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Acon compra 19% da Sapore, preparando o menu do IPO

Private equity terá assento no conselho da companhia de alimentação de Daniel Mendez

A gestora de private equity Acon comprou uma participação minoritária da Sapore, uma das maiores companhias de alimentação do país, fundada pelo uruguaio Daniel Mendez. Coinvestiram com a Acon fundos como o Signal Capital – que também tinha entrado junto da gestora americana na telecom Conexão, vendida no ano passado – e o XP Selection, private equity gerido pela XP.

Os americanos terão 19% do capital, com um assento no conselho de administração. O valor do aporte e valuation não foram revelados. “A transação dá musculatura à companhia, que segue com o plano de IPO quando houver uma abertura de mercado”, disse Mendez ao Pipeline.

Fundada no início da década de 90, a Sapore fornece mais de um milhão de refeições diárias a mais mil escolas, hospitais, fábricas e escritórios, tendo se tornado referência no país em restaurantes corporativos.

A chegada à bolsa é um sonho antigo de Mendez e que vem sendo adiado por diferentes eventos. Em 2018, a companhia tentou a aquisição da IMC, dona das redes Viena e Frango Assado – como a IMC é listada, um M&A poderia ter colocado a Sapore já na B3. A transação acabou não dando certo, e a Sapore buscava uma outra grande aquisição que aumentasse seu porte para a estreia no pregão.

As oportunidades, no entanto, surgiram principalmente para negócios menores, com a compra de startups que têm acelerado o processo de inovação na companhia. Mendez havia decidido levar a Sapore à bolsa sozinha mesmo – quando o mercado virou. Com M&A ainda no radar e crescimento orgânico, o aporte do private equity dá fôlego nessa caminhada – no pré-IPO, os fundos costumam ajudar as companhias a ganhar eficiência, se aproximar de investidores e aumentar a governança.

A companhia também está retomando seus números, afetados pela pandemia – com escolas e fábricas fechadas, as refeições foram suspensas temporariamente em muitos dos clientes. Em 2020, a companhia sentiu o baque na receita e no lucro, passando de R$ 1,85 bilhão de faturamento para R$ 1,54 bilhão e vendo o lucro de R$ 41 milhões virar prejuízo de R$ 12 milhões. O balanço de 2021 ainda não foi publicado, mas a companhia afirma que faturou R$ 2 bilhões, sinal de que já retomou a rota de crescimento.

A estimativa do fundador, numa entrevista ao site Neofeed há dois anos, antes da pandemia, era estrear em bolsa quando a Sapore atingisse R$ 200 milhões de Ebitda, conseguindo um valuation de ao menos 15 vezes essa marca, a R$ 3 bilhões. Naquela época, o Ebitda estava em R$ 140 milhões. O contexto mudou, os números de referência também podem ter mudado, mas dá uma ideia do valuation da companhia.

Mendez é chairman da Sapore e o executivo Elezir da Silva Júnior, que foi diretor financeiro e VP da companhia, agora é o CEO. A gestora Acon levantou um fundo no ano passado, no montante de US$ 370 milhões, para investir na América Latina. O aporte na Sapore faz parte desse fundo Latin American Opportunities V.

Fonte: Pipeline Valor

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