A Virgin Atlantic Airways, do bilionário Richard Branson, entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos na terça-feira. O empresário informou à Justiça de Londres que ficará sem dinheiro no próximo mês, caso um acordo com credores não seja aprovado.
A companhia aérea britânica apresentou sua petição ao Distrito Sul de Nova York. Em vez de o pedido citar o usual capitulo 11 para a recuperação judicial, o empresário se valeu do capítulo 15, que permite a empresas estrangeiras com ativos nos EUA e não listadas nas Bolsas do país se protegerem de credores enquanto trabalham em um plano de recuperação em sua terra natal.
A empresa havia dito durante um processo no Reino Unido que planejava solicitar a proteção nos EUA enquanto finaliza um plano de ajuda financeira que já é apoiado pela maioria das partes interessadas.
A Virgin está tentando garantir um socorro de 1,2 bilhão de libras (US$ 1,6 bilhão), anunciado em julho.
– O processo que pedimos para ser reconhecido é uma reestruturação solvente de uma empresa inglesa – disse um porta-voz da Virgin sobre o pedido do capítulo 15. O processo no Reino Unido continua com o apoio da maioria de seus credores, informou a empresa.
As companhias aéreas estão sob pressão à medida que as pessoas evitam voos para evitar a exposição ao coronavírus.
Três das maiores companhias aéreas da América Latina – Latam Airlines, Avianca Holdings e Grupo Aeromexico – estão se reorganizando no tribunal de falências de Nova York.
Vendas em queda
Pelo menos quatro companhias aéreas regionais dos EUA entraram em colapso, e a receita de operadoras com vastas redes internacionais poderá ver as vendas caírem 66% este ano, de acordo com um relatório da Bloomberg Intelligence.
Desde 1º de janeiro, as reservas da Virgin caíram 89% em relação ao ano anterior, e a demanda para o segundo semestre de 2020 despencou para apenas 25% dos níveis de 2019, de acordo com documentos judiciais.
“O grupo e seus negócios foram afetados negativamente pela pandemia de Covid-19, que causou uma paralisação quase sem precedentes na indústria global de aviação de passageiros”, segundo os documentos do tribunal. “A aviação foi uma das primeiras indústrias a serem afetadas pela pandemia de Covid-19 e provavelmente será uma das últimas a se recuperar totalmente”.
O plano de reestruturação da Virgin no Reino Unido depende da aprovação de seu pedido do capítulo 15 nos EUA, disse a empresa em seu processo judicial. Sem o plano, há incerteza se a Virgin pode obter apoio credor suficiente para implementar sua reestruturação a tempo de evitar entrar em um processo formal de insolvência, segundo o documento.
A Delta Airlines possui uma participação acionária de 49% na Virgin Atlantic, controladora da companhia aérea. “A Delta continua apoiando firmemente sua parceira Virgin Atlantic enquanto a companhia aérea prossegue com o plano de recapitalização totalmente financiado que anunciou em julho”, afirmou a Delta em comunicado.
Fonte: O Globo