spot_img

Dívida de R$ 100 milhões e diluição de capital: os capítulos finais da Saraiva

Família fundadora deverá deixar o controle de companhia centenária após conversão de ações; brigas, denúncias e incertezas marcaram os últimos dias da empresa

A centenária história da mais tradicional rede de livrarias do Brasil parece estar chegando ao seu desfecho. Após mais de cem anos desde sua fundação, a Saraiva está prestes a mudar de mãos, com a família fundadora, que emprestou seu nome à empresa, perdendo o controle.

No último balanço da Saraiva, a dívida líquida relatada era de R$ 24,620 milhões, mas fontes indicam que o valor total pode ser cerca de R$ 100 milhões a mais. Essa diferença estaria relacionada a pagamentos pendentes que ainda não foram contabilizados. Desde 2018, quando a Saraiva entrou em sua primeira recuperação judicial, todas as 106 lojas foram fechadas, com mais de 20 delas encerrando suas atividades apenas este ano. Os funcionários estão ansiosos por informações sobre o reembolso de suas demissões.

Nos últimos meses, cerca de 300 funcionários foram dispensados, e, de acordo com fontes, a família controladora teria injetado aproximadamente R$ 5 milhões por meio de uma operação de Dip Finance para cobrir os custos trabalhistas. No entanto, os funcionários alegam que ainda não receberam o dinheiro devido, levantando preocupações sobre os acordos feitos com os funcionários das lojas que fecharam a partir de abril deste ano.

O futuro da Saraiva está nas mãos de novos acionistas, que serão formados após a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) programada para esta sexta-feira, 22. A pauta da AGE inclui a conversão das ações preferenciais em ordinárias, uma medida exigida pela Justiça devido ao excesso de ações preferenciais em relação ao limite estabelecido em sua recuperação judicial. O plano proposto para os credores envolvia a redução de 80% da dívida e a conversão dos 20% restantes em ações preferenciais, sem direito a voto, o que resultou em um aumento significativo no número de ações preferenciais. A participação da família fundadora, atualmente de 52%, deverá cair para cerca de 4,7% após essa conversão.

Para os credores, essa operação parece ser positiva, já que esperam vender as ações ordinárias na tentativa de recuperar parte da dívida com a Saraiva. No entanto, Alyssa Bruscato, uma investidora que chegou a ser a segunda maior acionista da empresa, expressou descontentamento com a relação de troca e encerrou sua posição pouco antes da conversão das ações.

A saga de Bruscato na Saraiva começou em 2019, após a saída do investidor coreano Mu Hak You, que também teve desavenças com os controladores da empresa. Alyssa Bruscato alegou conflitos de interesse na aprovação das contas de 2022 pela presidente do Conselho de Administração, Olga Saraiva, como motivo para sua saída. Ela também levantou preocupações sobre um contrato com a KR Capital, empresa do ex-CEO estatutário da Saraiva, Marcos Guedes, que teria prejudicado a empresa. A questão envolve uma dívida de R$ 25 milhões e a suspeita de falsificações em documentos relacionados a essa transação.

Os detalhes do contrato com a KR Capital e a possível adulteração de documentos foram mencionados nas cartas de renúncia de conselheiros indicados por Alyssa Bruscato. Parte da dívida à KR Capital seria paga em ações, parte parceladamente, e o restante à vista, com o último pagamento em dinheiro. A Justiça suspendeu tanto o parcelamento quanto o pagamento em ações. No entanto, o direito de receber essa dívida agora pertence ao FIDC AlphaOverlay, que comprou os direitos sobre o crédito.

A KR Capital também conseguiu reduzir sua dívida com o Banco do Brasil, o maior credor da Saraiva na época, por meio de um FIDC. Alyssa Bruscato questionou essa transação e sugeriu que ela teria gerado lucros para o FIDC e prejuízos para a Saraiva.

A Saraiva ainda não se pronunciou sobre essas alegações, e Alyssa Bruscato deixou a empresa após a AGE de agosto. Agora, a família fundadora também se afastará da empresa, que enfrenta um futuro incerto nas mãos dos novos credores, que terão a responsabilidade de escrever o próximo capítulo da história da Saraiva. Resta saber se essas próximas linhas serão mais uma nota de rodapé ou uma reviravolta na trajetória da empresa.

Fonte: Exame

Você é empresário?

Descubra agora gratuitamente quantos concorrentes o seu negócio tem

Logo Data Biz News
Grátis

Descubra agora quantos concorrentes a sua empresa tem

data biznews logo Data Biznews segue as diretrizes da LGPD e garante total proteção sobre os dados utilizados em nossa plataforma.

Últimas notícias

O que falta para a taxa de juros do BC cair mais rápido

Inflação para 2025 está na meta, na conta do...

Na Saque e Pague, R$ 200 milhões para virar “banco” e “loja”

Muitos especialistas previam o declínio dos caixas eletrônicos, equiparando-os...

Veja outras matérias

Logo Biznews brasil
Consultoria Especializada

Compra e Venda de Empresas

Clique e saiba mais

Valuation

Clique e saiba mais

Recuperação de Tributos

Clique e saiba mais