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Brasil de novo em recessão

Pandemia provoca tombo histórico de 9,7% do PIB no 2º trimestre e economia regride ao patamar de 2009. Veja Raio X do impacto em cada setor e entenda porque o ritmo de recuperação ainda é incerto.

Tombo recorde

A economia brasileira desabou 9,7% no 2º trimestre, na comparação com os 3 meses anteriores. Com o resultado, o país entrou oficialmente em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de recuo do nível de atividade. No 1º trimestre, o PIB já havia encolhido 2,5%, segundo números revisados pelo IBGE.

Trata-se da queda mais intensa desde que o IBGE iniciou os cálculos do PIB trimestral, em 1996. Até então, o maior tombo tinha ocorrido no 4º trimestre de 2008 (-3,8%). Com os impactos da pandemia, a economia brasileira regrediu ao patamar que se encontrava no final de 2009. Ou seja, deu uma marcha à ré para o nível de 11 anos atrás.

Pior recessão em 40 anos

Com a queda recorde, a retração do PIB em 2020 já supera a perda acumulada em qualquer uma das outras 9 recessões que o Brasil passou desde os anos 80, segundo série histórica do Ibre/FGV. Na recente crise de 2014-2016, o tombo foi de 8% no acumulado em 11 trimestres.

A nova recessão é diferente de todas as anteriores, uma vez que foi detonada por uma crise sanitária global, que exigiu medidas de isolamento social para a contenção da pandemia de Covid-19. Embora seja uma crise mundial, aqui ela chegou com o agravante de ter afundado a economia antes mesmo de o Brasil ter se recuperado das perdas da recessão anterior, de 2014-2016.

Raio X do PIB

O PIB do 2º trimestre foi marcado por retração recorde na indústria, serviços e no consumo das famílias. A avaliação, porém, é que o pior da crise já ficou para trás e que o fundo do poço foi entre os meses de abril e maio.

Principais setores

Pela ótica da produção, o setor de serviços desabou 9,7%, enquanto a indústria teve queda de 12,3%. Já o agronegócio passou praticamente incólume pela pandemia e teve alta de 0,4%, contribuindo para amenizar a intensidade do tombo no 2º trimestre.

A contração do setor de serviços, que possui o maior peso no PIB, foi pressionada pela interrupção ou redução de atividades como comércio, transportes e, especialmente, por outros serviços – categoria que engloba alojamento, alimentação, serviços domésticos e atividades artísticas.

No setor industrial, a indústria de transformação desabou 17,5%, enquanto a extrativa teve queda de 1,1%. Já a construção civil teve retração de 5,7%.

Ótica da demanda

O consumo das famílias, que tem sido o principal motor do PIB nos últimos anos, encolheu 12,5%, enquanto os investimentos desabaram 15,4% em meio à incerteza sobre o futuro trazida pelo coronavírus. Já o consumo do governo recuou 8,8%. “O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia”, destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Roque Palis.

No setor externo, as importações de bens e serviços caíram 13,2%, ao passo que as exportações tiveram alta de 1,8%, sustentadas por commodities, produtos alimentícios e petróleo.

Mais e menos afetados

As atividades mais prejudicadas foram as direcionadas às famílias e que demandam maior mobilidade e contato físico, como as relacionadas a serviços, lazer, eventos e turismo, cuja demanda continua sendo afetada por restrições sanitárias ou medo de contaminação.

Já entre os que menos sentiram o impacto da crise, além do agronegócio, estão as atividades relacionadas a itens essenciais como alimentos e artigos farmacêuticos. Destaque também para as vendas de eletrodomésticos, que retomaram em junho o patamar pré-pandemia, e para os serviços de tecnologia da informação.

Auxílio ameniza choque

Apesar do ‘baque’ no consumo, o Auxílio Emergencial foi determinante para evitar uma retração ainda mais drástica do PIB ao garantir uma renda de pelo menos R$ 600 para mais de 67 milhões de brasileiros, socorrendo quase a metade dos lares do país. Os gastos governamentais autorizados para o amenizar os impactos da pandemia já somam mais de R$ 510 bilhões, superando o volume desembolsado por outros países emergentes e até mesmo desenvolvidos.

Comparativo com outros países

O tombo do PIB do Brasil no 2º trimestre, ainda que recorde, foi menor do que o observado nas principais economias da zona do euro e em outros países da América Latina como México, Colômbia, Chile e Peru. O desempenho do PIB do Brasil ficou em 22º em ranking com 48 países.

Projeções para o ano

O ministro da Economia, Paulo Gudes, afirmou que o tombo da economia no 2º trimestre é o “som de um passado distante”. A avaliação dos analistas é de que o PIB deverá, de fato, voltar a crescer no 3º trimestre, recuperando parte das perdas da primeira metade do ano; Mas ainda há muitas dúvidas sobre o comportamento da economia no 4º trimestre.

A estimativa atual do mercado é de um tombo de 5,28% da economia brasileira em 2020, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. Mesmo com a melhora das previsões nas últimas semanas, ainda deverá ser de longe o pior desempenho anual já registrado pelo IBGE.

Incertezas pela frente

Mesmo com a reação já observada em setores como comércio e indústria, analistas alertam para o risco de perda de fôlego da economia na reta final do ano diante da perspectiva de enxugamento das medidas de estímulo e discussões sobre o Orçamento de 2021 e o teto de gastos. Nesta terça-feira (1), o governo anunciou a prorrogação do Auxílio Emergencial por mais 4 meses, no valor de R$ 300.

Há uma tendência também de aumento do desemprego, uma vez que muitos dos que deixaram de trabalhar ou de procurar emprego na pandemia precisarão buscar renda num mercado de trabalho ainda abalado pela baixa confiança dos empresários em voltar a investir.

Segundo o IBGE, o país perdeu 8,9 milhões de postos de trabalho no 2º trimestre. Mesmo com a reação observada em julho, somente entre os trabalhadores com carteira assinada mais de 1 milhão perderam o emprego no acumulado no ano.

Recuperação lenta

Os economistas citam ainda incertezas sobre a dinâmica da pandemia no país e o risco de novos surtos de Covid-19, além de preocupações sobre o rumo das contas públicas e o ritmo de andamento de reformas como a administrativa e tributária.

Diante das incertezas de ordem econômica, política e sanitária, a projeção é que o PIB do Brasil só deverá recuperar o patamar pré-pandemia no 2º semestre de 2022. Já as perdas acumuladas desde a última recessão de 2014-2016 só deverão ser totalmente eliminadas a partir de 2024, segundo os cenários mais otimistas.

Fonte: G1

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