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Turbina gigante da GE pretende revolucionar o mercado de energia eólica

Sobre um terreno estreito às margens do porto de Rotterdam, gira uma turbina eólica tão grande que é até difícil fotografá-la. O diâmetro do seu rotor é maior que dois campos de futebol americano, de uma ponta à outra. Os modelos mais recentes serão mais altos que qualquer edifício na Europa Ocidental.

Repleta de sensores que coletam dados sobre a velocidade dos ventos, a produção de eletricidade e a tensão em seus componentes, a turbina gigante da Holanda é um modelo de teste para uma nova série de turbinas eólicas imensas que está sendo planejada pela General Electric para uso em alto-mar. Quando são conectadas em série, as máquinas de vento são capazes de fornecer energia às cidades, superando as poluentes usinas a carvão mineral e gás natural que compõem atualmente a espinha dorsal de muitos sistemas elétricos.

A GE ainda precisa instalar uma dessas máquinas no oceano. Estreante no setor de turbinas eólicas em alto-mar, a empresa enfrenta questionamentos sobre a velocidade e a eficiência de sua produção em escala para construir e instalar centenas de turbinas.

Mas as turbinas gigantes já chamaram a atenção de muitas pessoas no setor. Um executivo do alto escalão de uma das maiores construtoras de parques eólicos se referiu a elas como “um salto em relação às tecnologias mais recentes”. E um analista comentou que o tamanho das máquinas e as encomendas “abalaram o setor”.

O protótipo é o primeiro exemplo de uma geração de novas máquinas que são 30% mais poderosas que as disponíveis atualmente no mercado. Com isso, os cálculos dos investidores, fabricantes e construtores de equipamentos eólicos precisarão mudar.

As máquinas da GE terão uma capacidade de geração de energia que seria praticamente inimaginável há uma década. Uma única turbina consegue produzir 13 megawatts de energia, o suficiente para iluminar uma cidade com cerca de 12 mil residências.

A turbina é capaz de produzir tanto impulso quanto quatro motores de um Boeing 747, segundo a GE, e será montada em alto-mar, onde os desenvolvedores descobriram que conseguem instalar turbinas maiores e em maior número que em terra firme para capturar ventos mais fortes e constantes.

A corrida por turbinas eólicas cada vez maiores foi mais rápida do que muitos especialistas do setor esperavam. A Haliade-X, da GE, gera quase 30 vezes mais eletricidade que as primeiras turbinas instaladas em alto-mar no litoral da Dinamarca em 1991.

Nos próximos anos, os clientes provavelmente pedirão turbinas ainda maiores, de acordo com executivos do setor. Por outro lado, eles preveem que, assim como as aeronaves comerciais atingiram o ápice com o Airbus A380, as turbinas também chegarão a um ponto em que aumentar o tamanho deixará de fazer sentido do ponto de vista econômico.

“Chegaremos a um ponto máximo, mas ainda não sabemos onde ele está”, disse Morten Pilgaard Rasmussen, diretor de tecnologia da unidade de turbinas em alto-mar da Siemens Gamesa Renewable Energy, a maior fabricante de turbinas usadas em alto-mar.

Embora as turbinas instaladas em alto-mar representem atualmente apenas cinco por cento da capacidade energética da indústria de energia eólica, essa parte do setor ganhou identidade própria e deve crescer mais rápido nos próximos anos do que o setor de turbinas eólicas terrestres.

A tecnologia em alto-mar tomou conta da Europa do Norte nas últimas três décadas e agora está se espalhando pela Costa Leste dos EUA e também pela Ásia, incluindo Taiwan, China e Coreia do Sul. Os projetos bilionários de grande escala que são possíveis em alto-mar passaram a atrair grandes investidores, incluindo empresas petrolíferas como a BP e a Royal Dutch Shell, que desejam aumentar rapidamente suas opções de energia limpa. O investimento de capital nas turbinas eólicas em alto-mar mais do que triplicou ao longo da última década, chegando a US$ 26 bilhões, de acordo com a Agência Internacional de Energia, grupo que faz previsões sobre o setor, com sede em Paris.

A GE começou a se aventurar na energia eólica em 2002, quando comprou o setor de turbinas eólicas em terra firme no leilão realizado depois da falência da Enron – unidade bem-sucedida de uma empresa destruída por um espetacular escândalo de contabilidade. Era uma força marginal no setor de energia eólica em alto-mar quando os executivos decidiram se arriscar, há cerca de quatro anos. Viram um mercado crescente com pouquíssimas concorrentes ocidentais.

Ainda assim, os chefes da GE perceberam que precisariam ser audaciosos para que a empresa se tornasse a líder de mercado em um ambiente marítimo muito mais desafiador. Mais do que dobraram o tamanho da turbina eólica para alto-mar, que passaram a produzir depois da aquisição do setor energético da francesa Alstom, em 2015. A ideia era se destacar em relação a concorrentes de peso, como a Siemens Gamesa e a Vestas Wind Systems, fabricante de turbinas eólicas com sede na Dinamarca.

Uma turbina maior produz mais eletricidade e, portanto, mais faturamento que uma máquina menor. O tamanho também ajuda a reduzir os custos de produção e manutenção de um parque eólica, já que menos turbinas são utilizadas para produzir determinada quantidade de energia.

Essas qualidades criam um poderoso incentivo para que os desenvolvedores comprem as maiores máquinas disponíveis no mercado, com o objetivo de ajudá-los a vencer os leilões de acordos de produção e fornecimento de energia em alto-mar que muitos países têm adotado. Esses pregões têm formatos variados, mas os desenvolvedores competem para fornecer energia durante determinado período pelo preço mais baixo possível.

“O que eles querem é uma turbina que permita que ganhem esses leilões. É aí que o tamanho da turbina tem um papel muito importante”, disse Vincent Schellings, responsável pelo design e pela produção da turbina da GE.

Entre os primeiros clientes está a Orsted, empresa dinamarquesa que é a maior desenvolvedora de parques eólicos em alto-mar. Trata-se de um acordo preliminar para a compra de cerca de 90 máquinas Haliade-X para um projeto chamado Ocean Wind, na costa de Atlantic City, em Nova Jersey. “Acho que eles surpreenderam todo mundo com essa máquina”, afirmou David Hardy, executivo-chefe do setor de alto-mar da Orsted na América do Norte.

A turbina da GE está vendendo melhor do que os concorrentes imaginavam, de acordo com os analistas do setor.

No dia primeiro de dezembro, a GE chegou a outro acordo preliminar para fornecer turbinas para a Vineyard Wind, grande fazenda eólica na costa de Massachusetts, além de ter firmado acordos para fornecer 276 turbinas para o que possivelmente será o maior parque eólico do mundo no Dogger Bank, na costa do Reino Unido.

Esses acordos, que contam com longos contratos de manutenção, podem chegar a 13 bilhões de dólares, estima Shashi Barla, principal analista eólico da empresa de pesquisa de mercado Wood Mackenzie.

Para fazer essa grande aposta, a GE teve “basicamente de começar do zero”, observou Schellings. A unidade da empresa chamada GE Renewable Energy investiu cerca de 400 milhões de dólares no design, na contratação de engenheiros e na reforma das fábricas de St. Nazaire e Cherbourg, na França.

Para produzir uma pá tão extraordinariamente longa que não se parta ao meio com o próprio peso, a GE contratou os designers da LM Wind Power, fabricante dinamarquesa de pás eólicas adquirida pela GE em 2016 por 1,7 bilhão de dólares. Entre suas inovações: um material que combina fibra de vidro e fibra de carbono, muito leve, mas também forte e flexível.

A GE ainda precisa desenvolver uma maneira de produzir um número elevado de máquinas de modo eficiente, de início em fábricas na França e, depois, possivelmente, no Reino Unido e nos EUA. Com pouca experiência em alto-mar, a GE também precisa demonstrar que é capaz de instalar e manter grandes máquinas de maneira confiável no oceano, utilizando navios especializados e lidando com o tempo ruim.

“A GE precisa provar muitas coisas para convencer os compradores de que suas turbinas são um bom negócio”, concluiu Barla.

Fonte: Exame

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