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Muito além do 5G: a Huawei quer entrar na rede elétrica

O evento era de uma empresa de telecomunicações, porém, só se falou de carro elétrico e transição energética. Na semana passada, a chinesa Huawei, mais conhecida por seus equipamentos para redes de telefonia celular, convidou alguns de seus parceiros para uma série de apresentações no auditório do Palácio Tangará, hotel de luxo localizado no bairro do Morumbi, em São Paulo.

A intenção era apresentar novos produtos da sua subsidiária Huawei Digital Power, focada em soluções para redes de energia. O primeiro a falar foi André Pepitone, presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “Estamos vivenciando uma grande transformação no setor elétrico”, sentenciou Pepitone. “Os consumidores, que antes apenas recebiam a energia da distribuidora, passarão a ter o papel de gestores do próprio fornecimento”.

O dirigente se refere a dois movimentos. Primeiro, à ampliação do chamado mercado livre, em que o comprador pode escolher o fornecedor da energia que consome – hoje restrito a grandes empresas, esse modelo deve ser estendido para pessoas físicas em alguns anos. Segundo, à descentralização da geração de energia proporcionada pela chamada geração distribuída, que compreende pequenos sistemas domésticos, como os painéis solares. É onde entra a Huawei.

A companhia chinesa se viu envolvida em polêmicas geopolíticas, nos últimos anos, em virtude da disputa ente Estados Unidos e China na construção das redes de quinta geração de telefonia móvel, o chamado 5G. Os americanos associam os produtos da empresa a uma suposta rede de espionagem estatal ligada ao Partido Comunista chinês. Se for esse o caso, o estrago já está feito, pois a Huawei é fornecedora de todas as operadoras de telecomunicações do Brasil.

Polêmicas à parte, a verdade é que a Huawei tem planos maiores do que a construção das redes 5G, inclusive no Brasil. Como explica Sun Baocheng, CEO da empresa no país, a rede de dados é a ferramenta que vai viabilizar uma transformação econômica nunca vista. A ela, se somam sistemas de armazenamento de dados em nuvem e de inteligência artificial. Juntas, essas tecnologias irão controlar toda sorte de máquinas, equipamentos eletrônicos, infraestruturas urbanas e sistemas de geração distribuída.  “O bit vai gerenciar o watt”, resume Baocheng.

Para ele, o Brasil passa por duas grandes emergências econômicas: acelerar a transformação digital e neutralizar as emissões de carbono. A segunda é dependente da primeira. O leilão de frequências para a operação do 5G, realizado no início de novembro, foi o primeiro passo dessa caminhada, que segue agora com a implementação de sistemas de inteligência responsáveis por gerir essa complexa rede de dados e eletricidade. A Huawei fornece a rede e a inteligência.

Subsidiária de energia

No setor elétrico, a companhia atua por meio da subsidiária Huawei Digital Power. Seus produtos permitem que uma geradora de energia limpa, por exemplo, faça a gestão da sua fazenda solar. Também são usadas por empresas que consomem grandes quantidades de eletricidade, em especial nos data centers. Segundo Baocheng, a digitalização da economia pode reduzir as emissões globais de carbono em 15% até 2030.

Para o próximo ano, uma grande aposta está nos sistemas de armazenamento de energia por baterias. “No futuro, a geração, transmissão, distribuição, consumo e armazenamento de energia serão construídos com base em tecnologias digitais”, afirma Humberto Cravo Neto, vice-presidente da Huawei Digital Power no Brasil. André Pepitone, presidente da Aneel, ressaltou essa tendência e acrescentou que um desafio para 2022 é aprovar as regulações para permitir a construção de grandes sistemas de bateria, fundamentais para compensar a intermitência das fontes de energias limpas.

Há também que se considerar a construção da infraestrutura para o carro elétrico. A Huawei fornece equipamentos para postos de recargas e participa ativamente desse processo na Europa. Mas, no Brasil, o CEO ainda não enxerga essa possibilidade no curto prazo, embora considere inevitável a chegada dessa tecnologia ao país.

Matriz renovável

O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo, com 48% da energia proveniente de fontes limpas — a média mundial está em 14%. Nos últimos três anos, anos houve um aumento de 200% na geração de energia solar centralizada (grandes usinas solares), e de 2.000% em energia solar distribuída (painéis em telhados). Apenas os painéis solares residenciais geram uma energia equivalente a meia usina de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo.

O país também possui mais de 700 usinas eólicas instaladas. Hoje, a energia proveniente dos ventos é responsável por 11% da matriz energética brasileira.

Se depender da Huawei e de Baocheng, esses números vão aumentar. “Somos líderes em tecnologias de telecomunicações, base da transformação digital. Também temos expertise no desenvolvimento de dispositivos inteligentes para o setor elétrico”, afirma o CEO. “Participamos da construção das redes 2G, 3G e 4G no Brasil. Estaremos no 5G e na transformação digital do setor elétrico”. As polêmicas, que fiquem para os políticos.

Fonte: Exame

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