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Uma das funções da nota de R$ 200: fazer brasileiros gastarem reservas

Em momentos de incerteza como o atual, é totalmente esperado que consumidores fiquem mais cautelosos e se preocupem mais com suas economias. Esse movimento é visto no mundo todo e é tecnicamente chamado de entesouramento.

É função e interesse dos Bancos Centrais, porém, incentivar a circulação de moeda, sobretudo durante uma crise, quando o papel fica mais escasso.

O auxílio emergencial que já chegou ao bolso de mais de 60 milhões de pessoas tem essa função de aquecer o mercado.

Muitos trabalhadores, sobretudo informais, ficaram sem fonte de renda durante a pandemia, o que tornou os pagamentos essenciais para atender necessidades básicas desse grupo mais vulnerável.

Até eles, porém, têm segurado esse dinheiro em algum grau, segundo a diretora de administração do BC, Carolina de Assis Barros, durante coletiva de imprensa para apresentação na nova nota, nesta quarta-feira, 29.

Neste sentido, explica o BC, notas de valores mais altos, como a de R$ 200 anunciada ontem de surpresa pela autarquia, permitem que as pessoas saquem valores maiores com a emissão de menos papel. Saques maiores significam mais dinheiro em circulação.

A crise fez o valor em circulação disparar, o que acendeu um sinal de alerta na autoridade monetária, que viu o risco de faltar dinheiro em circulação. Hoje, o montante é de R$ 342 bilhões, bem acima da média histórica de menos de R$ 300 bilhões, como mostra o gráfico a seguir:

O empoçamento de dinheiro entre os beneficiários do auxílio, segundo Arthur Mota, economista da EXAME Research, ocorreu até inicio de maio, talvez, por uma questão física: “Estava tudo fechado, e o papel moeda precisa do veículo físico para rodar”, diz.

Agora, porém, o cenário já está fluindo melhor: “O pessoal que recebe o auxílio tem uma elasticidade-renda muito alta, qualquer ganho adicional vira uma boa parcela de consumo”, diz.

Impacto para o combate à corrupção

A emissão de cédulas de maior valor pode até atender a demanda da população por meio circulante, mas impacta negativamente o combate à corrupção. Notas de maior valor geram um volume menor de dinheiro em espécie, facilitando a ocultação de recursos e, consequentemente, seu rastreamento.

Esse cenário foi decisivo para que no início do ano passado, o Banco Central Europeu interrompesse toda a produção de notas de 500 euros. Isso porque, ao longo dos anos, os 500 euros haviam se tornado populares demais no financiamento e facilitação do narcotráfico, do contrabando de seres humanos e do terrorismo.

Uma análise de 2010 da Agência de Crimes Graves e Organizados do Reino Unido estimou que naquele ano “90% dos [500 euros] vendidos no Reino Unido estavam nas mãos do crime. Já um levantamento do banco central da Alemanha descobriu que, de 2002 a 2009, mais de 70% das notas de 500 euros emitidas na Alemanha foram para o exterior, com metade desse percentual desembarcando especificamente na Rússia.

Uma alternativa para o Brasil seria fazer um teste de circulação das notas de R$ 200 para avaliar a demanda e a popularidade que elas podem ter (quem nunca tentou trocar uma cédula de alto valor na padaria e recebeu um olhar de reprovação?)

É necessário também aprimorar os mecanismos de identificação de lavagem de dinheiro, inibindo assim o uso dessas cédulas em esquemas de corrupção.

Fonte: Exame

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