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Empresas de tecnologia dominam IPOs e quadruplicam em dois anos na B3

A estreia da Multilaser (MLAS3) na B3 nesta quinta-feira, 22, aumenta para 16 o número de empresas de tecnologia listadas na bolsa brasileira. Até 2019, eram apenas quatro, considerando as ações da Linx, que deixaram de ser negociadas. Hoje, a quantidade já é maior que a de bancos, com doze representantes. 

O forte crescimento se deu por meio da disparada das ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês). Ainda faltam pouco mais de cinco meses para o fim do ano, mas 2021 já é o segundo em número de IPOs na bolsa, com o setor liderando o movimento. Dos 32 já realizados neste ano, nove foram de empresas de tecnologia. 

O número poderia ser ainda maior não tivessem algumas empresas escolhido abrir o capital na Bolsa de Nova York e na Nasdaq, como foi o caso, respectivamente, da VTEX e da Zenvia nesta semana.

Ainda assim, a escolha predominante da B3 para a abertura de capital contrasta com a concepção de poucos anos atrás, quando companhias do setor buscavam apenas o mercado americano.

“Existia a percepção de que elas precisavam ser listadas na Nasdaq. As métricas de avaliação são diferentes das tradicionais. Por mais que elas não tenham lucro líquido, elas crescem exponencialmente e por isso deveriam receber uma avaliação mais alta”, diz Roderick Greenless, chefe global de banco de investimento do Itaú BBA

“Era uma questão de tempo até o investidor brasileiro entender que há muito valor nessas companhias. Isso acabou se tornando uma realidade”, afirma Greenless.

A mudança dessa concepção começou a ganhar força com o IPO da Locaweb (LWSA3) em fevereiro do ano passado. A empresa foi a primeira de tecnologia a entrar na bolsa desde a oferta da Sinqia (SQIA3), ainda chamada de Senior Solution, em 2013.

Com demanda 1.000% superior à oferta, a Locaweb colocou suas ações no patamar mais alto da faixa indicativa, levantando 1,35 bilhão de reais. Em meio a recomendações negativas por parte de analistas do país, mais da metade da oferta ficou com investidores estrangeiros. Quem entrou, ganhou muito dinheiro. Em 12 meses após o IPO, as ações da empresa já tinham subido 400%

Mas a decisão por trás da escolha pela B3 não foi simples. “Brasil ou Estados Unidos?” Essa era a pergunta que Fernando Cirne, presidente da Locaweb, fez em encontros com investidores americanos antes do processo de oferta. “‘Se a tese [de negócios] for boa, independe do local da oferta’”, afirma Cirne ao relembrar a resposta. 

“Como os investidores internacionais eram neutros sobre o local da oferta, decidimos fazer na B3, aproveitando a nossa marca forte e a carência de investimentos em tecnologia no Brasil. E acertamos”, afirma Cirne. 

Desde o IPO da Locaweb, outras 12 companhias do setor listaram suas ações na B3, movimentando mais de 10 bilhões de reais. Na fila atual da bolsa, 26 empresas aguardam a análise do pedido de IPO pela CVM e estão em processo de convencimento de grandes investidores, entre elas algumas do setor, como TC, Clear Sales e Trocafone. 

“O investidor brasileiro passou a entender e a gostar de empresas de tecnologia. Por muito tempo se achava que os múltiplos da Nasdaq eram irreais. São teses de crescimento que duram décadas. A partir do momento em que o investidor brasileiro passou a entender isso, criou a oportunidade de listagens na B3”, diz Rodrigo Barros, chefe de análise da Âmago Capital

Uma das últimas a entrar na bolsa foi a GetNinjas (NINJ3), que movimentou cerca de 500 milhões de reais em IPO realizado em maio deste ano. Para Eduardo L’Hotellier, presidente da GetNinjas, não só a melhor avaliação do investidor brasileiro, mas o tamanho do mercado local pesou positivamente para a abertura de capital na B3. 

“Se abríssemos capital nos Estados Unidos, seríamos uma empresa pequena. No Brasil, há poucas empresas de tecnologia e conseguiríamos ter uma relevância maior”, diz L’Hotellier. Não deu outra. Em sua oferta, L’Hotellier conseguiu investimentos de gestoras de renome, como Verde Asset, Mills Capital e Indie Capital. 

“Preferimos ser uma das mais relevantes empresas de tecnologia do Brasil do que ser mais uma entre diversas ótimas empresas dos Estados Unidos”, pontua. “Isso não nos impede de, ao continuarmos crescendo, em algum momento listarmos ADRs [recibos de empresas listadas em outras bolsas] nos Estados Unidos.”

Embora o setor esteja na liderança em número de IPOs em 2021, as ofertas estão longe de serem as maiores em volume movimentado. Enquanto, em média, cada IPOs deste ano levantou 2,5 bilhões de reais, os IPOs de tecnologia movimentaram 1,08 bilhão de reais.

Mas tamanho não é considerado um problema fundamental para os gestores. Com mais e mais opções de investimento em empresas de tecnologia, começam a surgir no mercado fundos especializados no tema.

Há um ano, a gestora Vitreo lançou um fundo chamado Tech Brasil, com 80% da alocação em ações do setor na B3, e o restante em techs do exterior. O fundo tem mais de 100 milhões de reais em patrimônio líquido e acumula rentabilidade de 79% em 12 meses (até o dia 20 de julho), muito acima dos 28% do Ibovespa no período.

Neste ano, a gestora Plural também criou um fundo especialmente voltado para o tema, o Plural Tech. 


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A estreia da Multilaser (MLAS3) na B3 nesta quinta-feira, 22, aumenta para 16 o número de empresas de tecnologia listadas na bolsa brasileira. Até 2019, eram apenas quatro, considerando as ações da Linx, que deixaram de ser negociadas. Hoje, a quantidade já é maior que a de bancos, com doze representantes. 

O forte crescimento se deu por meio da disparada das ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês). Ainda faltam pouco mais de cinco meses para o fim do ano, mas 2021 já é o segundo em número de IPOs na bolsa, com o setor liderando o movimento. Dos 32 já realizados neste ano, nove foram de empresas de tecnologia. 

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O número poderia ser ainda maior não tivessem algumas empresas escolhido abrir o capital na Bolsa de Nova York e na Nasdaq, como foi o caso, respectivamente, da VTEX e da Zenvia nesta semana.

Ainda assim, a escolha predominante da B3 para a abertura de capital contrasta com a concepção de poucos anos atrás, quando companhias do setor buscavam apenas o mercado americano.

“Existia a percepção de que elas precisavam ser listadas na Nasdaq. As métricas de avaliação são diferentes das tradicionais. Por mais que elas não tenham lucro líquido, elas crescem exponencialmente e por isso deveriam receber uma avaliação mais alta”, diz Roderick Greenless, chefe global de banco de investimento do Itaú BBA

“Era uma questão de tempo até o investidor brasileiro entender que há muito valor nessas companhias. Isso acabou se tornando uma realidade”, afirma Greenless.

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A mudança dessa concepção começou a ganhar força com o IPO da Locaweb (LWSA3) em fevereiro do ano passado. A empresa foi a primeira de tecnologia a entrar na bolsa desde a oferta da Sinqia (SQIA3), ainda chamada de Senior Solution, em 2013.

Com demanda 1.000% superior à oferta, a Locaweb colocou suas ações no patamar mais alto da faixa indicativa, levantando 1,35 bilhão de reais. Em meio a recomendações negativas por parte de analistas do país, mais da metade da oferta ficou com investidores estrangeiros. Quem entrou, ganhou muito dinheiro. Em 12 meses após o IPO, as ações da empresa já tinham subido 400%

Mas a decisão por trás da escolha pela B3 não foi simples. “Brasil ou Estados Unidos?” Essa era a pergunta que Fernando Cirne, presidente da Locaweb, fez em encontros com investidores americanos antes do processo de oferta. “‘Se a tese [de negócios] for boa, independe do local da oferta’”, afirma Cirne ao relembrar a resposta. 

“Como os investidores internacionais eram neutros sobre o local da oferta, decidimos fazer na B3, aproveitando a nossa marca forte e a carência de investimentos em tecnologia no Brasil. E acertamos”, afirma Cirne. 

Desde o IPO da Locaweb, outras 12 companhias do setor listaram suas ações na B3, movimentando mais de 10 bilhões de reais. Na fila atual da bolsa, 26 empresas aguardam a análise do pedido de IPO pela CVM e estão em processo de convencimento de grandes investidores, entre elas algumas do setor, como TC, Clear Sales e Trocafone. 

Evento de estreia das ações da Locaweb no começo de fevereiro de 2020, antes da chegada da pandemia ao país | Foto: Cauê Diniz (Cauê Diniz/B3/Divulgação)

“O investidor brasileiro passou a entender e a gostar de empresas de tecnologia. Por muito tempo se achava que os múltiplos da Nasdaq eram irreais. São teses de crescimento que duram décadas. A partir do momento em que o investidor brasileiro passou a entender isso, criou a oportunidade de listagens na B3”, diz Rodrigo Barros, chefe de análise da Âmago Capital

Uma das últimas a entrar na bolsa foi a GetNinjas (NINJ3), que movimentou cerca de 500 milhões de reais em IPO realizado em maio deste ano. Para Eduardo L’Hotellier, presidente da GetNinjas, não só a melhor avaliação do investidor brasileiro, mas o tamanho do mercado local pesou positivamente para a abertura de capital na B3. 

“Se abríssemos capital nos Estados Unidos, seríamos uma empresa pequena. No Brasil, há poucas empresas de tecnologia e conseguiríamos ter uma relevância maior”, diz L’Hotellier. Não deu outra. Em sua oferta, L’Hotellier conseguiu investimentos de gestoras de renome, como Verde Asset, Mills Capital e Indie Capital. 

“Preferimos ser uma das mais relevantes empresas de tecnologia do Brasil do que ser mais uma entre diversas ótimas empresas dos Estados Unidos”, pontua. “Isso não nos impede de, ao continuarmos crescendo, em algum momento listarmos ADRs [recibos de empresas listadas em outras bolsas] nos Estados Unidos.”

Embora o setor esteja na liderança em número de IPOs em 2021, as ofertas estão longe de serem as maiores em volume movimentado. Enquanto, em média, cada IPOs deste ano levantou 2,5 bilhões de reais, os IPOs de tecnologia movimentaram 1,08 bilhão de reais.

Mas tamanho não é considerado um problema fundamental para os gestores. Com mais e mais opções de investimento em empresas de tecnologia, começam a surgir no mercado fundos especializados no tema.

Há um ano, a gestora Vitreo lançou um fundo chamado Tech Brasil, com 80% da alocação em ações do setor na B3, e o restante em techs do exterior. O fundo tem mais de 100 milhões de reais em patrimônio líquido e acumula rentabilidade de 79% em 12 meses (até o dia 20 de julho), muito acima dos 28% do Ibovespa no período.

Neste ano, a gestora Plural também criou um fundo especialmente voltado para o tema, o Plural Tech. 

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“Não era possível ter um fundo assim em 2018 ou 2019. Entendemos que o período de 2020 e 2021 era o mais adequado [para abrir o fundo]. Hoje temos muito mais espaço para trabalhar”, afirma Wilson Adler, analista do Plural Tech.

Representatividade limitada

Mas, mesmo que o número de empresas de tecnologia na bolsa venha crescendo a passos largos, elas ainda são uma pequena porção das mais de 300 empresas listadas na B3. Das 84 ações do índice mais representativo da bolsa, o Ibovespa, somente as da Totvs (TOTS3) e da Locaweb (LWSA3) são puramente de tecnologia.

Em participação na composição, as duas somam menos de 1% do índice, enquanto Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3, PETR4) representam 21,91%. Ambas são produdoras de commodities.

O cenário é bem diferente nos Estados Unidos, onde a tecnologia lidera por todas as óticas. Das cinco maiores companhias do país, as cinco são do setor, na ordem: Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet (Google) e Facebook. Juntas, o valor de mercado supera 8 trilhões de dólares. O peso das cinco big techs no S&P 500 é de 22,5%, superior ao da Vale e da Petrobras juntas no Ibovespa. 

“Essas janelas de IPOs não são contínuas, mas tenho certeza de que daqui a dez anos as maiores empresas da bolsa brasileira não vão ser de mineração e siderurgia. Vão ser de tecnologia. Muitas delas vieram à bolsa e muitas outras vão vir. Estamos ainda na primeira página desse livro”, afirma L’Hotellier, da GetNinjas.

Fonte: Exame

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