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Por que o IPCA de dezembro reforça a expectativa por juro mais alto

O ano começa com más notícias no front da inflação: a divulgação do IPCA de dezembro trouxe um resultado acima das projeções de mercado e com um quadro de aumento de preços mais disseminado entre setores e produtos.

A taxa ficou em 0,73% no último mês de 2021, acima das expectativas que apontavam para algo perto de 0,65%. No acumulado do ano, o IPCA ficou em 10,06%.

O chamado índice de difusão do IPCA passou de 63% em novembro para 75% em dezembro, o que significa que 75% dos itens medidos pelo IPCA sofreram aumento de preço entre os meses de novembro e dezembro, apontou o BTG Pactual digital. Foi o maior percentual em mais de cinco anos.

A consequência é que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve manter o discurso e a condução hawkish (mais rigoroso) na próxima reunião para definir a Selic, no início de fevereiro. A sinalização do próprio Copom em sua última reunião é a de que a taxa terá uma elevação de 1,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano.

Veja abaixo 5 análises de especialistas sobre o resultado:

André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos:

“O IPCA de dezembro veio acima das estimativas medianas do mercado. O resultado foi puxado por vestuário e anulou eventuais melhoras na dinâmica do grupo transportes. Isso força a perspectiva de alta de 150 pontos (base) na Selic na reunião de fevereiro e indica uma atitude mais hawkish ao longo do período de ajuste. Mantemos por ora a Selic em 11,50% ao final do ciclo.”

Alberto Ramos, diretor de Pesquisas Econômicas para a América Latina do Goldman Sachs:

“A inflação está agora não apenas muito elevada mas também altamente disseminada; com a taxa em 12 meses projetada para permanecer acima de 9% até junho. Contra esse pano de fundo, há um risco crescente de que os mecanismos de indexação de preços e salários (com a redefinição de contratos salariais incorporando ajustes de custo de vida) mantenham a inflação crescente de forma inercial.”

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos:

“O IPCA de dezembro surpreendeu. Esperávamos uma variação de 0,67%, um pouco mais alto que a mediana do mercado (0,64%). Nossas surpresas foram concentradas. Alimentação fora do domicílio contribuiu com 3 basis points (bps) na surpresa, enquanto o grupo ‘vestuário’ fechou a conta para os 6 bps de desvio no headline.”

“A dinâmica dos núcleos veio relativamente em linha com o esperado, com o acumulado em 12 meses atingindo o patamar de 7,4%. Para janeiro seguimos, por enquanto, sem viés para o nosso número de 0,54%. Evidente que alguns ajustes serão feitos, o que pode alterar a projeção, mas sem sobressaltos, avalio preliminarmente.”

Felipe Sichel, estrategista-chefe do Modalmais:

“De modo geral, enxergamos uma composição desfavorável do IPCA, advinda principalmente de pressões em bens industriais, mas também de repasses nos serviços a partir da reabertura econômica e do aumento nos preços dos alimentos. Estes pontos de atenção não devem ceder nos próximos meses, fundamentando nossa visão de que o BC priorizará o controle inflacionário em detrimento da atividade econômica.”

“No entanto, deveremos observar dinâmica favorável nos itens administrados, com alívio no preço dos combustíveis e potencial antecipação na queda nas tarifas de energia, em razão das maiores chuvas.”

“Dada a permanência de pressões subjacentes no IPCA, entendemos que este resultado reforça nossa perspectiva de elevação de 150 basis points na Selic em fevereiro.”

Marcelo Fonseca, economista-chefe do Opportunity Total:

“A divulgação do IPCA para o mês de dezembro reforça um cenário extremamente desafiador para a inflação.”

“Além do nível elevado, continuamos assistindo a um processo de disseminação das pressões inflacionárias, particularmente forte nos preços dos bens industriais (1,41%). Como resultado, os núcleos de inflação registraram novas altas, com a média das medidas de núcleo atingindo 0,97% (7,37% em 12 meses).”

“O resultado de hoje sugere que o Banco Central ainda tem um trabalho enorme à frente para garantir a convergência da inflação de volta às metas. Acreditamos que o BC deverá elevar a taxa Selic novamente em 1,25 ponto percentual na reunião do mês de fevereiro, encerrando o ano por volta de 12%. Não vislumbramos cortes de juros em 2022.”

Fonte: Exame

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