Dado precisa ser analisa com cautela: queda na taxa de desocupação nesse trimestre pode caracterizar também um padrão sazonal
A taxa de desemprego apresentou um declínio estatisticamente significativo em oito das 27 unidades federativas do Brasil durante a transição do primeiro para o segundo trimestre de 2023. Essas descobertas derivam dos dados liberados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira, 15, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
A análise revela uma tendência de diminuição da taxa de desemprego em todas as regiões do país no período mencionado. Contudo, somente em oito delas essa redução pode ser considerada estatisticamente relevante. A redução na taxa de desocupação nesse trimestre também pode ser associada a um padrão sazonal. Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, destacou que após o crescimento observado no primeiro trimestre, em parte impulsionado pela busca por emprego por parte dos dispensados no início do ano, no segundo trimestre essa procura tende a diminuir, como indicado em comunicado oficial.
De maneira geral, a taxa de desemprego no âmbito nacional diminuiu de 8,8% no primeiro trimestre de 2023 para 8,0% no segundo trimestre do mesmo ano. Em São Paulo, a taxa de desemprego reduziu de 8,5% para 7,8% nesse intervalo de tempo. No segundo trimestre, os estados com as taxas de desocupação mais elevadas foram Pernambuco (14,2%), Bahia (13,4%) e Amapá (12,4%).
Por outro lado, os resultados mais favoráveis foram observados em Rondônia (2,4%), Mato Grosso (3,0%) e Santa Catarina (3,5%).
Taxa de desocupação, por UF, frente ao trimestre anterior (%) -2° trimestre de 2023
UF | 1T 2023 | 2T 2023 | situação |
---|---|---|---|
Pernambuco | 14,1 | 14,2 | ⇥ |
Bahia | 14,4 | 13,4 | ⇥ |
Amapá | 12,2 | 12,4 | ⇥ |
Rio de Janeiro | 11,6 | 11,3 | ⇥ |
Paraíba | 11,1 | 10,4 | ⇥ |
Sergipe | 11,9 | 10,3 | ⇥ |
Amazonas | 10,5 | 9,7 | ⇥ |
Piauí | 11,1 | 9,7 | ⇥ |
Alagoas | 10,6 | 9,7 | ⇥ |
Acre | 9,8 | 9,3 | ⇥ |
Tocantins | 6,9 | 6,5 | ⇥ |
Espírito Santo | 7,0 | 6,4 | ⇥ |
Goiás | 6,7 | 6,2 | ⇥ |
Rio Grande do Sul | 5,4 | 5,3 | ⇥ |
Roraima | 6,8 | 5,1 | ⇥ |
Paraná | 5,4 | 4,9 | ⇥ |
Mato Grosso do Sul | 4,8 | 4,1 | ⇥ |
Santa Catarina | 3,8 | 3,5 | ⇥ |
Rondônia | 3,2 | 2,4 | ⇥ |
São Paulo | 8,5 | 7,8 | ↓ |
Brasil | 8,8 | 8,0 | ↓ |
Ceará | 9,6 | 8,6 | ↓ |
Minas Gerais | 6,8 | 5,8 | ↓ |
Maranhão | 9,9 | 8,8 | ↓ |
Pará | 9,8 | 8,6 | ↓ |
Mato Grosso | 4,5 | 3,0 | ↓ |
Rio Grande do Norte | 12,1 | 10,2 | ↓ |
Distrito Federal | 12,0 | 8,7 | ↓ |
Trabalhadores por conta própria
Segundo o IBGE, o percentual da população ocupada do país trabalhando por conta própria foi de 25,5%.
Os maiores percentuais foram de Rondônia (37,8%), Amazonas (32,3%) e Amapá (31,7%) e os menores, do Distrito Federal (19,9%), Tocantins (20,7%) e Goiás (21,7%):
Percentual de pessoas ocupadas como conta própria, por UF (%) – 2° trimestre 2023
UF | Valor |
---|---|
Distrito Federal | 19,9 |
Tocantins | 20,7 |
Goiás | 21,7 |
Mato Grosso do Sul | 22,6 |
São Paulo | 23,4 |
Paraná | 23,5 |
Mato Grosso | 23,7 |
Minas Gerais | 24,2 |
Santa Catarina | 24,3 |
Espírito Santo | 24,4 |
Sergipe | 24,9 |
Alagoas | 25,2 |
Rio Grande do Sul | 25,2 |
Brasil | 25,5 |
Roraima | 25,8 |
Rio de Janeiro | 26,2 |
Rio Grande do Norte | 26,8 |
Piauí | 27,5 |
Ceará | 28,4 |
Bahia | 28,5 |
Paraíba | 29,3 |
Acre | 29,4 |
Pará | 29,5 |
Maranhão | 30,9 |
Pernambuco | 31,2 |
Amapá | 31,7 |
Amazonas | 32,3 |
Rondônia | 37,8 |
Trabalhadores com carteira assinada
No 2º trimestre de 2023, 73,3 % dos empregados do setor privado do país tinham carteira de trabalho assinada.
As regiões Nordeste (59,1%) e Norte (58,4%) apresentaram as menores taxas. Entre os trabalhadores domésticos, 25,5% tinham carteira de trabalho assinada no país. No mesmo trimestre do ano passado, essa proporção havia sido de 25,1%.
Nos estados, os maiores percentuais de empregados com carteira assinada no setor privado estavam em Santa Catarina (88,1%), Rio Grande do Sul (82,3%) e Paraná (81,3%) e os menores, no Maranhão (49,3%), Pará (51,5%) e Tocantins (53,5%).
Percentual de empregados com carteira entre os empregados do setor privado, por UFs (%) – 2º trimestre 2023
UF | Valor |
---|---|
Maranhão | 49,3 |
Pará | 51,5 |
Tocantins | 53,5 |
Piauí | 53,5 |
Ceará | 57,4 |
Bahia | 58,0 |
Sergipe | 58,2 |
Paraíba | 59,4 |
Alagoas | 60,3 |
Roraima | 61,6 |
Amazonas | 64,3 |
Rio Grande do Norte | 64,4 |
Pernambuco | 68,1 |
Amapá | 68,3 |
Acre | 68,5 |
Goiás | 71,1 |
Brasil | 73,7 |
Espírito Santo | 74,0 |
Minas Gerais | 75,7 |
Rio de Janeiro | 75,8 |
Mato Grosso do Sul | 76,4 |
Distrito Federal | 76,7 |
Rondônia | 77,5 |
Mato Grosso | 77,8 |
São Paulo | 80,0 |
Paraná | 81,3 |
Rio Grande do Sul | 82,3 |
Santa Catarina | 88,1 |
Desocupação segue em queda
De acordo com o IBGE, no período, os contingentes da maioria das faixas de tempo de procura por trabalho continuaram a mostrar reduções percentuais.
No segundo trimestre de 2023, havia 2,04 milhões de pessoas desocupadas que estavam procurando trabalho por dois anos ou mais.
Esse contingente caiu 31,7% frente ao segundo trimestre de 2022, quando havia 2,985 milhões de pessoas nessa faixa — uma redução de 945 mil pessoas nesta faixa de tempo.
Se a comparação mais recente é positiva, na relação ao primeiro ano da série histórica, no segundo trimestre de 2012, o total de pessoas buscando trabalho por dois anos ou mais cresceu 34,2%.
Fonte: Exame