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Radioatividade em Chernobyl é anormal, diz agência em visita à Ucrânia

O diretor da Agência Internacional de Energia Nuclear iniciou hoje uma visita à Ucrânia, no mesmo dia em que o acidente em Chernobyl completa 36 anos

O nível de radioatividade na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, é “anormal” e subiu depois que as tropas russas ocuparam a área. A declaração foi feita nesta terça-feira, 26, pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi.

Grossi iniciou hoje uma visita de dois dias à Ucrânia, em meio aos temores de que a guerra em regiões próximas a usinas ucranianas possa gerar novos acidentes nucleares.

“Sobre o nível de radioatividade, eu diria que é anormal. Houve momentos em que os níveis subiram, devido à movimentação de equipamento pesado que as forças russas trouxeram para cá e quando saíram. Temos feito monitoramento diário”, declarou Grossi.

O diretor-geral também condenou a ocupação por parte das forças russas por várias semanas da usina, como “muito, muito perigosa”.

“A situação foi absolutamente anormal e muito, muito perigosa”, disse o chefe desta agência da ONU a repórteres durante sua visita a Chernobyl.

A visita neste 26 de abril acontece exatamente 36 anos após a pior catástrofe nuclear da história, quando um reator foi danificado na usina de Chernobyl.

Como a AIEA já havia informado na última semana, Grossi está acompanhado no local por um grupo de especialistas “para entregar equipamentos vitais”, como dosímetros e roupas de proteção, e fazer “controles radiológicos e outros”.

Esses especialistas devem “reparar os sistemas de vigilância remota, que pararam de transmitir dados para a sede” da AIEA, em Viena (Áustria), logo após o início da guerra.

Por que Chernobyl retornou ao controle da Ucrânia

Localizada a 150 quilômetros ao norte de Kiev, a central de Chernobyl caiu nas mãos dos russos em 24 de fevereiro passado, ainda no primeiro dia da guerra, e sofreu um corte de energia e das redes de comunicação.

Havia também preocupação internacional com o rodízio de funcionários no local, que trabalharam por semanas seguidas, sem descanso, aumentando o potencial de acidentes – situação que hoje já foi equacionada.

Os russos terminariam abandonando Chernobyl e as cidades nos arredores em 31 de março. O movimento ocorreu em meio ao recuo das tropas russas no norte da Ucrânia e foco no leste do país e em regiões do sul.

Desde então, a situação voltou gradualmente ao normal, de acordo com relatórios diários da AIEA com base em informações do órgão regulador nuclear ucraniano.

Rafael Grossi já havia viajado à Ucrânia no final de março para lançar as bases de um acordo de assistência técnica. Na ocasião, visitou a usina de energia de Yuzhno-Ukrainsk, no sul, antes de se encontrar com autoridades russas em Kaliningrado, às margens do Báltico.

A Ucrânia possui 15 reatores em quatro usinas operacionais, além de depósitos de resíduos como o da usina de Chernobyl.

Além de Chernobyl, os russos também conquistaram a região da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. O local chegou a ter um incêndio registrado em março diante dos embates pelo controle da região, mas não houve danos a reatores.

A planta está agora sob controle da Rússia, e a imprensa russa afirmou que a instalação passou a pertencer à estatal Rosatom.

Risco nuclear na guerra

Durante o ataque a Zaporizhzhia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de atacar deliberadamente alvos nucleares. A Rússia nega e afirma que o incêndio, na ocasião, teria sido causado pelos próprios ucranianos.

Com as negociações para um cessar-fogo sem avanço, a União Europeia (UE) alertou hoje sobre a possibilidade de um novo desastre nuclear na Ucrânia. O bloco pediu a Moscou que se abstenha de lançar ataques contra instalações nucleares.

“A agressão ilegal e injustificada da Rússia na Ucrânia mais uma vez põe em risco a segurança nuclear em nosso continente”, alertaram o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, e o comissário europeu de Energia, Kadri Simson, em um comunicado conjunto.

As duas autoridades europeias acusam as forças russas de terem “danificado de forma imprudente as instalações” nucleares atingidas.

De acordo com Borrell e Simson, a interrupção das operações normais, “incluindo o rodízio de pessoal, compromete a operação segura das usinas nucleares na Ucrânia e aumenta significativamente o risco de acidentes”.

“No aniversário do acidente de Chernobyl, de 1986, reiteramos nossa maior preocupação com os riscos à segurança nuclear causados pelas recentes ações russas no local de Chernobyl”, ressaltaram.

O que aconteceu em Chernobyl

Há 36 anos, o acidente inicial com o reator 4 em Chernobyl ocorria na madrugada de 26 de abril de 1986, durante testes de segurança. O acidente contaminou grande parte da Europa, mas especialmente Ucrânia, Rússia e Belarus.

Conhecida como zona de exclusão, o território em um raio de 30 quilômetros ao redor da usina ainda está fortemente contaminado e é proibido firmar residência nesta área.

Até hoje, historiadores apontam o acidente de Chernobyl como um dos fatores que acentuaram o descontentamento de parte da população das repúblicas soviéticas com o poder central em Moscou.

Uma das grandes críticas foi a demora das autoridades para reportar o acidente, na tentativa de escondê-lo.

Após os primeiros indícios do vazamento em Chernobyl, o então líder soviético Mikhail Gorbachev só se pronunciou oficialmente em 14 de maio.

Dentre os afetados pelo desastre, os governos dos então territórios da União Soviética (como Ucrânia, Rússia e Belarus) registraram cerca de 600 mil pessoas na categoria chamada de “liquidantes”. São profissionais como bombeiros, médicos e faxineiros que foram enviados à região logo após o acidente para limpar os resíduos e conter o fogo.

Esse grupo passou a receber auxílios e benefícios diante do dano potencial. A taxa de mortalidade entre os liquidantes, e a presença de doenças como câncer, foi maior do que no restante da população.

Fonte: Exame

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