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Enquanto Correios ‘patinam’, Sequoia Logística busca IPO bilionário

Enquanto a novela da privatização dos Correios continua arrastada, uma empresa que nasceu e cresceu na última década à margem da estatal e atenta ao potencial crescimento das vendas online pode coroar sua trajetória com a chegada à bolsa: a Sequoia Logística planeja anunciar na segunda-feira, 5, o êxito de sua oferta pública inicial (o IPO) na B3.

A companhia, maior operadora logística independente do país, com 16% de participação do mercado, tenta fazer o IPO decolar com uma narrativa que remete à adotada pela Boa Vista Serviços, que se vendeu para investidores como uma empresa de inteligência de dados valiosa na nova economia. Deu resultado: a demanda superou em cinco vezes a oferta.

Foi um argumento que pareceu convencer grandes investidores estrangeiros, algo que também está acontecendo com a empresa de logística, segundo a EXAME apurou.

A Sequoia se vende como uma empresa que faz a gestão da logística de “porta a porta” com uso de tecnologia proprietária e que, portanto, está posicionada como poucas para tirar proveito da explosão das vendas online no país, uma tendência que a pandemia só acelerou. Isso inclui o estratégico — e rentável — segmento de fulfillment, que é a gestão de armazenagem de produtos que serão despachados para o consumidor.

Os Correios, que são essencialmente uma empresa de entregas — ainda que disponham do valioso ativo da maior capilaridade do país, chegando a 95% dos municípios –, só ingressaram na atividade do fulfillment em 2016.

A Sequoia pode levantar cerca de 1,1 bilhão de reais se a oferta for adiante com a ação a 16 reais, no centro da faixa indicativa que vai de 14,25 reais a 17,75 reais.

Seria, nesse caso, uma oferta primária de 450 milhões de reais, em que os recursos iriam para o caixa da companhia, e uma oferta secundária de quase 640 milhões de reais, com dinheiro revertido para os acionistas que venderem as suas participações.

São valores que não consideram lotes suplementares e ações adicionais que podem ser vendidos pelos acionistas se houver demanda. Somadas as duas colocações, o IPO da Sequoia pode movimentar mais de 1,5 bilhão de reais.

O principal acionista é a empresa americana de private equity Warburg Pincus, que ingressou na Sequoia em 2014, tem hoje 70% das ações e pode reduzir para algo próximo a 20% a depender da venda de lote suplementar ou de ações adicionais na oferta.

A oferta foi recebida com resistência por alguns analistas, que apontam o fato de a oferta ser majoritariamente secundária: ou seja, servir mais como uma porta de saída e de redução de participação dos atuais acionistas do que para ampliar a capacidade de crescimento da companhia.

Mais flexível que os Correios

A companhia foi co-fundada em 2010 por um dos executivos que mais conhecem de logística para e-commerce no país, Armando Marchesan Neto, que segue como presidente e acionista controlador junto com a Warburg Pincus e a gestora FRAM Capital.

Marchesan foi diretor de operações de um dos primeiros grandes sites de vendas do país, o Submarino, de 2002 a 2006. Depois, com a fusão com a Americanas.com, ele manteve o mesmo cargo na empresa resultante B2W até 2009. O outro fundador, Décio Alves, também egresso da B2W, continua como acionista minoritário, mas hoje é diretor do Enjoei.

A Sequoia destaca como diferencial dispor de nove sistemas operacionais proprietários que a tornam capaz de escalar rapidamente o negócio sem investimentos pesados, tomando proveito do boom de vendas pela internet com a pandemia. A empresa chega a cerca de 3.400 municípios, com um alcance que só perde para o dos Correios entre empresas exclusivamente dedicadas ao serviço.

Foram 30 milhões de entregas no ano passado, resultando em um crescimento médio anual das receitas brutas de 35% entre 2017 e 2019. No primeiro semestre de 2020, o ritmo de expansão se acelerou e passou a 61%: as receitas chegaram a 778 milhões de reais nos 12 meses até junho, com uma geração de caixa operacional de 77 milhões de reais no mesmo período. A lista de clientes inclui oito das dez maiores empresas de vendas online do país, incluindo gigantes como o Mercado Livre e a Via Varejo.

A plataforma própria de tecnologia também a permite, como consequência, ser uma operadora de logística com estrutura flexível — só 2% dos cerca de 9.700 veículos leves, utilitários e caminhões utilizados para entregas são de sua propriedade.

A empresa conta com cerca de 5.000 funcionários contratados, além de uma rede flexível de colaboradores — são, por exemplo, 5.600 motoristas terceirizados. É um quadro pessoal que contrasta com os cerca de 95.000 trabalhadores concursados dos Correios.

Janela fechou?

Se os argumentos foram considerados convincentes pelos investidores, é algo que provavelmente só será conhecido na segunda-feira no fim do dia, com o comunicado ao mercado e o preço definido para a estreia. Na semana, duas empresas que estavam na fila para abrir o capital tiveram desfechos distintos, levando incertezas ao mercado.

A Compass, a empresa de energia e gás da Cosan, desistiu de sua oferta na segunda, 28, alegando condições adversas do mercado — ela pretendia levantar 4,4 bilhões de reais. Um dia depois, a Boa Vista Serviços movimentou 2,2 bilhões de reais.

Fonte: Exame

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