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Em um mês, Marfrig conquista dona de Sadia e Perdigão, e JBS sinaliza criar uma ‘Seara’ no exterior

O último mês foi intenso no setor de proteína animal: a Marfrig, partindo do zero, se tornou a principal acionista da BRF, com 31,66% do total da empresa que detém as marcas Sadia e Perdigão. Ao mesmo tempo, segundo o colunista do GLOBO Lauro Jardim, a JBS estudou realizar oferta pela BRF, frente que não foi desmentida oficialmente pela gigante de carne bovina.

Porém, na última semana, as famílias Furlan e Fontana, fundadoras das marcas que geraram a BRF, indicaram em carta ao conselho que viam com bons olhos a associação com a Marfrig, afastando boatos de que a empresa estava desconfortável com a atitude agressiva e inesperada do controlador Marcos Molina.

E, para terminar, a JBS realizou novas aquisições pelo mundo que indicam o caminho da empresa: criar uma espécie de “Seara”, sua marca de aves e suínos, no exterior — com foco especial na Europa

— Há uma consolidação em um setor que ainda é muito pulverizado no Brasil e no mundo, em um momento de oportunidade e que permitirá uma grande sinergia — afirmou Marcos Jank, professor de Agronegócio do Insper, que cita a alta cotação da proteína animal e o dólar valorizado como incentivos aos negócios.

. Foto: Criação O Globo
. Foto: Criação O Globo

Na última semana, O GLOBO conversou com pessoas ligadas às três empresas e fontes do mercado, que indicaram que a compra de parte da BRF pela Marfrig, feita de forma silenciosa e rápida por Molina, é o negócio que mais tende a afetar o mercado.

Isso se refletiu nos papéis da BRF, que se valorizaram 31,47% nos últimos 30 dias, muito acima do Ibovespa no período, com alta de 4,7%.

A BRF já era a maior cliente da Marfrig, pois compra da nova sócia carne para hambúrgueres e almôndegas, além de proteína vegetal. Da mesma forma, vende cortes da Marfrig nas lojas Mercato Sadia.

Porém, a sinergia entre as marcas deve ir muito além: a BRF tem produtos que são uma boa transição para quem quer parar de comer carne, seja pelo avanço da pauta vegana ou pela pegada de carbono bovina.

Além de passar a fornecer o churrasco completo — além da carne bovina, a suína e a de aves —, como sua maior concorrente, a Marfrig associada à BRF também estará bem posicionada em mercados com potencial, como o de pratos prontos.

Acesso a mercados

Na visão de Molina, a BRF estava subvalorizada, apesar de enfrentar o aumento no preço dos grãos, que representa alta de custos por causa da ração de seus animais. Além disso, a BRF, com 43,6% de sua receita líquida de R$ 39,5 bilhões em 2020 oriundos do exterior, com produtos nas gôndolas de supermercados de 117 países, dá acesso a novos mercados para a Marfrig.

— Embora tenha uma estratégia externa de sucesso, a BRF está perdendo mercado doméstico para a Seara. A associação com a Marfrig é estratégica para a empresa, que ganha escala e a oportunidade de uma atuação comercial mais agressiva — afirma Osler Desouzart, da OD Consulting.

A JBS — que tem mais que o dobro da receita somada de Marfrig e BRF — não ficou para trás. Tem investido pesado na Seara — empresa de frangos e suínos que adquiriu da Marfrig em 2013 —, conseguindo reposicionar a marca e conquistar mercado, muitas vezes, segundo fontes do setor, com uma política agressiva, na qual usa seu peso no mercado de carne bovina para obter avanços. E seus movimentos no último mês indicam que a gigante quer repetir o feito no exterior, com foco na Europa.

Na quinta-feira, a JBS anunciou a compra — via a americana Pilgrim’s — da divisão de alimentos preparados do Kerry Group no Reino Unido e na Irlanda, por US$ 952 milhões. E, no dia 8, a aquisição da Rivalea, líder no processamento de suínos na Austrália, por US$ 135 milhões.

Isso se soma à compra, em 19 de abril, da holandesa Vivera, a maior empresa independente de plant-based da Europa, por € 341 milhões. As operações são vistas como norte pela companhia.

Muitos analistas e fontes próximas à empresa da família Batista classificaram a notícia do interesse da companhia pela BRF como puro boato. Além do custo da operação, a empresa teria de se desfazer da Seara ou de partes relevantes dela, por questões concorrenciais.

Porém, em um momento de muitos negócios, os nervos seguem à flor da pele, e há quem não duvide de nada:

— O setor, cada vez mais, é muito diverso, e a centralização faz sentido. Mas a aquisição, por si só, não faz milagre: é preciso muito trabalho para integrar a produção — disse Tarso Veloso, da consultoria AgResource, em Chicago (EUA).

Fonte: O Globo

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