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Empresas médias ampliam presença na Bolsa. Na fila para IPOs, estão marcas como Madero, Bluefit e Dori

Tamanho não é mais documento na hora de entrar na Bolsa de Valores. Com cada vez mais pessoas físicas buscando a renda variável para obter um rendimento melhor, a B3 passou a ser vista como um espaço possível para companhias médias.

Marcas como Dori, Madero, BlueFit e Lupo já têm planos de se aventurar na Bolsa. E outras nem tão conhecidas, como Orizon, Mosaico e Focus Energia, já abriram seu capital.

Com a maior oferta, as ofertas públicas iniciais (IPOs, pela sigla em inglês) deixaram de ser um negócio de bilhões. Pedro Leite, responsável pela área de Mercado de Capitais do Santander, destaca que 18 dos 44 IPOs realizados este ano foram de empresas que levantaram menos de R$ 1 bilhão. E oito ofertas foram na casa dos R$ 500 milhões ou menos.

Considerando o universo total de IPOs, o valor médio foi de R$ 1,8 bilhão.

— Antigamente, nós falávamos que um IPO tinha que ter pelo menos uns US$ 500 milhões de tamanho. Hoje, já dá para fazer ofertas bem menores, de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões. E, com o sucesso desses IPOs, já observamos a entrada de outras empresas que não são as líderes daquele setor — explica Leite.

De ‘snacks’ a academias

Analistas destacam que a maior receptividade da Bolsa para empresas médias é fruto de um amadurecimento do mercado e do aumento da liquidez gerada pela entrada de novos investidores. No primeiro semestre deste ano, o número destes cresceu 43% frente ao mesmo período de 2020, segundo dados da B3.

— Querendo ou não, a nossa Bolsa ainda é muito concentrada. Muitas vezes, a empresa nova, não importa se ela é pequena ou grande, é observada pelo investidor como uma forma de diversificar — disse o chefe de renda variável da corretora Ável Investimentos, Leonardo Schmitt.

Para as empresas, estar na Bolsa traz muitas vantagens, como maior facilidade para a tomada de crédito, com taxas mais competitivas, além do incremento no poder de barganha na hora de negociar, por exemplo, com fornecedores.

Semana passada, a Dori Alimentos protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um prospecto preliminar para realizar um IPO. A oferta será primária, quando os recursos vão para o caixa da empresa, e secundária, na qual os atuais acionistas vendem parte de suas fatias.

A empresa, de Marília (SP), é uma das maiores no ramo de snacks — o que inclui amendoins, balas, chocolates, entre outros. Segundo o prospecto, a Dori registrou lucro líquido de R$ 33,915 milhões e receita operacional líquida de R$ 426,228 milhões no primeiro semestre deste ano.

A rede de restaurantes Madero, presente em 18 estados, também já protocolou o prospecto preliminar para seu IPO. A oferta será primária e secundária. Os recursos, afirma o prospecto, devem ser usados em boa parte para expansão e pagamento de dívidas, após a renegociação com bancos.

E o sucesso do IPO da Smart Fit, em julho, levou a rede de academias Bluefit a protocolar seu prospecto preliminar para uma oferta, também primária e secundária. Fundada em 2015 na cidade de Santo André, a BlueFit está presente em 15 estados brasileiros mais o Distrito Federal, e tem 102 unidades em operação.

Fundada em 2015 na cidade de Santo André, a BlueFit está presente em 15 estados brasileiros e no Distrito Federal, e tem 102 unidades em operação. Foto: Reprodução/site da Bluefit
Fundada em 2015 na cidade de Santo André, a BlueFit está presente em 15 estados brasileiros e no Distrito Federal, e tem 102 unidades em operação. Foto: Reprodução/site da Bluefit

E a Lupo, conhecida por suas meias e roupas íntimas, deve aprovar em assembleia de acionistas ainda este mês o pedido de registro de companhia aberta, bem como o IPO. Segundo o jornal Valor Econômico, a oferta será de papéis ordinários (ON, com direito a voto) dos próprios sócios e de novas ações, a fim de reforçar o caixa da empresa.

A Lupo tem cerca de 650 lojas, sendo mais da metade franquias. Procurada, a companhia diz não comentar assuntos de mercado.

Fora do eixo Rio-SP

Para um analista que acompanha um processo de IPO e não quis se identificar, o principal desafio de empresas médias para abrir o capital está na governança corporativa. Segundo ele, ao ver o mercado aquecido, muitas companhias tentam pular etapas, abrindo capital antes de organizar conselho de administração e auditoria, por exemplo.

Outro obstáculo é a ocorrência de muitas ofertas ao mesmo tempo. Os responsáveis pela análise dos IPOs nem sempre conseguem avaliar todas da mesma forma. Para fundos maiores, por exemplo, haverá uma preferência por grandes ofertas.

O mercado de IPOs também passa por uma mudança geográfica. Com a ajuda do agronegócio, empresas fora do eixo Rio-São Paulo entram no radar dos investidores.

Estão na fila de análise da CVM processos como os da São Salvador Alimentos, localizada em Goiás e dona da marca Super Frango; da Conasa, empresa da área de saneamento de Santa Catarina e da Rio Branco Alimentos, de Minas Gerais, dona da marca Pif Paf.

— Antes, só víamos as líderes. Mas hoje, o investidor brasileiro entende que os IPOs não são apenas no eixo Rio e São Paulo. Empresas de outros estados têm um crescimento relevante e uma menor concorrência em suas regiões — destaca Leite.

Fonte: O Globo

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