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Veja como ficam os investimentos com a Selic a 3,5% ao ano

Com a taxa básica de juros (Selic) elevada para 3,5% ao ano, após decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central nesta quarta (5), investimentos de renda fixa ganham rentabilidade.

Quase todos, porém, ficam abaixo da previsão para a inflação de 2021 de 5,04% segundo a pesquisa Focus mais recente do Banco Central, que reúne estimativas do mercado.

De acordo com levantamento do buscador de investimentos Yubb, que considera a média de rentabilidade dos produtos de renda fixa no mercado, apenas a poupança antiga (depósitos antes de maio de 2012) e debêntures incentivadas, que são isentas de Imposto de Renda, ganham do aumento dos preços este ano com o juro neste patamar.

“A principal tarefa do investidor é se proteger da inflação, o que pode ser feito com o dólar e com ativos ligados ao IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo], por exemplo”, diz Marina Braga, gerente de alocação da BlueTrade.

Veja abaixo a projeção para a rentabilidade média dos produtos de renda fixa com a Selic a 3,50%:

Como a alta do dólar é uma das principais razões da inflação, ao ter produtos atrelados à moeda americana o investidor tem uma proteção indireta contra o aumento de preços.

Para isso, especialistas recomendam fundos cambiais e contratos de dólar, que podem ser adquiridos por meio da corretora.?

“Ter investimento em dólar é cada vez mais importante, dado o cenário fiscal complicado do jeito que está. E com as eleições no ano que vem, a incerteza deve aumentar”, diz Roberto Indech, economista-chefe da Clear Corretora.

Com o endividamento do Brasil e o fortalecimento da economia dos Estados Unidos, ele vê o câmbio mais próximo de R$ 6 do que de R$ 5.

Para ampliar os ganhos a dica é diversificar, tanto em produtos de renda fixa como naqueles de renda variável, e pensar no longo prazo.

“O tesouro IPCA+ 2026 mais curto disponível hoje rende o IPCA mais 3,5%. Isso fica abaixo da nossa expectativa de Selic para 2022, de 8%”, diz Ariane Benedito, economista da CM Capital.

Ela recomenda, então, que o investidor combine ativos ligados ao IPCA e ativos pós-fixados na carteira, que acompanham as mudanças na Selic.

As projeções do Focus para os juros, porém, são mais modestas. O mercado espera que a Selic suba até 5,5% ao fim de 2021 e, para 2022, a estimativa é de 6,25%, enquanto o IPCA esperado é de 3,61%. Ou seja, ano que vem a renda fixa deve registrar rendimento real positivo (acima da inflação).

“Vale o investidor ficar ligado nas emissões de CDBs (certificados de depósito bancário), LCs (letras de câmbio), LCIs (letras de crédito imobiliário) e LCAs (letras de crédito do agronegócio), que podem ter taxas atrativas, mas ainda está muito cedo para falar qua a renda fixa está interessante”, diz Ariane.

Segundo ela, a renda variável está com uma rentabilidade melhor atualmente. “A Bolsa ainda está muito aquecida. O juro teria que estar muito alto para valer a troca de pesos na carteira.”

Para Indech, da Clear, mesmo com a Selic em 6%, as opções na renda variável são mais atrativas. Do lado da renda fixa, ele destaca os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócios), que são isentos de Imposto de Renda.

“Temos CRIs e CRAs com juro de 4% e 4,5% mais inflação, com vencimento de dois a quatro anos, no mercado”, diz Indech.

Estes produtos, porém, são mais caros, com títulos a partir de R$ 5.000, em média.

Antes de investir, contudo, é preciso lembrar da reserva de emergência para gastos fixos, como aluguel e conta de luz, alocados em um produto de renda fixa com liquidez diária (que pode ser sacado a qualquer momento). Se recomenda guardar o equivalente a gastos de seis meses a um ano. O Tesouro Selic e produtos atrelados ao CDI, como CDBs, são boas opções para isso.

Veja outras opções de investimento:

RENDA FIXA
Títulos pós-fixados e atrelados a Selic ficam mais vantajosos com a alta nos juros, pois acompanham as mudanças na taxa.

Fundos de renda fixa que tenham debêntures na composição também são uma alternativa. Por serem mais arriscados, têm um retorno maior. Especialistas indicam que o investimento em dívidas privadas seja feito por meio de fundos, para reduzir o risco.

“Recursos destinados a objetivos de curto prazo, como por exemplo uma viagem, um casamento, um curso, entre outros, também devem ser mantidos em títulos de renda fixa. Agora, para o médio e longo prazo, cabe ao investidor estudar e buscar alternativas mais rentáveis a fim de preservar o seu poder de compra frente à aceleração da inflação”, afirma Bernardo Pascowitch, presidente do Yubb.

POUPANÇA
Com a Selic em 3,50% ao ano, a poupança nova tem um rendimento anual de2,45%. O valor segue a regra de remuneração para depósitos a partir de maio de 2012, que é 70% da Selic mais TR (taxa referencial), que hoje está zerada. Já a poupança antiga rende 6,167780% ao ano mais TR.

Segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade), fundos de renda fixa vão ter um rendimento superior à poupança nova apenas quando taxas de administração forem inferiores a 1% ao ano em resgates acima de seis meses ou quando a taxa for de até 1% e o resgate se der após dois anos, dada a incidência de IR.

AÇÕES
Além da renda fixa, ações de bancos e seguradoras também podem se beneficiar de juros mais altos. Por outro lado, empresas de varejo e construção civil podem ter queda no faturamento. Companhias com uma dívida elevada também podem ser impactadas negativamente por uma Selic maior.

No momento, empresas que produzem matérias-primas também são vistas como boas oportunidades por especialistas, já que os preços das commodities estão aquecidos e o real, desvalorizado.

A escolha a dedo de ações por quem não tem formação profissional, porém, não é indicada. Para deixar o aporte em ações na mão dos especialistas, o investidor também pode comprar cotas de fundos de ações ou multimercados de gestão ativa. O portfólio destes fundos está em constante mudança, de modo a ampliar os ganhos dos cotistas.

Os analistas alertam que o desempenho da economia, e consequentemente a valorização das empresas, vai depender da velocidade da vacinação no Brasil que, por enquanto, anda a passos lentos.

EXTERIOR
Especialistas também recomendam a presença de ativos ligados a outras economias na carteira para fugir do chamado “risco Brasil”, como dólar, euro e ações no exterior, via BDRs (recibo depositário de ações, na sigla em inglês) ou ETFs (fundo de índice). O ouro também é apontado como ativo de segurança.

Independente do cenário, é imprescindível que investidores diversifiquem a carteira, de modo a reduzir os riscos.

COMO SABER SEU PERFIL DE INVESTIDOR

Antes de investir, é necessário descobrir qual o seu perfil, para determinar que riscos está disposto a correr –e, a partir daí, definir os ativos de sua carteira.

O perfil é obtido por questionários e avaliação financeira de bancos, corretoras e casas de análise. Para ter uma boa parte da carteira em ações, como no perfil arriscado, por exemplo, é preciso ter sangue frio para lidar com eventuais desvalorizações do mercado.

Conservador
Preza estabilidade do investimento. Quer saber o rendimento ao fim do mês, sem arriscar perder dinheiro ou ter surpresas no meio do caminho. No passado, mantinha toda a carteira em renda fixa, mas, com a queda da rentabilidade, analistas recomendam uma pequena alocação em fundos multimercado.

Moderado
Aceita mais oscilações nos investimentos, especialmente a longo prazo, mas também preza a garantia do retorno. Sua carteira tem mais espaço para a renda variável.

Arrojado
Está mais disposto a correr risco em nome do retorno maior. Tem mais tranquilidade para lidar com oscilações bruscas na renda variável, que ocupa boa parte da carteira.

Agressivo
Não tem medo de perder em algumas aplicações para ganhar em outras. Tem sangue frio para aguentar o tranco de uma queda brusca de ações.

COMO DIVERSIFICAR INVESTIMENTOS

A diversificação depende do apetite ao risco. Conservadores devem ter a menor parte da carteira em ações, por exemplo. Veja diferentes tipos de investimento:

Pós-fixados
Acompanham a taxa de juros. Se ela sobe, a rentabilidade aumenta; se cai, o ganho diminui. São os investimentos mais seguros, e mesmo os mais arrojados têm uma parte do dinheiro nesses produtos.
Opções: poupança, CDBs, LCA e LCI, Tesouro Selic e fundos DI. A aplicação é de longo prazo, e o dinheiro fica parado até o vencimento.

Prefixados
Têm uma taxa de juros combinada no momento da aplicação, que não muda mesmo que a Selic seja alterada. Há risco em caso de venda antecipada e é o primeiro patamar de diversificação.
Opções: Tesouro prefixado e CDBs de bancos pequenos

Inflação
São investimentos que pagam uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação. Como mudam de preço todo dia, o investidor precisa mantê-los até o vencimento para evitar risco de perdas.
Opções: Tesouro IPCA+ e CDBs de bancos pequenos

Fundos multimercados
Investem em mais de um tipo de ativo. Geralmente combinam aplicações conservadoras, como títulos públicos, com ativos mais arriscados, que podem ser dívidas de empresas (no Brasil ou no exterior) e ações. Para saber no que um fundo investe, é preciso ler o informativo.

Ações
Ações são a menor fração de capital de uma empresa, podendo ser negociada em Bolsa. Esse tipo de investimento é indicado para pessoas de perfil arrojado. É possível escolher papéis individualmente ou investir por meio de fundos de ações ou que acompanham um índice (ETFs).

GLOSSÁRIO

CDBs, LCAs e LCIs
Os principais investimentos de renda fixa de bancos. Quanto maior o banco, menor a remuneração, porque o risco de calote é menor. As letras de crédito são isentas de IR. Em caso de calote, há cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira.

Debêntures
Títulos de dívida emitidos por empresas para financiar investimentos. Quem compra uma debênture corre o risco de calote da empresa, já que não há garantia do FGC. Quando o dinheiro é destinado a obras de infraestrutura, há isenção de Imposto de Renda.

Prefixado
Investimento cujo rendimento é conhecido na hora da aplicação. É vantajoso quando há expectativa de queda de juros. Como os títulos mais longos consideram que as taxas vão subir mais do que a expectativa do mercado, há chances de rendimento maior em outros tipos de renda fixa.

Tesouro IPCA+
Título público emitido pelo Tesouro Nacional que paga uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação. Garante o poder de compra do dinheiro em aplicações de longo prazo, mas pode sofrer oscilações de preços e gerar perdas em caso de resgate antes do vencimento.

CDI
Taxa de juro que acompanha a Selic e costuma ser referência para remuneração de investimentos de renda fixa emitidos por bancos

ETFs

São fundos que replicam um índice de ações, como o Ibovespa. O ganho será, ao final de um período, o mesmo registrado pela média das ações que compõem o índice. Como é um fundo passivo (não há um gestor tomando decisões de investimento), tem taxas mais baixas.

Fonte: Folha

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