spot_img

Agrolend, primeira financeira rural, quer colher uma carteira de R$ 1 bi

Montado no trator, um senhor de quase 80 anos levanta o chapéu e dá o clique. Em poucos segundos, as imagens tiradas do celular fazem a prova de vida e o produtor de grãos do oeste paranaense já pode submeter o pedido de crédito no aplicativo da Agrolend. A aprovação sai em poucos minutos e, em até dois dias, o capital de giro está na conta.

Quando os irmãos André e Alan Glezer começaram a montar a Agrolend, uma fintech voltada à concessão de crédito para capital de giro para a agricultura brasileira, ainda tinham receio se a ideia superaria a barreira analógica que caracteriza os rincões do Brasil. “Nosso cliente não é urbano. É o cara com 60, 70 anos, muito distante das capitais. Era uma dúvida se ia passar pelo processo digital, mas o modelo vem funcionando muito bem com eles”, conta André, o CEO da Agrolend.

A startup já nasceu com sócios tarimbados e recheada de expectativa. Antes mesmo de conceder os primeiros empréstimos em fase piloto, a Agrolend já havia captado um seed de R$ 9 milhões com a Continental Grain e as gestoras SP Ventures, Barn e Provence Capital.

Em menos de um ano, o modelo se provou e chegou a hora de acelerar as máquinas. Para ganhar escala, a fintech acaba de levantar US$ 14 milhões (o equivalente a R$ 80 milhões) em uma rodada série A liderada pela Valor Capital, a gestora criada pelo diplomata Clifford Sobel. Os investidores que entraram no seed também acompanharam, bem como a família Conde, herdeira do fundador do antigo banco BCN.

De olho num mercado de centenas de bilhões que continua crescendo rápido, mas que deve enfrentar um espaço fiscal limitado à expansão do crédito público — o Plano Safra é um colosso de R$ 251 bilhões —, a Agrolend vislumbra chegar a uma carteira de R$ 1 bilhão em dois anos, atendendo mais de 4 mil clientes.

Atualmente, a carteira da fintech soma R$ 40 milhões, com uma base de 220 clientes e um tíquete médio de R$ 200 mil por operação. Desde que saiu da fase piloto, Agrolend vem dobrando de tamanho a cada mês, mas precisava diversificar — e baratear — as fontes de funding para ganhar mais tração.

Como ocorre em toda Sociedade de Crédito Direto (SCD), a startup não pode se alavancar. Para conceder os empréstimos, a Agrolend levantou um FIDC de R$ 40 milhões, que contou com a participação de gestoras conhecidas, como Itaú Asset, Verde e Augme.

A ideia é aproveitar o bolso fundos dos investidores para captar mais recursos. “A turma colocou pouco dinheiro perto da capacidade. Provavelmente, vamos fazer novas emissões de FIDCs em 45 a 60 dias”, diz Alan Glezer, o CFO da Agrolend.

Na próximas semanas, a fintech também deve enviar ao Banco Central o pedido para conseguir um upgrade na licença de operação, se transformando em uma financeira — como funcionam Nubank, Mercado Crédito e as verticais de serviços financeiros das varejistas. Aí sim vai poder se alavancar.

A ideia é obter a licença a tempo de aproveitar a safra 2022/23, que começa oficialmente em setembro, explica Valéria Bonadio, cofundadora responsável pelo compliance da Agrolend. Se tudo der certo, será a primeira agtech do país a obter uma licença para atuar como financeira. No setor, a startup já havia sido a SCD pioneira.

Como financeira, a Agrolend vai captar LCAs junto às plataformas de investimentos. “Uma alavancagem de 5 vezes numa financeira é bem baixa para o modelo”, diz Alan, frisando o potencial representado pela licença. “Já estaremos prontos para desembolsar R$ 400 milhões, R$ 500 milhões na próxima safra”.

A captação de LCAs também trará vantagens de custo de capital para a fintech. Por oferecer isenção de imposto de renda ao investidor pessoa física, a Agrolend calcula que poderá captar ao custo do CDI, um funding mais barato que os FIDCs, que em geral saem a CDI + 5%.

“Se emprestamos a 18% ao ano e captamos a 10%, 11%, o spread da operação é ótimo”, diz o CFO. Na competição com as multinacionais de agroquímicos e revendas que também financiam os agricultores, a Agrolend se diz competitiva. Pelas últimas estimativas, as químicas cobram perto entre 1,7% ou 1,8% ao mês, ao passo que a fintech trabalhará com 1,4%.

Para originar o crédito no campo, a Agrolend faz parcerias com concessionárias de máquinas agrícolas e revendas de insumos. O modelo é parecido com o da Terra Magna, startup que marcou a recente estreia do Softbank em agtechs.

Com uma estratégia de operação espalhada pelo país e diversificada por cultura agrícola — forma de mitigar riscos climáticos e de commodities —, a Agrolend ainda está concentrada no crédito para capital de giro, mas no futuro pode entrar em crédito para investimentos e seguro rural.

As ambições da fintech dos irmãos Glezer passam por criar um grande banco digital para o agronegócio, uma espécie de Nubank do campo. Em sete anos, a startup projeta uma carteira de R$ 10 bilhões. Até chegar lá, precisará de mais um R$ 1 bilhão em equity. Novas rodadas vêm aí.

Fonte: Pipeline Valor

Você é empresário?

Descubra agora gratuitamente quantos concorrentes o seu negócio tem

Logo Data Biz News
Grátis

Descubra agora quantos concorrentes a sua empresa tem

data biznews logo Data Biznews segue as diretrizes da LGPD e garante total proteção sobre os dados utilizados em nossa plataforma.

Últimas notícias

O que falta para a taxa de juros do BC cair mais rápido

Inflação para 2025 está na meta, na conta do...

Na Saque e Pague, R$ 200 milhões para virar “banco” e “loja”

Muitos especialistas previam o declínio dos caixas eletrônicos, equiparando-os...

Veja outras matérias

Logo Biznews brasil
Consultoria Especializada

Compra e Venda de Empresas

Clique e saiba mais

Valuation

Clique e saiba mais

Recuperação de Tributos

Clique e saiba mais