Cerca de 1.130 transações de M&A foram registradas no Brasil em janeiro-junho deste ano por um valor total de R$ 158 bilhões (US$ 29,2 bilhões), de acordo com os dados mais recentes compilados pelo Transactional Track Record (TTR).
O número de negócios, incluindo private equity, venture capital e aquisições de ativos, aumentou 2% em relação ao ano anterior, mas o valor reportado caiu 44,3%, confirmando o menor interesse dos investidores visto nos últimos meses, principalmente entre os investidores internacionais.
Em private equity, a TTR informou que 44 transações brasileiras foram concluídas no primeiro semestre do ano, uma queda de 38% em relação ao ano anterior, para um valor divulgado de 10,8 bilhões de reais.
O cenário foi semelhante no México e no Chile, entre outros países da região, que também registraram queda nos volumes e valores de negócios nos últimos meses.
No caso do México, o valor dos negócios monitorados em janeiro-junho caiu 32,3%, enquanto no Chile a queda foi de 22,9%, segundo a TTR. O Chile também registrou 20,8% menos transações no período.
O setor de internet, software e serviços de TI continuou sendo o mais movimentado, com um total de 217 transações registradas no Brasil até o final de junho. No entanto, essa foi uma queda de 40% em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com o TTR.
Com os investidores mais avessos ao risco, as empresas estão revendo seus planos.
Assim como outros players do setor, a Desktop, um dos maiores provedores de serviços de internet (ISP) do Brasil, acredita que a janela se fechou para uma oferta de ações subsequente, depois de ter levantado mais de 715 milhões de reais em um IPO em julho do ano passado .
Apesar disso, o ISP mantém sua estratégia de aquisições e acredita que a retração representa uma “acomodação” do mercado.
No entanto, os tempos são um pouco mais difíceis para as startups.
De acordo com o relatório Inside Venture Capital da plataforma de inovação Distrito, em parceria com o Bexs Bank, as empresas brasileiras de tecnologia em estágio inicial levantaram US$ 2,92 bilhões em 327 transações no primeiro semestre do ano, abaixo dos US$ 5,26 bilhões e 416 negócios no mesmo período de 2021.
A queda foi mais pronunciada no segundo trimestre, tanto em volume quanto em valor, segundo o relatório.
Somente no mês de junho, US$ 343 milhões foram captados por startups brasileiras em 45 rodadas de investimentos, em comparação com um recorde de US$ 2,14 bilhões em 76 rodadas em 2021, segundo o estudo da Distrito.
CVC
Mas enquanto as startups veem os investidores como menos dispostos a desembolsar seu dinheiro, principalmente os estrangeiros, mais empresas brasileiras apostam na criação de veículos para investir nelas.
Um estudo preliminar da associação brasileira de private equity e venture capital (Abvcap) mostra que 13 empresas listadas no Ibovespa criaram fundos de CVC – corporate venture capital (fundos de capital de risco corporativo, em português) no primeiro semestre de 2022, em comparação com apenas oito criadas no ano de 2021 .
Entre elas estão empresas como a Telefônica Brasil, que em abril anunciou a criação da Vivo Ventures, com R$ 320 milhões destinados a investimentos em startups, e a gigante da mineração Vale, que em junho anunciou um fundo CVC de US$ 100 milhões destinado a startups, tanto no Brasil quanto no exterior .
A gigante de celulose Suzano também estava ativa, com seu braço CVC anunciando US$ 70 milhões para investimentos, principalmente em tecnologias verdes.
Embora os investimentos desses novos fundos brasileiros de CVC ainda não se concretizem, o contraste com o CVC internacional é notável.
A TTR registrou 375 rodadas de investimento de VC nos primeiros seis meses do ano no Brasil, um aumento de 15% no número de negócios, movimentando 17 bilhões de reais em capital.
No entanto, as transações envolvendo fundos de private equity e VC estrangeiros em empresas brasileiras caíram 23% no mesmo período.
