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Setor de serviços se recupera, mas crise sanitária é risco para 2022

A atividade econômica de 2021, ainda sob forte influência da pandemia, apresentou uma série de dados contrastantes mundo afora, e no Brasil não foi diferente. Em momentos como esses, as análises são muito mais complexas do que simples leituras de indicadores. É preciso cuidado para que as interpretações das estatísticas acerca do período não carreguem vieses de análise, o que poderia nos levar a uma interpretação menos acurada do que efetivamente ocorreu.

Um primeiro aspecto é que não podemos esquecer que em 2021 tivemos a vacinação prosperando em nosso país numa velocidade bastante boa, superior, inclusive, àquela praticada em alguns países centrais. Já estamos próximos de 70% da nossa população com esquema vacinal completo (duas doses). Esse processo foi muito positivo para que a sociedade começasse a ganhar “confiança” para o retorno à normalidade, o que veio ocorrendo de forma gradativa.

Por outro lado, tivemos sérias dificuldades em relação à macroeconomia. O teto dos gastos colocou em xeque o arcabouço fiscal, com impactos nefastos sobre a inflação, que explodiu. A taxa de juro Selic subiu fortemente, saindo de 2% para 9,25% ao ano em pouco tempo, impactando a curva de juros, que empinou. Sob essa ótica, a recuperação acabou sendo afetada, apesar de provavelmente termos crescido em torno de 4,5%, boa parte por conta da herança estatística de 2020.

Ao mesmo tempo, é incontestável algumas melhoras na agenda de reformas microeconômicas, que dinamizam a economia e podem melhorar, futuramente, o PIB potencial. Aqui me refiro à Lei do Gás, à Br do Mar, ao novo marco do câmbio e tantas outras.

Diante dessas constatações, como interpretar os recentes números divulgados? Para que lado apontam, afinal?

Faz poucos dias que o IBGE mostrou a queda na produção industrial, numa série de seis meses consecutivos. Esse resultado desapontador sugere uma dificuldade de a economia voltar a ganhar tração pelo lado mais “tradicional”, que teria formação de empregos e força sustentada.

Nesta quinta-feira (13), contudo, a instituição publicou a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), referente ao mês de novembro, mostrando que o setor de serviços cresceu 2,4% comparativamente a outubro, que havia apresentado contração.

Com certeza, a vacinação ajudou muito aqui. Com o resultado, o indicador já está quase 5% acima do período anterior à pandemia e, no ano, o setor já apresenta ganhos próximos a 11%, o que mostra que a recuperação, a despeito da base de comparação muito baixa, é uma realidade. Não custa lembrar que o peso do setor de serviços na formação do PIB supera os 70%, e ele é grande gerador de empregos.

Um ponto alvissareiro, na análise detalhada do resultado, é a alta disseminada das atividades pesquisadas, uma vez que em quatro delas tivemos ganhos frente a outubro, com destaque, principalmente, para serviços de informação e comunicação, com crescimento de mais de 5%, o que mostra a força desse segmento. Aliás, para 2022, espera-se que a implantação do 5G no país seja um dos motores para ajudar na retomada. Não tenho dúvidas de quão promissoras serão as áreas de Tecnologia de Informação (TI) e afins nas próximas décadas.

Mas, não se pode hesitar!

Apesar de o número ser positivo, infelizmente o volume total de serviços retornou apenas para o nível de dezembro de 2015, o que mostra que ainda há muito a se trabalhar para a recuperação, tendo como objetivo o patamar de final de 2014, na série com ajuste sazonal. Todavia, como descrito acima, quando analisamos especificamente TI, os números são muito encorajadores, pois apresentamos desempenhos trimestrais próximos de 30% em 2021.

Estou relativamente otimista com a recuperação do setor de serviços, especialmente se a doença não recrudescer, o que sempre é um risco com as novas variantes. Sob esse olhar, é importante que a sociedade permaneça comprometida com o fim desse pesadelo sanitário. Que tenhamos um ano eleitoral mais voltado ao debate de ideias, ao invés desse flá-flu político que tomou conta do país pelas redes sociais.

Fonte: Folha

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