Autoridade monetária, no entanto, diz que reunião do comitê marcada para o começo de maio não será prejudicada pela paralisação dos servidores
A ANBCB (Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil) afirma que as atividades preparatórias do Copom (Comitê de Política Monetária) de maio, cuja reunião será nos dias 3 e 4, já estão afetadas, sem a atualização de boletins e dados divulgados pela autoridade monetária, como o Relatório de Mercado Focus, o fluxo cambial e as estatísticas de crédito, fiscal e do setor externo de fevereiro.
Segundo o sindicato, o Sistema Expectativas de Mercado — que alimenta o Focus — e os Indicadores Econômicos Selecionados — como o movimento de câmbio contratado — “não serão atualizados para a próxima reunião do Copom”. O Focus está sem divulgação há três semanas, enquanto o fluxo cambial pode completar quatro nesta quarta-feira (20).
Na primeira semana da greve, o Banco Central havia dito que continuava coletando as informações e que a divulgação ocorreria após o fim da greve, mas que as apresentações de conjuntura para o Copom seriam mantidas durante o movimento. Após a declaração da ANBCB, a autarquia disse que a reunião do Copom não será prejudicada pela paralisação dos servidores.
O BC diz que os dados do Relatório Focus continuarão sendo acessados, em regime de contingência, e usados pelos integrantes do comitê. “A produção das apresentações de conjuntura para o Copom é atividade essencial e, portanto, será realizada durante a paralisação”, informou em nota.
Mas no comunicado da ANBCB, o sindicato disse que “o Copom não terá acesso a informações atuais da economia brasileira sobre as estatísticas do setor externo, monetárias e de crédito e fiscais” e que “os últimos dados sobre estas estatísticas e disponíveis para o Copom são de janeiro de 2022”. “Normalmente, o Copom de maio de 2022 teria a sua disposição informações oficiais sobre estas estatísticas até março de 2022 e informações preliminares de abril de 2022”.
Departamentos afetados
A associação tem publicado boletins diários sobre o efeito da paralisação nos departamentos do BC. Na segunda-feira (18), a ANBCB disse que 60% dos servidores do Departamento de Estatísticas (Dstat), ligado à Diretoria de Política Econômica, estão em greve — incluindo chefes de subunidade, coordenadores e assessores.
“Apesar de continuar coletando informações brutas para compilar as estatísticas econômico-financeiras, os processos de compilação de estatísticas dentro do Dstat foram significativamente afetados com a operação-padrão realizada pelos servidores do departamento e estão parados com a deflagração da greve”, afirmou a ANBCB.
Além do Focus, dos indicadores selecionados e das estatísticas de crédito, fiscal e de setor externo, o sindicato afirma que os dados de reservas internacionais, divulgados diariamente às 17h, não são atualizadas desde 29 de março no Sistema Gerenciador de Séries Temporais (SGS). Da mesma forma, as intervenções líquidas do BC em moeda estrangeira não são publicadas desde 18 de março, segundo a associação.
Os servidores em greve querem recomposição salarial de 26,3% (referente à inflação de 2019 a 2022) e reestruturação de carreira (o que os servidores dizem não ter impacto no orçamento).
Estadão Conteúdo