numa normalização completa da taxa de juros. A pergunta que se faz é: será que essa normalização vai ser só completa ou, em algum momento, a gente vai para um terreno contracionista?”, questiona Oliveira. “Eu acho que fatalmente no ano que vem a gente vai acabar indo para um terreno contracionista.”

Ao fim de 2022, o banco Fibra projeta a Selic em 7,5% ao ano.

O principal deles é tem a ver com o comportamento do Federal Reserve (Fed). Se o banco central dos Estados Unidos subir os juros para também controlar a inflação por lá, pode haver uma saída de recursos do Brasil para a economia norte-americana, o que provocaria uma nova desvalorização do cambial, com impactos na inflação, obrigando o BC a elevar ainda mais os juros.

Hoje, a expectativa é que o Fed só suba os juros em 2023.

“Se a gente acordar em 2023 e esse cenário tiver se materializado, não haverá grandes atribulações”, afirma Marcelo Fonseca, economista-chefe do Opportunity Total. “Mas há uma ansiedade do mercado porque, quando a gente olha o cenário de atividade e inflação para os Estados Unidos, os ricos estão claramente para cima. É bastante factível que a economia norte-americana passe por um processo de sobreaquecimento”

Um segundo risco vem da eleição presidencial do próximo ano. Os investidores vão olhar, sobretudo, quais serão as propostas dos candidatos para a área fiscal do país a partir de 2023.

“Talvez, o Fed tenha de ser mais rápido no processo de ajuste da política monetária. Então, isso acabaria causando uma mudança nos preços de ativos. E os efeitos para o Brasil poderia mais fortes porque estaremos num período muito tenso, que é o período pré-eleitoral”, diz Alessandra.

Fonte: G1

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