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“Mulheres são menos vistas por suas habilidades técnicas”, diz diretora de RH da Meta

“Por que perguntar a uma mulher, na entrevista de emprego, o que ela vai fazer quando engravidar ou com quem vai deixar as crianças?” A provocação é de Mafoane Odara, executiva de recursos humanos da Meta para a América Latina, durante live da série RH 4.0 do “Carreira em Destaque”, mediada pela editora de Carreira do ValorStela Campos. “É preciso eliminar vieses inconscientes sobre a capacidade de trabalho das profissionais, desde a entrada nas empresas”, disse Odara, mãe de dois filhos, de cinco e oito anos.

De acordo com a executiva – psicóloga, colunista da revista “Marie Claire”, consultora, pesquisadora e ativista reconhecida no mundo corporativo por suas ideias sobre diversidade, equidade e inclusão -, as barreiras criadas para a participação de mulheres em cadeiras de liderança devem ser observadas e eliminadas a partir do recrutamento e durante toda a jornada de ascensão profissional. “As pessoas precisam ser reconhecidas pelo que têm de competências, não pela falta delas.”

Para Mafoane Odara, executiva de RH da Meta, é preciso identificar as microagressões que impedem a ascensão feminina — Foto: Leo Pinheiro/Valor

Meta, dona do Facebook e de aplicativos como Instagram e WhatsApp, tem cerca de 83 mil funcionários em todo o mundo. A ocupação de cargos de chefia entre mulheres chega a 37% do total e o objetivo, até 2025, é ter 50% de executivas em todos os níveis de comando. Para isso, investe na criação de um ambiente de trabalho receptivo e em políticas que inibam a desigualdade nos times. “Não adianta contratar mais mulheres se as organizações não criam um ambiente em que todos possamos errar e acertar”, afirmou. “Se não houver um clima adequado, não adianta, elas vão embora.”

Odara destacou que, geralmente, as executivas – assim como outros grupos, como LGBTQIA+, negros e pessoas com deficiência – são muito mais avaliadas pelo seu estilo [de trabalho] do que pelas habilidades técnicas. “As pessoas dizem: ‘as mulheres falam demais’, ‘falam de menos’, ‘se posicionam demais’, ‘se posicionam de menos’.”

Para a especialista, na Meta há um ano e oito meses, é da liderança o papel de atuar no avanço dos currículos femininos nos organogramas. “Quanto maior a representatividade no quadro, mais importante a mulher vai se sentir [nas tomadas de decisão]”. A fim de criar relações mais saudáveis entre as equipes e orientar os gestores, é necessário organizar treinamentos, práticas e rodas de conversas, sugeriu.

“Deve-se, ainda, identificar as microagressões que acontecem no dia a dia e vão sendo naturalizadas”, disse. “Como o ‘silenciamento’ das mulheres nas reuniões, saber quem são as pessoas que lideram os projetos mais importantes na empresa e qual o tempo de crescimento profissional dado a homens e mulheres.”

Odara disse que um dos temas debatidos nas rodas de conversas da Meta é a chamada “síndrome da impostora”, padrão psicológico em que as profissionais duvidam de habilidades e realizações, criando o receio de serem expostas, a qualquer momento, como “impostoras”.

De acordo com pesquisa global da consultoria KPMG, 75% das executivas em cargos de liderança já sofreram com o “fenômeno”, como Odara prefere chamar o problema. No estudo “A falsa farsa”, realizado no ano passado pelo canal “Discovery Channel” com 1250 mil mulheres no Brasil, 58% disseram lembrar mais dos fracassos do que das vitórias na carreira.

A Meta tem investido em treinamentos específicos para a média liderança, com a intenção de acelerar transformações nas rotinas de trabalho. “Liderança é diferente de chefia”, afirmou. “Gerir funcionários é uma habilidade do futuro e estamos vendo, cada vez mais, as empresas no caminho do ‘people centric’ [gestão centrada nas pessoas, do inglês]”. A trilha de formação na companhia cobre pelo menos dez comportamentos esperados dos líderes, como a busca de feedbacks e a construção de uma cultura que valoriza as diferenças culturais nos times. “O feedback tem que ser considerado como um presente. É uma possibilidade do profissional se desenvolver”. Por isso, treinamos as pessoas a construírem boas análises, para mostrar como os pares deverão agir no futuro, sempre com um olhar para a frente, explicou.

O cuidado com a saúde mental também não pode mais sair da agenda das corporações, alertou Odara. A gestão do capital humano está mudando sua centralidade para esse tema, disse. “Muitos acham que episódios de burnout são relacionados apenas ao excesso de atividades, mas estão ligados à falta de autonomia no trabalho”, explicou. “Uma das armadilhas da modernidade é a tentativa de controle. Ao lado de salários, benefícios e oportunidades de crescimento, a cultura organizacional que oferece flexibilidade diminui o estresse entre as pessoas.”

Fonte: Valor

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