Inflação corrói poder de compra dos brasileiros, mas eleva a arrecadação e permite à União abrir mão de R$ 43 bi em impostos
Enquanto a inflação acima dos 10% corrói a renda e o poder de compra dos brasileiros, há quem ganhe com a disparada dos preços: o governo. A inflação de dois dígitos tem sido usada pela equipe econômica para lançar medidas que tentam, em ano eleitoral, aquecer a economia, cuja previsão até agora é de um crescimento magro de menos de 1% este ano.
A inflação aperta o orçamento das famílias mas, para o governo, pelo menos a curto prazo, o efeito é o contrário: cria uma folga fiscal. Como a arrecadação de tributos consiste, em geral, de um percentual sobre o valor cobrado sobre produtos e serviços, o aumento de preços faz com que a receita levantada pelo governo suba imediatamente. Porém, a maior parte das despesas públicas não tem correção imediata.
Isso permitiu que o governo fizesse uma série de reduções de impostos, que vão levar a uma renúncia fiscal de R$ 43,4 bilhões, considerando só a alíquota menor de IPI sobre produtos industrializados e PIS/Cofins dos combustíveis.
Analistas comparam a estratégia atual com o “imposto inflacionário”, fenômeno que ficou famoso no Brasil na década de 1980, e alertam que a fatura destas medidas ficará para 2023, ou seja, para o próximo governo.
Fonte: O Globo